Jornal
da Gíria Ano XVI- Nº100 – Setembro e Outubro de 2015
Ouça
aqui giria portuguesa e divirta-se ! (necessario PowerPoint )
Veja o que mandou António Pinho, de Lisboa: A origem da língua portuguesa:
https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I
Veja o que me mandou
Rubem Amaral Junior :
Uma
explicação.
Não
poderia deixar em branco este
aniversário.
Cem
edições em 16 anos. Temos
quase a mesma idade da Internet no
Brasil.
Começamos com a Cruiser, um
dos primeiros provedores de Internet no Brasil, a partir de Niteroi/RJ,
onde
vivemos e crescemos para resgatar o patrimônio gírio do Brasil.
Tivemos
dois formatos de apresentação. Este é o segundo. Confesso
que está na hora de uma mudança. Neste território livre, o
conservadorismo é
mortal.
Quando
começamos, fomos pioneiros, não havia muita informação sobre
Gíria. Fomos nos aperfeiçoando e tentamos , na medida do possível,
datar e
localizar a gíria,
a partir da primeira
citação. Para isso foram
igualmente
importantes os registros do livros que foram escritos praticamente no
idioma
gírio
Havia
outros sites de busca, antes do surgimento do Pai Google de
Aruanda
Em
todos eles, quando a busca era Gíria sempre aparecíamos
em 1º lugar. Fosse com o Jornal da Gíria
(quase tudo que se publicou no Brasil sobre gíria foi registrado pelo
Jornal)
que tem um apreciável acervo, fosse com o Dicionário de Gíria, a
caminho da
9ª.edição, podendo chegar aos 40 mil
verbetes.
Sem
concorrência, rapidamente chegamos aos 500 mil acessos. Uma
referencia.
Com
a concorrência, passamos
dos 600 mil e mas estamos distantes de 1 milhão.
De
qualquer forma, somos uma referência em gíria. Com um
compromisso com a língua portuguesa, com a língua falada dos povos de
língua
portuguesa, com a língua viva, com a evolução da Línguagem, pois é
assim que
caminha a humanidade, voltada para o futuro sem desprezar o passado.
Foi-se
o tempo em que a gíria era a Línguagem da malandragem, dos
marginalizados, dos pobres, dos negros. Hoje, a gíria é a segunda
língua dos
brasileiros de todas as classes sociais, nível de escolaridade, gênero.
A
gíria era utilizada pelo rádio e pelos jornais populares, que hoje
usam e abusam da gíria e dos regionalismos.. Os jornais da elite
escreviam na
Línguagem padrão. A televisão resistia. Hoje, os jornalões usam a gíria
com
aspas, itálico ou negrito e a televisão aberta
incorporou o idioma gírio nas suas novelas para
alcançar e se
identificar com as classes C,D
e E.
As
periferias e os grupos sociais exclusivos que foram emergindo
expandiram de forma exponencial a fronteira gíria, com grafiteiros,
surfistas,
banhistas, funkeiros,
rapeiros, etc
Igualmente se acentuou a gíria tecnificada com os bordões publicitários
e do
humor.
Mas estão em curso
profundas mudanças
na Línguagem, sem que
se saiba onde vão parar. O internetês, o sms , o facebuquês e as redes
sociais
estão impondo uma nova Línguagem e por consequência uma nova língua.
Quem for
podre vai se arrebentar. Os cascos da língua portuguesa, depois de 500
anos, de
navegação em mares tranquilos, estão avariados.
As
academias de Letras do Brasil e de Portugal que se omitiram
indecentemente nas comemorações dos 300 anos da gíria na língua
portuguesa e
nos 100 anos da gíria no Brasil, não estão nem aí para as mudanças
estruturais
na língua.
O
acordo linguístico se preocupa com hífen, trema e acentos se
esqueceu do principal: o ensino da língua que é fundamento da
nacionalidade.
Brasil
e Portugal são países de baixos índices de leitura.
As
livrarias estão sumindo
Os
livros estão sumindo.
O
português arcaico (antigo) tem um patrimônio de 500/600 mil
palavras. O português atualmente abrigado na Línguagem padrão tem um
acervo
comum aos países de língua portuguesa de 250/300 mil palavras.
A
massa não conhece 5% desse universo.
Em
alguns países da comunidade dos países de língua portuguesa,
mesmo em Angola e Moçambique, há muitos dialetos tribais, além da
gíria.
No
Brasil, recorre-se
com
intensidade aos regionalismos, próprios em determinadas áreas, e a
gíria que
não é totalmente nacional, pois deriva do regionalismo.
Os
grandes marcos gírios
na língua portuguesa.
1712
- em Portugal,
Vocabulário Portugues e Latino , do padre Raphael Bluteau, autorizado
pela
Santa Inquisição. (Quem quiser conhecer, no
Rio de Janeiro,
procure a edição
no Real Gabinete Português de Leitura.)
1759
– em Portugual, Infermidades da Língua e arte que a ensina a
emudecer para melhorar. São 1.500 expressões proibidas pela Santa
Inquisição.(O
livro pode também ser encontrado no Real Gabinete Portugues de Leitura)
1854,
no Brasil, Memórias de um Sargento de Mílícias, de Manuel
Antonio de Almeida, 1º. livro escrito em idioma gírio, na língua
portuguesa, na
comunidade dos países de língua portuguesa.
1890,
no Brasil, O Cortiço, de Aluisio Azevedo, 2º livro escrito em
idioma gírio.
1897,
no Brasil, Dicionário de Vocábulos Brasileiros, do Visconde
de Beaurepaire-Rohan.
1898,
no Brasil, Vocabulário Sul Riograndense, de J. Romanguera
Correa, dedicado ao regionalismo gaúcho.
1901,
em Portugal, A gíria portugueza; esboço de um dicionário de
“calão”, de Augusto Alberto Bessa de Carvalho., com 4.180 termos, 337
brasileiros e 3.843 portugueses.
1903,
no Brasil, Dicionário Moderno, de José Angelo Vieira de Brito
(J.Brito) que se utilizou do pseudônimo de Bock.
1908,
no Brasil, Ernesto Sena
publicou Atráves do cárcere.
1912,
No Brasil, Gíria dos Gatunos Cariocas, de Elysio de Carvalho,
o 1ª Dicionário de gíria publicado no Brasil, com muitas gírias
derivadas
gatunos espanhois, italianos e argentinos.
1917,
no Brasil, os Bruzundangas, de Lima Barro, 3º livro escrito
no idioma gírio.
1920,
no Brasil, O Dialeto Caipira, de Amadeu Amaral, dedicado ao
regionalismo paulista.
1922,no
Brasil, Geringonça Carioca, verbetes para um Dicionário de
Gíria, de Raul Pederneiras, dedicada ao regionalismo e à gíria do Rio
de
Janeiro.
Ainda
no Brasil, Antenor Nascentes publicou Tesouro da Fraseologia
Brasileira
Em
1937, no Brasil, Olinto
Nogueira publicou Tratado
de Polícia e
Dtetetive, Novos estudos afro brasileiros.
Em
1940, no Brasil, Edmylson Perdigão publicou O linguajar da
malandragem
Em
1945, no Brasil,
Dicionário da Gíria Brasileira, de Manuel Viotti, 2º
Dicionário de Gíria
publicado no país. .
Ainda
no Brasil. Antonio Fraga publicou Desabrigo e outros Trecos
1953,
no Brasil, Antenor Nascentes publicou , A Gíria Brasileira, o
3º Dicionário de gíria publicado no Brasil.
1960,
no Brasil, João Antonio publicou Malagueta, Perus e Bacanaço,
o 4º livro em
idioma gírio, dedicado ao
regionalismo paulistano.
1965,
no Brasil, O Rio em Prosa e Verso, de Manuel Bandeira e
Carlos Drummond de Andrade, tem três capítulos dedicados à gíria
carioca,
escritos por Antenor Nascentes, Raul Pederneiras e Stanislaw Ponte
Preta.
1967,
no Brasil, Raimundo Girão publicou Vocabulário Popular
Cearense.
1968,
no Brasil, Ariel Tacla publicou o Dicionário
dos Marginais.
1970,
em Portugal, Albino Lapa publicou
Dicionário de Calão, de Albino Lapa.
1973,
no Brasil, Euclides Carneiro da Silva publicou Dicionário de
Gíria Brasileiricionario de Gíria publicado no Brasil.
Ainda
no Brasil, Alexandre Passos publicou A Gíria Baiana
1974,
no Brasil, Dino Pretti publicou A gíria, um signo de agressão
e defesa na sociedade brasileira e fez com a Universidade se
interessasse pelos
estudos gírios.
1979,
no Brasil, Horácio de Almeida
publicou Dicionário Popular Paraibano.
Ainda
no Brasil, Mário Souto Maior publicou Dicionário do Palavrão
e termos afins.
1983,
no Brasil, Bariâni
Ortêncio publicou Dicionário do Brasil Central, Subsídios à Filologia.
1984,
no Brasil, Dino Preti publicou A Gíria e Outros Temas,1988,
no Brasil, Gumercindo Saraiva publicou
A
Gíria Brasileira. Dos Marginais às Classes de Elite.
1985,
no Brasil, Paulo Jacob publicou Dicionário da Língua Popular
da Amazonia, com supervisão lexicográfica de Franco de Barros;
‘1989,
no Brasil, Geraldo Queiroz publicou “Geringonça do Nordeste”
A Fala Proibida do Povo.
1990,
no Brasil, JB Serra e Gurgel publicou a 1ª. Edição do seu
Dicionário de Gíria, o Equipamento Linguístico falado dos Brasileiros,
com 234
pág. E 5.500 gírias, com prefácio de Arnaldo Niskier, então presidente
da
Academia Brasileira de Letras.
1993,
Nei Lopes publicou Dicionário Banto do Brasil, com prefácio
de Evanildo Bechara
1996, na Alemanha, Albert
Audubert publicou Gíria et Argot , Dicionário d’argot brésilien .Plus
particulièrement des Villes de São Paulo et Rio de Janeiro dans lês
années 1960 et
1970. O livro fora escrito no Brasil
em 1974.
Ainda
no Brasil, Raymundo Mario Sobral, publicou Dicionário
Papachibé, a Língua
Paraense
1997,
no Brasil, Paulo Lins publicou Cidade de Deus, 5º livro
publicado no idioma gírio, especialmente a gíria da periferia do Rio de
Janeiro
.
Em
Portugal, Eduardo Nobre publicou Dicionário de Calão.
2001,
em Portugal, Afonso Praça publicou Novo Dicionário de Calão.
Ainda
em Portugal, Orlando Neves e Carlos Pinto Santos publicaram
Dicionário do Palavrão.
2002,
no Brasil, Alberto
Juvenal de Oliveira publicou Dicionário Gaúcho,
termos, expressões, adágios, ditados e outras
barbaridades.
Em
Moçambique Armando Jorge Lopes, Salvador Julio Sitoe e Paulino
José Nhmuende publicaram Moçambiquismos. Para um Léxico de Usos de
Português
Moçambicano.
2005,
em Portugal, Margarida
Rebelo Pinto publicou Alma de Pássaro que, salvo melhor juízo, é o 1º
livro em idioma
gírio (calão) publicado
em Portugal.
2008,
no Brasil, Carlos Mota publicou Dicionário Fanadês.
Jequitinhonhês Mineirês,
Línguagem
falada margens do Rio Fanado & Adjacências, com prefácio de
Murilo Melo
Filho.
2012, em Portugal, Antonio
Correia de Pinho publicou Variantes Cariocas da Língua Portuguesa.
Glossário
com mais de 5.000 entradas.