Jornal Mensal em idioma gírio – Edição 051 – Ano VIII – Niterói RJ – Janeiro/Fevereiro de 2008

Grupo faz sugestões em prol da diversidade lingüística

Publicou o site da Câmara dos Deputados, de 14/12/2007
O Grupo de Trabalho da Diversidade Lingüística do Brasil propôs ontem na Câmara a elaboração de uma emenda à Constituição que reconheça a pluralidade lingüística do País. A modificação beneficiaria cerca de 200 línguas faladas no País, de indígenas, imigrantes e remanescentes dos quilombos, além das chamadas línguas crioulas. O grupo também pediu a realização de um Inventário Nacional da Diversidade Lingüística, como forma de fazer um mapeamento para que o governo possa criar políticas que assegurem que essas 200 línguas permaneçam vivas e que seus falantes sejam respeitados. As propostas foram anunciadas por Maria Cecília Londres Fonseca, integrante do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), durante audiência pública realizada pela Comissão de Educação e Cultura para debater o relatório de atividades do grupo de trabalho.
Orçamento 2008
O deputado Carlos Abicalil (PT-MT), que presidiu a audiência, fez um apelo ao presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, presente ao debate, para que o Ministério da Cultura assegure recursos no Orçamento de 2008 para promover o Inventário Nacional da Diversidade Lingüística. Abicalil lembrou que a derrubada da CPMF no Senado vai obrigar o governo a repensar os gastos para o próximo ano, mas disse esperar que seja possível garantir os recursos para o inventário.
Os representantes do grupo também pediram ao Ministério da Educação que sejam garantidos às demais línguas inventariadas os mesmos direitos educacionais que já existem para a língua de sinais das comunidades surdas (Libras) e para algumas línguas indígenas. A diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan, Márcia de San’tanna, disse que o Brasil já teve mais de mil línguas faladas em seu território, a maioria de indígenas e escravos, e que o trabalho de preservação é fundamental para permitir a pluralidade cultural e a preservação do patrimônio cultural imaterial.
Projetos pilotos
O diretor do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística (Ipol), Gilvan Müller, explicou que a proposta do inventário é realizar projetos pilotos em duas comunidades de línguas indígenas, uma de imigrantes, uma de afro-brasileiros, uma de língua crioula e outra de língua de sinais. Com os resultados, disse Müller, seria possível definir uma metodologia para estender o trabalho de inventariar as mais de 200 línguas existentes no Brasil.
Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai realizar um censo para mapear as línguas e variações existentes no território nacional. A técnica do IBGE Nilza de Oliveira disse que o censo reunirá dados referentes à língua materna, ao idioma habitual e à capacidade do entrevistado de falar um ou mais idiomas. A coordenadora da área de Cultura da Unesco, Jurema Machado, informou que agência da ONU esco- lheu 2008 como o ano da diversidade lingüística. Coordenador do Fórum Internacional da Diversidade Lingüística, o professor Cléo Vilson Altenhofen defendeu mais investimento na formação de professores para o ensino de diferentes línguas nas escolas públicas.

Plenário deve analisar proibição de estrangeirismo

Publicou o JORNAL DA CÂMARA, de17/12/2007
O Plenário deve analisar no próximo ano o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 1676/ 99, do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que proíbe o uso de palavras ou expressões estrangeiras em documentos públicos, salvo em casos excepcionais. A matéria, que tramita em regime de urgência, foi aprovada na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).
O substitutivo restringiu a proibição às palavras e expressões escritas, além de diminuir as situações em que é obrigatório o uso da língua portuguesa pelos particulares. “Fundamentalmente, o projeto força a utilização da língua portuguesa nos documentos emitidos pela administração pública”, comentou o relator, deputado Flávio Dino (PCdoB-MA). Pela proposta, os administradores deverão colocar nos documentos escritos as palavras em português correspondentes às expressões estrangeiras que eventualmente utilizem.
Veículos impressos
O substitutivo também obriga os meios de comunicação de massa impressos a utilizarem apenas a versão aportuguesada de expressões técnicas, contidas em glossários publicados por comissões específicas. No entanto, o relator considerou inconstitucional o artigo que prevê o estabelecimento de sanções a partir da regulamentação da lei. O deputado explicou que as medidas punitivas devem ser estabelecidas em lei.
A língua portuguesa possui cerca de 400 mil vocábulos. Sete países - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal São Tomé e Príncipe e o Timor Leste - integram a comunidade de Países de Língua Portuguesa. São mais de 200 milhões de falantes do português em todos os continentes, o que coloca a língua como a sétima mais falada do mundo, superada apenas pelo chinês, inglês, espanhol, hindi, russo e árabe.
Quando relatou o PL 1676 na Comissão de Educação, a então deputada Iara Bernardi apontou vários exemplos de palavras estrangeiras que foram, desnecessariamente, incorporadas ao vocabulário do brasileiro:
“School bus” – ônibus escolar “Newsletter” – para designar informativos de órgãos públicos “Personal banking” – serviços bancários personalizados ”Franchising” – franquia “Coffee-break” – intervalo para o café

Bandidos presos continuam mandando
Escutas mostram traficantes citando suposto acerto com policiais

Leslie Leitão
Rio - Longe da Baixada Fluminense, onde 59 policiais do 15º BPM (Duque de Caxias) foram presos sob acusaão de envolvimento com traficantes, o cenário de corrupão pode ser semelhante. Gravaões telefônicas feitas pela Polícia Civil, com autorizaão da Justiça, mostram que no principal reduto do tráfico no Centro do Rio, o Morro da Providência, policiais militares teriam feito uma incursão apenas para causar boa impressão ao novo comandante daquela área. Mas tudo não passaria de uma farsa, já que os bandidos teriam sido alertados sobre a 'operaão fictícia'.
A conversa consta no inquérito de um trabalho de mais de um ano de monitoramento da quadrilha comandada por Leonardo e Evanílson Marques da Silva, os irmãos Sapinho e Dão, que, mesmo presos, continuam dando as cartas por telefone, de dentro de Bangu.
Os principais interlocutores são Pedro Paulo da Silva Afonso, o Juca Tigre, preso pela Polinter em julho, e Fábio Passos de Oliveira, o Bafinho, seu substituto na gerência dentro da comunidade. No diálogo, gravado no início do ano, Juca avisa a um de seus soldados: "E aí, parceiro, dá um toque nas bocas aí, que os 'canas' vão dar um rolé (...)". Depois, completa: "Se chegar um Gol bolinha com uns caras, 'é' os caras do acerto mesmo. Sendo que eles tão com o comandante deles, então eles têm que fazer uma cena aí, valeu?!".
'TÁ TUDO ARREGADO'
Com a ida de Sapinho para o Presídio de Catanduvas, no Paraná, foi Dão quem passou a fazer os contatos diários com o morro. O chefe quer saber de Juca Tigre como está o movimento das bocas-de-fumo. E o gerente explica que a situaão melhorou, segundo ele, devido a algumas mudanças e à saída de alguns PMs que insistiam em combater o tráfico.
"Agora o bagulho tá voltando ao normal, porque os caras vão sair daqui, tá ligado? Já tiraram os caras que zoam. Agora tá tudo 'arregado'. Tá a maior tranqüilidade de novo na favela", diz.
Segundo a investigação, policiais do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) e do 5º BPM (Praça da Harmonia) teriam o costume de avisar sobre operações do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Uma conversa mostra Juca Tigre dizendo a Bafinho para repassar a ordem de não atirar contra policiais do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). "Dá um papo lá no Buraco para os moleques 'recuar' e não dar tiro não, porque os caras do DPO é que vão descer. Vão só dar um rolé. Vai chegar uns Bope pra ver como é que está e depois eles vão embora", determina o então gerente da Providência.
'MANDA AVISAR AÍ QUE 'VAI' DESCER UNS VERMES'
Conversas gravadas pela Polícia Civil indicariam a relação de PMs do Gpae e do 5º BPM com traficantes da Providência. Além de uma incursão para 'fazer cena', bandido avisa para não atacar os homens do DPO, que fariam parte do esquema.
Uma incursão é encenada para o novo comandante:
Bandido: E aí, prostituto?
Juca Tigre: E aí, parceiro, dá um toque nas bocas aí, que os 'canas' vão dar um rolé. Eles encheram um carro agora de repente. Eles vão dar um rolé desse lado daí, valeu?!
Bandido: Já é. Vou mandar esse toque ali na Pedra e lá no Buraco.
Juca Tigre: Se chegar um Gol bolinha com uns caras, 'é' os caras do acerto mesmo. Sendo que eles 'tão' com o comandante deles, então eles têm que fazer uma cena aí, valeu?!
Bandido: Tranqüilo. É nós.
Dão recebe notícias de que está tudo acertado:
Dão: E aí, como é que tá aí?
Juca Tigre: Tranqüilo. Agora o bagulho aqui tá voltando ao normal, porque os caras vão sair daqui, tá ligado? Já tiraram os caras que zoam, agora tá tudo 'arregado'. Tá a maior tranqüilidade de novo na favela.
Dão: Graças a Deus vai ficar tudo tranqüilo mesmo.
Juca Tigre avisa a Bafinho de uma possível incursão do Bope e fala para não atacar PMs do DPO:
Juca Tigre: Manda avisar aí no Buraco que vai descer uns 'vermes' (policiais) daí de cima. Fica na atividade por baixo que eu acho que vai brotar (aparecer) uns Bope aí.
Bafinho: Bope aonde?
Juca Tigre: Vai vir dar um rolé, por causa desse bagulho do baile aí. Eu vou saber dessa parada legal.
Bafinho: Vê essa parada aí.
Juca Tigre: Mas dá um papo lá no Buraco logo agora para os moleques 'recuar' e não dar tiro não, porque os caras do DPO é que vão descer. Vão só dar um rolé. E vai chegar uns Bope pra ver como é que está e depois eles vão embora.
(NE: eu não li o Jornal O DIA em que foi publicada esta nota, que me foi enviada por um leitor italiano, que se interessou pelo Dicionário de Gíria)


Conto Cearense
Pegue um whisky ou um copo d'agua, porque você vai ter dor na barriga de ri !
Conto Cearense
Se não entender o texto, consulte o dicionário abaixo!
Chico, cabra errado e bonequeiro, já melado depois de traçar um burrinho e duas meiotas, vinha penso, cambaleando, arrodiando o pé de pau, quando deu um trupicão que arrancou o chaboque do dedo.
Diabeísso !
-Vai, cú de cana ! Mangou a mundiça que estava perto.
-Aí dento ! disse Chico
Chico estava ariado desde ontonti, quando o gato réi que ele acunhava lá na baxa da égua, bateu fofo com ele pra ir engabelar um galalau estribado da Aldeota.
-É o que dá pelejar com canelau, catiroba fulerage, pensava, ganhei um chapéu de touro, mas não tem Zé não, aquela marmota tá mesmo só o buraco e a catinga. Dá é gastura
Chegando em casa se empriquitou de vez e rebolou no mato todas as catrevagens da letreca: uma alpercata, um gigolete amarelo queimado e uns pés de planta que ela tinha trazido enquanto iam se amancebar.
Depois se empanzinou de sarrabui e panelada e foi dormir pensando nas comédias
A
ABESTADO - Otário.
ABIROBADO - Maluco.
ABUFELAR - Agarrar pela gola, agredir.
ACUNHAR - Chegar junto.
AÍ DENTO - Resposta a qualquer provocação.
ALDEOTA - é seguramente o maior bairro informal do País. Os especuladores imobiliários passaram a chamar de Aldeota todo bairro novo.
ALPERCATA - Sandália de couro.
AMANCEBADO - Amigado, aquele que vive maritalmente com outra.
AMARELO QUEIMADO - Cor laranja.
APETRECHADA - Dotada de beleza física.
ARIADO - Desnorteado
ARRE ÉGUA! - Interjeição que pode significar qualquer coisa a depender do tom de voz e da ocasião (alegria, irritação...).
ARRUDIAR - Dar a volta.
AVALIE - Imagine.
AVEXADO - Apressado.
B
BAIM DE CUIA - No jogo de futebol, corresponde a lençol.
BAITOLA - Viado. (A palavra tem origem na construção da primeira estrada de ferro do Ceará. O chefe da obra era um engenheiro inglês, muito afetado, que repetia "atenção para a baitola" se referindo a bitola (distancia entre os trilhos).
BAXA DA ÉGUA - Lugar distante.
BALDEAR - Perturbar.
BATER FOFO - Não cumprir um compromisso.
BATORÉ - Baixinho.
BILA - Bola de gude.
BILOTO - Botão.
BOCA QUENTE - Lugar perigoso.
BOGA - Anus.
BOTAR BUNECO - frescar... ou como já diriam os sulistas: zoar, mas depende muito do sentido da frase.
BREADO - Melado, sujo.
BRENHA - Lugar longe de difícil acesso.
BRIBA - Pequena lagartixa.
BULIDA - Mulher que perdeu a virgindade.
BUNEQUEIRO - Quem bota boneco, quem gosta de ficar fazendo hora com os outros.
BURRINHO - Garrafa de Coca-Cola cheia de cachaça
C
CAGADO - Sortudo.
CAMBITO - Perna fina.
CANELAU - gente pobre, plebe rude.
CAPAR O GATO - Ir embora.
CATREVAGE - Gente cafona, coisas velhas e feias.
CATIROBA - Mulherzinha da vida..da plebe.
CEROTO - Sujeira preta na pele devido a falta de banho.
CHABOQUE - Tampo. "Chico deu uma topada que tirou o chaboque do dedo"
CHAPA - Radiografia; dentadura.
CHAPÉU DE TOURO - Chifre.
CHEI DOS PAU - Bêbado.
CHULIPA - Tapa na orelha com um dedo no sentido vertical.
COMÉDIA - Programa divertido. "Hoje nos vamos pras comedias".
CORRALINDA - Coisa linda, pessoa bonita.
CORRER FROUXO - Ter em abundância. "Ali o dinheiro corre frouxo".
COURO DE PICA - Algo que vai e volta. "Esse namoro é que nem couro de pica".
CRUZETA - Cabide para camisas e calcas.
CU DE CANA - Cachaceiro.
CUSTAR - Demorar. "O ônibus está custando muito".
D
DAR O GRAU - Caprichar. "Pode deixar que vou dar o grau no seu carro"
DAR O MAIOR 10 - Gostar muito.
DAR O PREGO - Enguiçar.
DAR UMA SALGA - bater em alguém
DIABEISSO! - Que diabo é isso! Expressão de espanto.
E
EMPAZINADO - Que comeu além da conta.
EMPRIQUITAR - Cismar, não aceitar.
ENGABELAR - Enganar, iludir.
ENGOMAR - Passar roupa.
É O NOVO! - normalmente usado quando a pessoa utiliza uma expressão antiga.
Ex: pessoa 1: " Essa música é do balacobaco!" pessoa 2: "Eita! balacobaco é o noooovo!"
ERRADO - Desordeiro, arruaceiro ou uma pessoa envergonhada "Ele pagou um mico e ficou todo errado"
ESTRIBADO - Cheio da grana.
F
FAZER HORA - Fazer gozaão.
FAZER MAU - Desvirginar. "Ele fez mau a moça".
FAZER SABÃO - Sexo entre lésbicas.
FECHICLER - Zíper.
FOI MAL - Perdão.
FRESCAR - Fazer uma brincadeira. "Se zanga não, to só frescando".
FULERAGE - Coisa sem valor.
FUMANDO NUMA QUENGA - Puto da vida
G
GALALAU - Homem alto.
GASGUITA - Mulher com voz esganiçada.
GASTURA - Mal estar.
GATO RÉI - (vem de gato velho ) chama-se mulher qualquer, rapariga. Ex: Na festa ontem só tinha gato réi
GIGOLETE - Passadeira, diadema, arco, tiara
GUARIBADA - Dar uma caprichada.
I
INGEMBRADO - Torto.
INHACA - Mal cheiro do sovaco.
ISPILICUTE - Do inglês "She's pretty cute". Engraçadinha.
ISPRITADO - Enfurecido.
L
LERIADO - Conversa fiada.
LETRECA - Cafona.
LISO - A pior ofensa para um cearense. É muito mais que uma pessoa sem dinheiro. O liso está para o cearense assim como o "loser" está para o americano.
M
MACHO RÉI - cara, amigo, o meu...
MALDAR - Interpretar no mau sentido.
MANGAR - Ridicularizar.
MARMOTA - Coisa estranha.
MEIOTA - Meia garrafa de cachata.
MELADO - Bêbado.
MEUZOVO -(meus ovos) Expressão de discórdia, uma ova. "Juca é um político honesto - honesto meuzovo!
MININO RÉI AMARELO - Criança chata, pivete.
MIOLO DE POTE - Coisa sem importância.
MOI DE CHIFRE - Corno.
MUNDIÇA - Gente pobre, plebe rude.
N
NUM FRESQUE NÃO! - Pare com essa brincadeira!
O
OBRAR - Defecar.
OI DA GOIABA - Anus
ONTONTI - Antes de ontem
P
PAI D'ÉGUA - Porreta, legal, bacana.
PANELADA - Comida regional a base de tripa de gado.
PÃO SOVADO - Pão de massa fina.
PAPEIRA - Caxumba.
PAPEL DE ENROLAR PREGO - Pessoa grosseira.
PASTINHA - Franja de cabelo
PASTORAR - Vigiar.
PÉ DE PAU - Árvore.
PÉ DE PLANTA - Arbusto.
PEBA - De má qualidade.
PEDIR PENICO - Desistir.
PELEJAR - Tentar exaustivamente.
PENSE! - Expressão que tem o mesmo sentido de imagine. "pense numa comédia!"
PENSO - Torto.
PIMBADA - Trepada.
PITÉU - Mulher jovem e bonita.
PRESEPEIRO - Espalhafatoso, escandaloso.
PREGO - Pessoa impregnenta, que fica enchendo o saco, perturbando.
PRIQUITO - Vagina.
Q
QUEIMA RAPARIGAL! - Grito de guerra, incentivo p/ as meninas agitarem
QUEIXAR - O mesmo que dar uns queixo, cantar, xavecar alguém
R
RACHA - pelada, jogo de futebol.
RACHADA - Forma com que os baitolas se referem as mulheres, com uma boa
dose de despeito.
RATA - Gafe
REBOLAR NO MATO - Jogar fora, atirar.
REMELA - Secreão ocular.
RESPEITE! - Expressão usada quando uma coisa é muito boa."Respeite a festa de ontem".
S
SABACU - Surra
SALSEIRO - Confusão.
SAMANGO - Soldado raso.
SARRABÚI - Sarrabulho, comida preparada com muidos de porco.
SEM FUTURO - Mau negócio, pessoa despreparada.
SIBITE BALEADO - Pessoa miúda ("sibite" é um pequeno pássaro).
SÓ O BURACO E A CATINGA – Pessoa desmilingüida. "Ele pegou uma gripe tá que
é só o buraco e a catinga."
SÓ O MI - Diz-se de alguma coisa muito boa.
SUSTANÇA - Energia dos alimentos. "Rapadura tem sustança".
T
TEM É ZÉ - É muito difícil. "Tu ganhar de mim na sinuca? Tem É ZÉ"
TEU RABO - O mesmo que "Aí dento"
TIRA A MACAÚBA DA BOCA - Expressão usada para pedir que uma pessoa fale mais claramente, quando alguém fala de forma ininteligível.
TRISCAR - Tocar.
TRUPICÃO - Topada
U
ÚLTIMO TIRO NA MACACA - Diz-se de uma mulher que completou 30 anos e não casou
V
VARAPAU - Homem alto.
VERMINOSO - Fominha (futebol).
VEXADO - Apressado.
VISAGE - Fantasma, aparião.
VIXE! - Virgem Maria
X
XINIM - Vagina
Z
ZUADENTO - Barulhento.
ZAMBETA - Cambota.

Correio Braziliense 13 de julho de 2007.
O VERBO DA BOCA

Aloprar – brigar, “zoar”
Avião – o que passa a droga
Baba-ovo – bajulador
Baculejo – revista policial
Badu – ruim de mais
Boca de fumo – local de venda de drogas
Bodinho – jovem da classe média, com dinheiro, morador do Plano Piloto
Bundão – medroso
Cabada – bater com a coronha da arma
Caxanga – roubar casa
Chegado – amigo próximo
Comédia – bobo, “otário”
Cuzão – medroso
Dar balão – enganar
Dar o bote – roubar
Dar uma pisa – bater
De rocha – forte, tem “atitude”
Esfumaçar – dar um tiro
Estiga – querer o que não tem
Estoque – faca fabricada dentro da cadeia
Fazer a fita – realizar um roubo
Ferro – arma
Jurado – jurado de morte
Laranja – “otário”, bobo
Loló – droga composta de éter
Mané, manezão, zé-mané – bobo
Manha – ser esperto
Noiado – o que fuma merla
Orelha-seca – trabalhador braçal, sem qualificação, que trabalha fundamentalmente na construção civil
Paga-pau – interesseiro, força amizade Pagar pedágio – pagar uma quantia em dinheiro ou objetos Paia – ruim, sem graça
Peia – bater
Pinar – fugir correndo
Prego – chato
Quebrado – sem dinheiro
Rato – safo, esperto
Ripar – roubar
Rupiá – roubar
Sapecar – “encher” de bala
Ter atitude – ser valente
Véi – tratamento trivial entre jovens equivalente a “cara”, “meu”, “sangue bom”
Zoar – brincar, divertir-se à custa de terceiros

Fonte: Gangues, Galeras, Chegados e Rappers / Miriam Abramovay, Rio de Janeiro,Garamond,2004

Gírias do Pânico

Alfinete: Pessoa magra demais
- Baby: Puxa saco
- Barbalha: Genitália feminina
- Bolinhas: Seios, tufas
- Borboleta / Louva Deus : Pessoa magra
- Buzinar: Apalpar seios, as tufas, petchugas ...
- Caídaço: Pessoa fortemente atingida pela lei da gravidade
- Caixa: Busanfa, região glútea.
- Catracada: Relação sexual
- Chalala: Genitália feminina
- Chamu : Mulher gorda
- Charuto: Fezes
- Chassi de grilo / de frango: Magrelo
- Cortar o rabo do macaco: Evacuar.
- Couve: Hemorróida
- Cutuco: Relação sexual
- Da Lua: Esquisistos, freak. Referência ao personagem lelé de novela "Tonho da Lua"
- Eu Preciso : Referência aos baitolas, gays
- Famosão: Pessoa popular
- Gola: Evacuar
- Gordaça: Pessoa obesa ( Ex: Bola)
- Gueta: Evacuação.
- Homem é homem: *Intimação para que assumam seus atos.
- Índia: Mulher com as petchacas caídas.
- Internê : Internet, web
- Já é o artista: Diz-se do indivíduo que detém uma certa fama.
- Já guenta: Indivíduo que possui mais de 18 anos e já pode fazer certas coisas ...
- Meninão: *Alguém que se perfaz.
- Meninão: Uma espécie de Robert, porém mais discreta.
- Mora mal - Indivídio que habita região distante ou fétida do país
- Negresco: *Auréola escura de um seio.
- O ovo: Saco, mala, pochete. Saco escrotal.
- O urso: *Mulher cuja genitália está peluda. Sinônimo de Panda.
- Panda: Mulher com a genitália peluda. ( Ex: Cláudia Ohana, Vera Fischer ...)
- Perfazer: Contar vantagem. Auto-promoção. Se achar mais do que realmente é.
- Petchuga: Seios
- Pisco: Sexo oral
- Robert: Adjetivo masculino que designa pessoas que têm compulsão por aparecer.
- Tá querendo: Xaveco, paquera, tentativa de aproximação.
- Tufas de mármore : Seios firmes
- Tufas: Seios
- Última bolacha do pacote: Indivíduo que se acha mais do que realmente é.
- Zé Graça: Indivíduo metido a engraçado. Se acha engraçado, mas ...

Gírias de Alagoanês

Arenga (AL) s.f. briga pequena
Biliro (AL) grampo de cabelo
Borocoxô (AL) pessoa triste
Caba p.i. vide cabra, qulquer homem, pessoa, individuo
Caba de peia (AL) loc.sub safado
Catenga (AL) s.f. lagartixa
Catota (AL) sujeira do nariz
Chimbra (AL) s.f. bola de gude. “Vamos brincar de chimbra?”
Chumbrego (AL) s.m. namoro pesado, amassos. “Vamos parar deste chumbrego, pois a coisa tá indo muito longe”.
Cotôco (AL) 3 s.m. resto. “Não quero cotôco”.
Dar uma carreira (AL) correr atrás de alguém
Emburaca v. entra sem licença
Fulero (AL) quem dá furo, não cumpre o prometido ou compromisso.
Fuxico (AL) fofoca
Iapôis (AL) interj É mesmo!
Inhaca (AL) s.f. catinga de suor
Invocado (AL) a.m. está com raiva
Leso (AL) bobo
Liga (AL) borracha de dinheiro.
Macambuzo (AL) pessoa triste
Malamanhado (AL) a.m. dessarumado
Munganga (AL) atitude de palhaço
Pegajosa AL) gente insistente
Pipoco (AL) estouro
Pirangueiro (AL) sovina, miseravel
Pitôco (AL) s.f. botão de som. “Mexe no pitoco e aumente o som do rádio”.
Reinão sete couro (AL) loc.sub. menino levado
Roncha AL) s.f. mancha de pancada
Sabido (AL) ªm. Esperto
Tá afolozado (AL) está folgado
Tá folote (AL) está folgado
Tapado (AL) bobo
Veiaco quem não paga o que deve
Vou chegar (AL) loc.ver. vou sair
Vote (AL) interj de espanto.
Xêxo (AL) s.m.pedaço de pedra
Xôxo (AL) s.m. franzino, pequeno, magro. “O Toinho é muito xôxo”.

Gírias de Baianês

Aonde (BA) ! (BA) interj. não mesmo
Cole de mermo? (BA) loc.reg. como vai você?
Cole de mermo a sua? (BA) loc.reg. qul o seu problema?
Colé, meu brodi ! (BA) loc reg. Olá, amigo
Cole, misere! (BA) loc. reg. Olá, amigo
Diga aê, disgraça (BA) loc.reg.olá amigo
Diga aê negão (BA) loc. reg. Olá amigo
Diga aê, seu xibungo (BA) loc. reg.olá amigo
E ai, pai? (BA) loc.reg. olá, amigo
Faaaaala minha puta (BA) loc. reg. Olá, amigo
Fala nigrinha (BA) loc. reg. Olá amigo
Lá ele (BA) interj. eu não, sai fora
Ô vei (BA) loc. reg. Olá, amigo
Oxi! (BA) interj. para tudo
Shhh...ai, mainha (BA) loc. reg.
Tá me tirando de otário é? está me fazendo de otário?
Vô cume água (BA) loc.reg. vou beber
Vô quexá aquela pirigueti (BA) loc.reg. vou paquerar aquela garota.

Redação:
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.

E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro:
- Ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.

É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do
substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

NE: atribui-se esta Redação a uma aluna do curso de Letras, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco - Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.


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