Jornalda
Gíria Ano XXI- Nº 134 Novembro e Dezembro de 2020
Visiteo
nosso Facebook,com as últimas questões gírias e da língua portuguesa.
Cliquenos
ícones abaixoe veja ou ouça o que a equipe do Jornal da Gíria pesquisou
sobre alínguaportuguesa e que é do seu interesse conhecer.
Ouçaaqui
giria portuguesa e divirta-se ! (necessario PowerPoint )
Veja o que mandouAntónio Pinho, de Lisboa: Aorigem da línguaportuguesa:
https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I
Veja o que me mandouRubem Amaral
Junior :
Ouça olink
do programaSem Papas na Língua, com Ricardo Boechate
Dionisio de Souza
naBand News Fluminense, em 19,07.2018sobre o lançamento da 9ª. Edição
do Dicionário de Gíria.
https://fatosfotoseregistros.wordpress.com/2018/07/19/spl20180719/
Recado
1
Estamos
fechando mais um
ano do Jornal da Gíria, com uma longa listagem de resgates gírios
feitos no período.
Recado
2
Continuo
colocando à disposição
estudiosos e dos interessados em Gíria a 9ª. Edição do meu DICIONÁRIO
DE GIRIA,
com mais de 700 páginas, 34 mil gírias do Brasil, Portugal, Angola e
Moçambique.
Veja no final da edição como adquirir um exemplar, ainda disponível.
Regionalismos
(gírias) de
todos os estados brasieiros.
Gírias
de todas as tribos
vivas e ativas na sociedade brasileira e gírias das redes sociais,
ainda que em
inglês, mas com significado corrente.
,COMUNICADO
AOS NORDESTINOS !!!
(*)
Atenção recebi de Maria
Leide Câmara este
precioso texto. Ela é membro a
Academia Norte Rio Grandense
de
Letras, uma estudiosa da cultura popular potiguar, especialista em
música
popular brasileira e nordestina, em especial.
O
Ministério da Saúde
observou que os nordestinos não estavam entendendo expressões como
"aglomeração", "isolamento e distanciamento social" etc, contidas nas recomendações
de cuidados
e precauções contra a COVID 19. Por
isso resolveu realizar a tradução para o dialeto nordestinês:
1)
Num
se aprochegue
quando vir um magote de gente amontuada;
2)
Se
num tivé outro jeito, e
tiver de entrá no mei de uma cabroeira incarriada, fique na lonjura de
pelo menos meia braça de
cada cabra;
3)
Use
alquingel;
4)
Deixe de aresia e de cê atuleimado,
num se avexe não, discanse na sua tipoia e pare de
batê
perna;
5)
Use
um tapa oio na cara,
tapando a venta e os beiço. Quando
ficá preguento, rebole no mato ou
escalde pra
usar novamente de novo;
6)
Si algum herege achá qui você ta
pareceno uma
marmota, num
se aperrei não;
o
mais arretado é qui
você num
vai pegá e nem passá esse
troço pru zoto.
7)
Com
fé em Padim
Ciço, Frei Damião
e Padre João Maria, essa doença
cachorra da mulesta,
vinda lá da cacha bozó, loguin
loguin vai simbora.
PRESSÕES
POPULARES TEXTO
COMPLETO Retiradas as marcadas em verde.
#fatosefotoadenatalantiga
1.
a emenda foi pior do
que o soneto: ficar pior do que estava
2.
a toda: a toda
velocidade
3.
aos emboléus:
às quedas
4.
abafando a banca:
fazendo sucesso
5.
algodão na folha: antes
da colheita
6.
amigos
da onça: do contra; expressão derivada do personagem humorístico “O
amigo
da
Onça”, criação do desenhista Péricles e publicada na revista “O
Cruzeiro”.
7.
aperreado: nervoso
8.
arisco: cismado,
arredio
9.
arrasta uma asa:
inclinar-se para alguma coisa ou alguém
10.
arriado: apaixonado
11.
arrotando goga:
gabando-se
12.
automóvel de praça:
táxi
13.
azeite às canadas:
furioso
14.
bacora:
chapéu curvo, de aba curta
15.
bagana: resto do
charuto
16.
baiuqueiro: jogadores
de baralho
17.
balzaquiana: mulher
depois dos trinta anos de idade (naqueles tempos, já era considerada
velha...)
18.
bamba: maioral
19.
bas-fond: lugar de
prostituição
20.
batata: exatamente
21.
batatal: exata,
imediata
22.
bateu a linda
plumagem: voar, tomar caminho
23.
bicho danado: corajoso,
impetuoso
24.
blefando: brincando,
debochando
25.
boca da noite: fim de
tarde
26.
braba: brava, rigorosa
27.
bufando: furioso
28.
cabrito: menino,
rapazinho
29.
cafundós do Judas:
lugar muito distante
30.
calunga de caminhão:
empregado que trabalha sobre a carroceria
31.
camisa de onze varas:
dificuldade
32.
caningado:
repetitivo, insistente
33.
canoa policial:
viatura policial
34.
carro de praça (antes
era carro de aluguel): taxi
35.
carta branca:
autorização
36.
casimira: tecido
encorpado, geralmente escuro, muito usado para ternos nesta cidade
tropical
37.
cédulas impressas: no
momento, votava-se depositando nas urnas cédulas impressas
com
o nome do candidato.
38.
center-half: futebol,
correspondente á atual
posição de “meio-de-campo”.
39.
chamada de cana: dose,
trago, porção de aguardente.
40.
chapéu do Chile: muito
usado na época, confeccionado com palhinha fina, tinha abas
largas
e moles, e uma cinta preta em redor.
41.
charivari:
confusão
42.
chato, cacete: pessoa
de contato pessoal desagradável
43.
colocar os pontos nos
i: corrigir, acertar as coisas
44.
comer corda: aceitar e
acreditar em elogios fáceis
45.
como sardinha em lata:
muito apertado
46.
cópia fotostática:
antecessor da cópia xerox, fotografava-se o documento
47.
costas quentes: ter
prestígio, ser protegido por alguém
48.
dançando como uma carapeta:
sem parar
49.
dando bolos: enganar
50.
dar as caras:
comparecer, aparecer em algum lugar
51.
dar esbregue: dar
repreensão
52.
dar o ar de sua graça:
chegar em algum lugar
53.
dar o cavaco:
afobar-se, irritar-se
54.
dar prego sem estopa:
não fazer nada sem garantia de recompensa
55.
dar um pulo: ir a
algum lugar
56.
de oito: não
identificada.
57.
de roldão: em
desordem, confusão
58.
deram o cavaco:
aborreceram-se
59.
desopilar o fígado:
rir
60.
devagar com o andor
(que o santo é de barro): ter calma
61.
do outro mundo:
superlativo, coisa muito boa
62.
do tamanho de um
bonde: grande
63.
eleitor de cabresto:
eleitor que vota conforme manda outra pessoa
64.
encanou: levou “em
cana”, prendeu
65.
enfarpelado: de roupa
nova
66.
entrançando as pernas:
andando
67.
entrou pela perna do
pinto (saiu pela perna do pato): antiga fórmula com que os
contadores
de histórias infantis terminavam um relato
68.
esborrachando: muito
cheia
69.
espíquer:
speaker, assim eram chamados os locutores de rádio
70.
estar com a goitana:
estar furioso
71.
falando sozinho:
derrotado, desapontado
72.
faltar areia nos pés:
ficar desnorteado
73.
fazendo furor: fazendo
sucesso
74.
filhos da Candinha:
mexeriqueiros
75.
foca: aprendiz de
repórter
76.
frouxura:
covardia
77.
fundaram a safra:
iniciaram o plantio
78.
galegos: estrangeiros
79.
gatos pingados: poucos
80.
glostorado:
que usou Glostora,
produto para cabelo, em forma de
óleo ou brilhantina, muito usado na época
81.
granfa:
granfino
82.
Ita: os navios da
Companhia de Navegação Costeira tinham nomes como Itapé,
Itanagé,
etc., que foram abreviados para “Ita”.
83.
jamegão: assinatura
84.
jerimunlândia:
terra norte-rio-grandense
85.
lambedeira: faca,
peixeira
86.
lascou: fazer alguma
coisa com violência
87.
lenga-lenga: conversa
interminável, repetitiva
88.
levar um tesa: receber
uma repreensão
89.
linha justa: controle
político dogmático pelo Partido Comunista.
90.
malhando em ferro
frio: fazendo trabalho sem proveito
91.
mandou mecha: iniciou
alguma coisa
92.
marretar: roubar
93.
matéria plástica: de
matéria plástica = de plástico
94.
mechas
95.
meetings: (influência
do inglês: encontro): comício
96.
meia tigela: sem
importância, inexpressivo
97.
meter os peitos:
entrar, introduzir-se
98.
mexer os pauzinhos:
agir, acionar prestígio para obter algo
99.
muxicão:
beliscão
100.
neris
de pitibiriba: nada
101.
no duro: na verdade,
sem dúvida
102.
oito ou oitenta: ou
tudo ou nada
103.
ouro branco: algodão.
104.
papagaios:
promissórias, documentos resultantes de dívidas em bancos.
105.
parafuso solto: ser
louco
106.
parolagem:
tagarelice, ato de falar demasiado
107.
pé de boi:
trabalhador constante
108.
pegar a xepa: fazer
refeição
109.
pela manga do paletó:
pegar, segurar alguém
110.
pelos cotovelos:
escrever muito
111.
perder o fio da
meada: desorientar-se na conversa
112.
perder vasa: não
perde oportunidade
113.
pince-nez:
(do francês: aperta-nariz), tipo de óculos sem pernas, que se fixava
sobre
o
nariz e se prendia ao paletó por um cordão, em geral, e ouro.
114.
pinicou a burrinha:
esporeou
115.
pintar o sete:
exagerar ao fazer alguma coisa
116.
peruar: observar
(jogo)
117.
ponta de rama: iniciante
118.
queimar as pestanas:
ler, estudar muito
119.
quinta-coluna:
traidor, espião do inimigo (vocabulário do tempo da guerra)
120.
Ray-Ban: modelo de
óculos norte-americanos, em moda durante e depois da guerra
121.
rolo: confusão
122.
sabotagem: prejudicar,
trair; palavra comum ao vocabulário da guerra
123.
shut:
chute
124.
seiscentos diabos:
exagero, aumentativo
125.
slogan: expressão
significativa
126.
sportman:
desportista
127.
tabuleiros: terras
areentas pobres em vegetação
128.
tim-tim
por tim-tim:
passo-a-passo, pormenorizadamente
129.
tira-gosto: porção de
alimento ou fruta, que acompanha a bebida.
130.
torres: formação de nuvens
prenunciadoras de chuva
131.
trocar as bolas:
confundindo
132.
urros de Tarzan:
personagem de romance e filmes cinematográficos, Tarzan se
anunciava
com um grito bem característico
133.
vendendo azeite às
canadas: raivoso, furioso,
134.
virou bicho:
enfureceu-se
135.
volante: companhia
policial que combatia os bandos de cangaceiros
Fonte:
Texto do jornalista
Djalma Maranhão publicado no Diário de Natal em 1949
O que significa “No frigir dos ovos”? (autoria desconhecida)
"Não é à toa que os estrangeiros acham nossa língua muito difícil.
Como a língua portuguesa é rica em expressões!
Veja o quanto o vocabulário “alimentar” está presente nas nossas metáforas do dia-a-dia. Aí vai.
Pergunta:
– Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão “no frigir dos ovos”?
Resposta:
– Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar.
Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem ideias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas. Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.
Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos. Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.
Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese… etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou. O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente. Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco… A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.
Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.
Entendeu o que significa “no frigir dos ovos” ?”