Jornal
da Gíria Ano XVIII- Nº113 – Novembro e Dezembro de 2017
Jornal da Gíria: 18 anos. 625 mil
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portuguesa e que é do seu interesse conhecer.
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Veja o que mandou António Pinho, de Lisboa: A origem da língua portuguesa:
https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I
Veja o que me mandou
Rubem Amaral Junior :
ATUALIZANDO ; 273 MILHOES DE PESSOAS FALAM A INGUA PORTUGUESA
pAISES |
POPULAÇÃO |
BRASIL |
207,6 MILHÕES |
ANGOLA |
26,0 MILHÕES |
MOÇAMBIQUE |
25,0 MILHÕES |
PORTUGAL |
10,5 MILHÕES |
GUINÉ BISSAU |
1,8 MILHÃO |
GOA |
1,7 MILHÃO (*) |
GUINE EQUATORIAL |
700,0 MIL |
MACAU |
640,0 MIL (**) |
CABO VERDE |
550,0 MIL |
SÃO TOME E PRINCIPE |
200,0 MIL |
TOTAL |
274,0 MILHÕES |
(*) Território Indu (**) Território Chinês
NE – Na Comunidade dos Paises de Lingua Portuguesa, sediada em Lisboa, há indicação de que Macau gostaria de ser membro da Comunidade, mas é verdade que os chineses cada vez inibem os que falam português
em Macau e caminham para destarutir todos os traços da presença de Portugal no enclave chinês. Quanto a Goa, a pressão indu é mais forte e pouco a pouco somem os traços da presença portuguesa em Goa.
As
“infermidades” ou enfermidades da língua portuguesa
JB Serra e Gurgel (*)
Há anos que trabalho com gíria, a 2ª.língua dos brasileiros de todas as cores, tribos. idade, sexo. escolaridade, gênero, grau, renda, classe, família, moradia, preferencias, plumagem, ideologia, estado civil, militar, religioso,
jurídico e o escambau a quatro. Sou autor de um Dicionário de Gíria, abençoado por Antonio Houaiss e que teve, na estreia , o prefacio de Arnaldo Niskier, então presidente da Academia Brasileira de Letras. Comecei em
1985 com5 mil verbetes, se tanto, e na 8ª. Edição, passei do 30mil, incorporando inclusive as gírias mais comuns de Portugal. Angola e Moçambique e não me foi possível chegar a Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe, Goa e Macau, possessões da civilização portuguesa na India e na China, em processo de extinção..
Aprendi que um brasileiro comum, semi alfabetizado, autodidata ou analfabeto funcional, com o estudo que o Estado referenda, tem um equipamento linguístico muito curto, de mil palavras, 80% gírias. Nos últimos 50 anos,
nada mudou. 90% não leem um livro por ano. Daí porque é baixo o nível de leitura dos brasileiros.
Um brasileiro médio, com o 1º e o 2º graus completo, usa mais ou menos 2 mil palavras. 80% gírias. 80% não leem um livro por ano, não leem revista e jornal só os chamados populares, de letras grandes, mulheres peladas, sangue e crimes cabeludos.
Um brasileiro, de nível superior, feito nas coxas, com alguma leitura ,chega as 3 mil palavras. 60% gírias. 50% nao lem um livro por ano.
Um brasileiro, de nível superior com muita leitura, chega as 5 mil palavras, domina a língua portuguesa, com a norma culta e língua padrão. Usa pouco a gíria. Lê muito livro, jornal e revista.
Dos meios de comunicação no Brasil, as revistas fazem pouco uso da gíria. Os jornais dos públicos A e B, até bem pouco tempo, usavam gírias com aspas ou itálico; Hoje, aderiram. Já os jornais dos públicos C e D, que se dedicam
a futebol, mulher pelada, crime de todo tipo, policia de todo tipo, fuleiragem e putaria, usam e abusam da gíria.
O radio é giria pura;
A televisão quando se voltava para mercado A e B não usava a gíria, mas já desceram do telhado e hoje , voltada para as periferias e o povão das classe C e D, aderiram à gíria com diretores, redatores, âncoras e elenco, na sua ampla
e generosa maioria semi-analfas. Não falam uma frase completa fora do texto. Aí só cacos.
A internet, o novo mundo virtual, criou sua própria linguagem, e no Orkut, Face book, Twiter, Instagram, simplificou a reduziu a linguagem quase à perfeição do sincrétsmo e com base na metrica de caracteres possíveis e admissíveis.
Na internet, é importante ressaltar que os sites informativos e de busca, primam por usar norma cultura da língua portuguesa, o que é um indicador de excelência e de civilização, e que embanana milhões que acessam.
Quando iniciei minha caminhada pelo latifúndio gírio descobri que a gíria nasceu no Rio de Janeiro e era linguagem da marginalia, da malandragem, , policiais, bandidos, muitos deles vindos de Portugal, Argentina, Espanha e Italia.
Os daqui habitavam cortiços, barracos e favelas pendurados nos morros do Tunel Novo em direção à Zona |Norte, esparramando-se por trens, ônibus , bondes nos espaços em que as conversas , as noticas e os babados eram faladas no idioma gírio, o único conhecido por todos.,
As tribos universais, com a transplantação cultural, criaram suas gírias, com base nos seus códigos de conduta, de comportamento, de linguagem e interesses, , como fizeram hippies, surfistas, pops e as periféricas incorporaram os punks, funks e rappers. Suas gírias traduzem expressões
de outras línguas, especialmente a inglesa, com forte contratação e aliteração e fusão de sons, signos e significados.
Neste momento, estou fechando a 9º edição do meu Diciunari0 de Gíria. Não acredito que chegue as 35 mil, 90% de termos vivos, alguns com mais de 100 anos de vida útil. O que é uma barbaridade e uma raridade. O que fortalece o principio básico da minha tese: a gíria ´´e um modismo
que vai e volta, é a língua viva, a língua falada, a língua que as pessoas decodificam e se entendem.
Acredito pelo conjunto do meu acervo de livros de gírias de quase todos os estados brasileiros - . Só não consegui reunir de Tocantins, Sergipe, Mato Grosso, Roraima, Amapá - o nosso patrimônio gírio deva conter cerca de 100 mil palavras, o que é muito, considerando que o patrimônio
da língua portuguesa é de cerca de 500 mil, entre a çlingua viva e morta.. Teriamos um quinto!
Temo enfrentar situações constrangedoras e “enfermidades” linguísticas.
Muito embora , Antenor Nascentes, em 1954, ,quando lançou seu Dicionário de Gíria, tenha tido o cuidado de advertir que não se censuraria e colocaria todos os termos , mesmos os mais indecentes, ressalvou que “em Ciência não há indecência”, hoje grassa nesta banda do Atlântico Sul a
censura do “politicamente correto” , ícone das minorias radicais que querem impor seu pensamento às maiorias silenciosas e também intimidar pesquisadores da língua portuguesa obriga-los a excluir de seus trabalhos termos e expressões sob pena de severas punições e execrações.
Lembra os ritos da Santa Inquisição que assolou a Península Ibérica e que levou Manuel Joseph Paiva a publicar, em 1759, há 258 anos, “Infermidades da lingua e arte que a ensina a emudecer para melhorar” , que eram palavras correntes mas que foram banidas e que hoje constam
deste livro. Por obra do arcaico e da velharia muitos saíram de moda e muitos sobrevivem, no fluxo e contrafluxo do modismo linguístico. Emudeceram as”enfermidades” que tiveram uma recaída e foram resgatadas.
JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor, serraegurgel@gmail.com
Gírias
do Amapá
Colaboração de Marcia Maria Gurgel Serra Barrera, Ialle Borges Gurgel e Yasmim Gurgel, de Macapá;
abestado |
besta |
alvará |
quem dirá |
arreda aê |
afasta aí |
asilando |
dando em cima |
baita |
legal |
bora lá |
vamos lá? |
bora la só tu |
eu não irei |
carapanã |
mosquito |
caparanã comeu vuou |
comeu saiu |
da de emprestar |
pegar emprestado |
da de fazer |
da para fazer |
da rocha |
assunto com convicção |
dando em cima |
paquerando |
de rocha |
palavra ou assunto de convicção |
derrubar |
entregar dedurar |
despombalecido |
moleza enfermidade |
diacho |
desapontamento |
dicascar |
descascar |
discunjuro
até |
Deus me livre |
dizar |
deu um fora, se esquivou |
é pissica da braba |
mandinga |
é o vai da estrela |
com certeza ele não vai |
êêê...... |
quando algo que se conta é mentira |
éééé´guaaaaaa |
muito espanto |
é-gu-á |
poxa |
égua da largura |
muita sorte |
égua da potoca |
que mentira |
égua moleque |
surpresa, alegria ou raiva |
égua moleque tu é doido |
fato realmente surpreendente |
égua não |
não acredito |
eita porra |
impressionado |
ele é do tempo da calça tucandeira |
calça da barra curta |
esbandalhar |
quebrar |
esmigalhar |
desmanchar |
essa é da grife do varal |
roubada |
esse um ou aquele um |
para se referir a pessoa ou objeto |
eu choooro |
dá teu jeito |
filho duma égua |
filho da mãe |
fooolêgo |
muita admiração |
gala seca |
idiota |
gastar o shampoo |
derramar |
indio comido indio ido |
comeu saiu |
já estás no teu momento |
fazer algo que chame atenção |
já me vu |
tchau |
já tá do meio dia pra tarde |
quase acabando, velho ou quase morto |
já vale |
quando alguem faz algo que outra
pessoa não gosta |
levar o farelo |
morrer |
levou ou deu um nike |
levou um fora |
logo quem não? |
já esperava isso dele |
mas quando |
você está mentindo |
mas quando |
não negação |
mas uh caralho |
muita admiração |
mas tu é mioto pau no cú |
idiota |
mais como então |
me explique |
maninho, maninha |
qualquer pessoa conhecido ou não |
mas credo |
sai fora |
merda/bosta n agua |
Maria vai com as outras |
migué |
mentira, mentiroso |
miudinho |
pequeno |
muienxerido |
intrometido |
muito escroto |
muito ruim |
muito palha |
muito ruim |
na moral |
na cara de pau |
não é cuia |
claro que é |
não é pão |
claro que
é também |
não é pão |
claro que não |
não é cuia |
claro que sim |
não maxo |
|
nãoooooo |
ironizando uma negação |
não que não |
afirmando com convicção |
o ciclano |
aquela pessoa |
olha já |
é mentira |
olha que o pau te acha |
toma cuidado |
paga uma aí |
paga uma bebida |
paidégua |
muito legal |
pega te |
tome esta ou pegue esta |
peidado do juízo |
este é louco |
pior né? |
afirmação verdade |
pitiu |
cheiro de peixe |
porrudo |
algo grande |
putistanga |
poxa vida |
rapidola |
rapidinho |
sai pra lá |
|
só o filé da gurijuba |
bacana, legal ótimo |
só a poupa da bacaba |
bacana, legal ótimo |
só dou-te na cara |
vou te bater |
só pode ser feitiço |
quando algo dá errado |
só te digo vai |
chamar atenção dos filhos |
tá lá uma hora dessa |
qualquer hora |
ta nessa? |
|
tá porre |
está bêbado |
tá remando pra beira |
tomando cuidado , sendo cauteloso |
táaaa cheiroso |
tu jura |
táaaa não |
nunca |
te acoca |
te abaixa |
te doidé |
|
teu cú |
claro que não |
to mordido |
de raiva |
toma te |
bem feito para você |
tu alopras |
você apela |
tu acha isso bonito? |
reprovação |
tu te manca |
|
tucandeira |
pegando siri |
tú é o belo velho |
o mesmo que tá cheiroso |
tu juura não |
claro que não |
tu ta castelando |
tá negando algo |
tuíra |
pó na pele de quem não toma banho
direito |
uuuuuulha |
veja |
ulha disk |
espanto com desdém |
umboraimbora |
vamos embora? |
vai bem ali logo |
|
vai querer queixar? |
vais enganar |
vigia bem |
presta muita atenção |
vigia o que tu tas fazendo |
presta atenção |
virar o zezeu |
botar para quebrar |
xarlando |
se exibindo |
zé ruela |
Babaca |
Obiang
decretou o português como língua co-oficial, ainda que 90% da população
fale
espanhol
Javier
Martín del
Barrio, Corresponsal
en Lisboa , Lisboa
21 JUL 2014 - 12:59
BRT
Foram necessários oito anos, mas na quarta-feira outro de seus sonhos será realizado. Teodoro Obiang conseguirá que a Guiné Equatorial seja admitida na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) como
membro com plenos direitos.
Durante esses oito anos de tentativa, o presidente do país teve de superar vários desafios, o maior deles o fato de que quase 90% da população fala espanhol. A própria petição de adesão à comunidade lusófona foi
escrita em castelhano. Durante anos, Portugal vetou o ingresso se a Guiné mantivesse a pena de morte.
Na próxima quarta-feira, na
reunião no Timor, que reúne
os dirigentes dos oito estados pertencentes a essa comunidade (Angola,
Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor)
erá aprovada a entrada para todos os efeitos do nono país, a Guiné
Equatorial
que, desde 2010, assistia aos encontros na qualidade de observador. Um
ano
depois, Obiang decretou que o português era a língua co-oficial
do país, assim como o espanhol e o francês; no entanto, na prática, essa língua não existia na rua nem na administração.
A Guiné Equatorial pode alegar que tem tantas raízes portuguesas quanto espanholas. O navegante Fernando Pó descobriu o país em 1474 e até 1778 a região pertenceu à coroa portuguesa. Nesse ano, Carlos III da Espanha
firmou um protocolo com Maria I de Portugal para trocar a Guiné por territórios brasileiros. Até 1969, a Guiné não conseguiu a independência da Espanha; dez anos depois, Teodoro Obiang Nguema estava à frente do país.
Durante
anos, Portugal vetou o ingresso se a Guiné mantivesse a pena de morte
O grande avalista da entrada da Guiné Equatorial na comunidade portuguesa é o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Entre ele e Obiang existe uma amizade baseada no acesso ao poder quase ao mesmo tempo e em
situações similares; e com as mesmas armas, ambos se mantêm.
A maior rejeição quanto à incorporação dessa pequena nação em termos populacionais —são só 700.000—, mas grande em recursos energéticos, porém, sempre foi Portugal, que exigia que o português fosse uma língua de uso
corrente —para além do decreto— e que se eliminasse a pena de morte. Em 2012, a reunião de Maputo (Moçambique), Portugal manteve o veto, mas Brasil, Timor e São Tomé votaram ao lado de Angola.
Mas desde então Obiang vem cumprindo as condições de incorporação, inclusive aprendendo o idioma. Seu Governo firmou acordos com Portugal para a formação de professores e de funcionários nessa língua. E, o mais difícil,
em fevereiro Obiang se comprometeu a congelar a pena de morte, semanas depois de ter executado quatro pessoas.
A função da CPLP —criada em 1996— não vai muito além de uma reunião bianual de chefes de Estado para tratar de temas culturais e sociais, com poucos efeitos práticos. Nem mesmo o acordo para uma ortografia comum,
aprovado em 1990, foi implantado em todos os países membros. No entanto, a Guiné Equatorial busca uma presença maior na comunidade internacional e para assim ir mudando sua imagem de regime ditatorial. O país é membro
também da Organização de Países Ibero-americanos, mas não da organização de países francófonos.
A
função da CPLP não vai muito além de uma reunião bianual para tratar de
temas
com poucos efeitos práticos
Além de suas reservas energéticas, a Guiné é cortejada por seu voto na ONU, como se viu recentemente com a entrevista do presidente espanhol, Mariano Rajoy, no encontro de países africanos do mês passado.
Já há 35 anos no poder, o presidente Obiang têm a honra de dirigir o país com a maior desigualdade do mundo: é o 40o por Produto Interno Bruto, teodoricamente de 17.278 euros per capita —na Espanha, são 22.400—,
mas ocupa a 136a posição no índice de desenvolvimento humano. Apesar da riqueza, a metade da população não tem nem água potável.
Com
uma visão muito clara sobre o consumo de livros no Brasil
e novas tecnologias, Pedro Herz acredita que leitor se faz em casa
Em 1938, um casal judeu deixa a Alemanha nazista e embarca em um navio com destino praticamente desconhecido. Os dois chegam à Argentina, mas conseguem mudar para o Brasil, especificamente
para a cidade de São Paulo, a procura de novas oportunidades. Eva Herz, a esposa, começa a alugar livros para imigrantes vizinhos e, aos poucos, constrói uma das livrarias mais conhecidas do País.
Parece resumo de livro, mas essa é a origem da Livraria Cultura e a história dos pais de Pedro Herz, herdeiro e dono da marca, considerada um reduto para os amantes dos livros. O que começou na sala
de
casa se transformou em 18 lojas
espalhadas por oito estados. Em entrevista ao Estadão, Pedro Herz, um
dos
palestrantes da Semana Pró-PME,
fala sobre a principal chave
para empreender: honrar compromisso.
Sergio
Castro
:.Saiba
mais sobre e Semana Pró-PME.:
Como
você enxerga o empreendedorismo no Brasil?
Acho que se confunde muito o que é empreendedorismo. Se você muda o caminho para voltar pra casa e ganha 30 minutos a mais no seu dia você está empreendendo.
Empreender é descobrir algo novo, uma nova forma de fazer.
Existem
várias maneiras de empreender. Você pode se juntar com seu amigo e
abrir um bar ou formar uma banda. O importante é saber que empreendedor
não é
profissão.
Nesse
momento, muitos estão se arriscando e começando a empreender. O que
você diria
para esses futuros empreendedores?
Eu só aprendi com os meus erros, até porque os acertos são intuitivos. Acredito que a gente tem que honrar o compromisso que assume. Parece que a palavra
compromisso foi erradicada do nosso vocabulário. Quando eu empreendo, eu assumo um compromisso com o meu colaborador que está ao meu lado e tenho que remunerá-lo por isso.
Eu também tenho um compromisso com o meu cliente, eu tenho que entregar o que eu prometo, o cliente é meu chefe. Tem que saber fazer aquilo o que você se propõe. Como eu vou abrir
um restaurante se eu não sei ligar o fogão? Você tem que se preparar para isso, tem que trabalhar, nem que seja de garçom. E tem que saber como é lidar com dinheiro, como você vai bancar
seu
negócio, como vai
amortizar o déficit. Não tem fórmula, é preciso vocação e capacidade.
Não
existe realidade imediata, não tem copy/paste.
Você
nunca teve resistência com novas tecnologias, sempre acompanhou e
investiu na
novidade. Como enxerga esse momento extremamente tecnológico para o
mercado
literário?
Nunca tive problemas. Em 1994, com a chegada da internet, fui pioneiro no mercado. Você tem que inovar. Sobre os readers, eles são uma nova mídia a favor do consumidor. Eu posso ler um livro que
pesa 1 kg em um aparelho de 80 gramas, ou
seja, é extremamente confortável para o leitor.
Com
essa facilidade dos readers, as vendas de e-books estão crescendo?
Pelo contrário, estão caindo vertiginosamente. Aparelho não faz leitor. Leitor se faz em casa. Se, cada vez mais casais não querem ter filhos, teremos menos leitores, porque nós estamos mal na escola.
Precisamos tentar descobrir o que é ler. Eu acho que faz parte de ouvir, nós não ouvimos mais o que o outro diz. Nós só estamos falando, não conseguimos ficar calados. E digitar é falar. Se você entra em um elevador,
100% das pessoas estão falando e ninguém está ouvindo. E isso acontece em todos os espaços. Outro dia tive que dar um berro no cinema, é uma loucura. E se eu vou ver um filme, um espetáculo de música, se eu leio um livro, isso é ouvir.
Se eu escuto, aquilo pode me tocar, me
emocionar e então eu vou comprar aquela música, vou até reler aquele
texto.
O
que
pensa dos escritores que estão publicando de forma independente?
Ele
está
assumindo um risco. Publicar um livro é uma coisa, o problema é
encontrar o
leitor. Nós temos um consumo muito baixo de livro per capita.
Como
você enxerga essa onda conservadora que prejudica a produção artística
no
Brasil, com o cancelamento de exposições e peças de teatro, por exemplo?