Jornal
da Gíria Ano XVII- Nº103 – Março e Abril de 2016
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Rubem Amaral Junior :
QUE OS BRASILEIROS CULTOS PENSAM SOBRE O ACORDO
ORTOGRÁFICO DE 1990
AO
CUIDADO DO NOVO GOVERNO DE PORTUGAL
Fonte
das imagens:
https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90/photos/a.645082112260127.1073741829.199515723483437/652947688140236/?type=3&theater
tags: acordo
ortográfico de 1990, brasileiros,
governo,
novo
governo de portugal, portugal
publicado
por Isabel A. Ferreira às 18:57
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01.01.2016Versão
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Com o Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, os livros devem ser publicados sob as novas regras, sem
diferenças
de vocabulários entre os países
As regras do Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa são obrigatórias no Brasil a partir de hoje (1º). Em uso
desde 2009, mudanças como o fim do trema e novas regras para o uso do hífen e
de acentos diferenciais agora são
oficiais com a entrada em vigor do acordo,
adiada por três anos pelo governo brasileiro.
Assinado em 1990 com outros
Estados-Membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para
padronizar as regras ortográficas, o acordo foi ratificado pelo Brasil em 2008
e implementado sem obrigatoriedade
em 2009. A previsão
inicial era que as regras fossem cobradas oficialmente a partir de 1° de
janeiro de 2013, mas,
após polêmicas e críticas da sociedade, o governo adiou a
entrada em vigor para 1° de janeiro de 2016.
O Brasil é o terceiro dos oito países
que assinaram o tratado a tornar obrigatórias as mudanças, que já estão em
vigor
em Portugal e Cabo Verde. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste ainda não
aplicam oficialmente as novas regras
ortográficas.
Com a padronização da língua, a CPLP
pretende facilitar o intercâmbio cultural e científico entre os países e
ampliar
a divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa, já que os
livros passam a ser publicados sob as novas
regras, sem diferenças de
vocabulários entre os países. De acordo com o Ministério da Educação, o acordo
alterou
0,8% dos vocábulos da língua portuguesa no Brasil e 1,3% em Portugal.
Alfabeto, trema e acentos
Entre as principais mudanças, está a
ampliação do alfabeto oficial para 26 letras, com o acréscimo do k, w e y. As
letras já são usadas em várias palavras do idioma, como nomes indígenas e
abreviações de medidas, mas estavam
fora do vocábulo oficial.
O trema – dois pontos sobre a vogal u – foi eliminado, e pode ser usado apenas em nomes
próprios. No entanto, a
mudança vale apenas para a escrita, e palavras como
linguiça, cinquenta e tranquilo continuam com a mesma
pronúncia.
Os acentos diferenciais também
deixaram de existir, de acordo com as novas regras, eliminando a diferença
gráfica
entre pára (do verbo parar) e para (preposição), por exemplo. Há exceções
como as palavras pôr (verbo) e por
(preposição) e pode (presente do indicativo
do verbo poder) e pôde (pretérito do indicativo do verbo poder), que
tiveram os
acentos diferenciais mantidos.
O acento circunflexo foi retirado de
palavras terminadas em “êem”, como nas formas verbais leem, creem, veem e
em
substantivos como enjoo e voo.
Já o acento agudo foi eliminado nos
ditongos abertos “ei” e “oi” (antes "éi" e "ói”), dando nova
grafia a palavras
como colmeia e jiboia.
O hífen deixou de ser usado em dois
casos: quando a segunda parte da palavra começar com s ou r (contra-regra
passou a ser contrarregra), com exceção de quando o prefixo terminar em r
(super-resistente), e quando a primeira
parte da palavra termina com vogal e a
segunda parte começa com vogal (auto-estrada passou a ser autoestrada).
A grafia correta das palavras conforme
as regras do acordo podem ser consultadas no Vocabulário Ortográfico da
Língua
Portuguesa (Volp), disponível no site da Academia Brasileira de Letras (ABL) e por meio de
aplicativo para
smartphones
e tablets, que pode
ser baixado em dispositivos Android, pelo Google Play, e em dispositivos da
Apple, pela App Store.
Reporter: Luana
Lourenço, Edição: Juliana Andrade,
Agência Brasil 01.01.2016
Na primeira etapa, IILP pretende
definir termos comuns para áreas prioritárias dos países, como
a agricultura
Os países de língua portuguesa poderão
ter um vocabulário comum para as áreas da ciência e tecnologia. O projeto é
do
Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e busca estimular o
intercâmbio dos trabalhos
desenvolvidos entre os países e facilitar a tradução
e a interpretação de outros idiomas para o português.
Com sede em Cabo Verde, o IILP é uma
instituição da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). A
entidade
tem personalidade jurídica e autonomia científica, administrativa e
patrimonial. Integram a CPLP Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné
Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Segundo a diretora executiva do IILP,
Marisa Mendonça, o instituto buscará, ainda em janeiro, financiamento com
os
países da CPLP para tirar o projeto do papel. Para a primeira fase de execução,
são necessários 130 mil euros.
Atualmente, cada país usa palavras
científicas próprias. O projeto pretende padronizar a linguagem. “Cada país
está
usando uma terminologia própria, de acordo com a sua experiência. O
objetivo é criar uma terminologia consensual
nos diferentes trabalhos para que
realmente possa ser usada na tradução e na interpretação, com termos mais
homogêneos”, explica Marisa.
Segundo a diretora executiva do IILP,
a questão não é novidade. O projeto chegou a ser aprovado pelos países, mas
falta financiamento. “A primeira etapa já está desenhada é muito chave. A
partir dela, vamos ver como podemos
caminhar e quais as capacidades que temos”,
diz.
Na primeira etapa, a entidade pretende
definir termos comuns para áreas prioritárias dos países, como a agricultura.
De acordo com Marisa, todos os países devem estar envolvidos.
“Uma das primeiras ações é a formação
de equipes nacionais. Há uma diferença muito grande em recursos
especializados
em cada um dos países. Em alguns há muitos especialistas em terminologias. Em
outros, não.
Temos de começar por ai, formando equipes”. O vocabulário definido
será oferecido gratuitamente pela internet.
Mariana
Tokarnia - Repórter, Edição:
Wellton Máximo,
Agência Brasil 17.01.2016
Em 1º de janeiro, as regras do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa tornaram-se obrigatórias no Brasil.
A intenção é que as palavras em
português sejam escritas da mesma forma em qualquer um dos países que falam o
idioma.
A Agência Brasil conversou com a diretora executiva do Instituto
Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Marisa Mendonça,
para saber como
está a implementação do Acordo nos demais países de
língua portuguesa.
“Os países estão em estágios
completamente diferentes. Não só no que tange a decisão das autoridades
[responsáveis por ratificar e coordenar o processo de implementação],
mas nas possibilidades financeiras e de
recursos humanos para apoiar esse
processo”, avalia Marisa.
Com sede em Cabo Verde, o IILP é uma
instituição da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) com
personalidade jurídica e autonomia científica, administrativa e patrimonial. O
instituto monitora a implementação
do acordo em cada
país e oferece apoio no processo. Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste.
Leia os comentários feitos por Marisa
sobre a implementação do Acordo em cada um dos países
da CPLP:
Guiné-Bissau
É um país que enfrenta problemas de instabilidade social e política graves.
Disputas internas político-partidárias
travam projetos de governo e têm levado
à deposição de parlamentares: “Para a Guiné-Bissau, as prioridades devem
ser
outras neste momento. Permitir que o país encontre estabilidade para que isso
possa servir de base para o
cumprimento de protocolos e de processos com os
quais o país se comprometeu, entre eles o acordo ortográfico.”
Guiné Equatorial
Tornou-se membro efetivo da CPLP em 2014. O país busca resgatar a língua
portuguesa no território, que tem como
línguas oficiais o francês, o espanhol e
o português, falado na Ilha de Ano-Bom e que deu origem à variante ano-
bonense:
“A Guiné Equatorial busca a reimplementação da língua portuguesa no território.
A grafia que será
prevalecerá será a nova. É uma situação completamente
diferente da dos outros países.”
Moçambique
O acordo ainda não foi ratificado no país. Moçambique passou por novas eleições
em 2014 e, segundo Marisa,
há esperança que o acordo ganhe espaço com os novos
representantes: “Temos agora no país um governo com
prioridades muito
demarcadas de nível econômico, social e político. Queremos crer que agora a
implementação
do acordo ortográfico será realizada, dentro daquilo que as
autoridades moçambicanas acharem que é confortável e de
acordo com os recursos
que o país possui.”
Portugal
O país terminou o processo de transição no ano passado. As crianças e os jovens
estão aprendendo nas escolas a
nova ortografia. Ainda há resistência por parte
de setores da sociedade que encaram as mudanças como perda de
identidade. Para
Marisa, esses grupos são minoria. “Acho natural que haja pessoas que se oponham
ao acordo:
Os acordo provoca sempre desacordos, até
nas coisas mais simples do cotidiano. Estamos falando de hábitos,
de forma de
escrever. Muita gente já estava habituada [às normas antigas]. Eu não consigo
pensar em um retrocesso
desse processo, nem em Portugal, nem no Brasil.”
Timor-Leste
O tétum e o português são as duas línguas oficiais do país, enquanto o
indonésio e a língua inglesa são consideradas
línguas
de trabalho pela atual constituição. Mesmo assim, o português não é amplamente
falado pela população:
“O grande objetivo do país é ter a língua portuguesa
presente junto dos demais idiomas, então eles não estão tão
focados no
preciosismo da grafia.”
São Tomé e Príncipe
Foi o quarto país a ratificar o acordo. Ele está sendo
aplicado desde janeiro de 2012 e já é usado nos documentos
do Estado e de
demais organismos oficiais.
Angola
O país ainda não ratificou o acordo. No entanto, foi um dos que mais contribuiu
financeiramente para a elaboração
do vocabulário comum, que reúne todas as
palavras da língua e é ferramenta imprescindível para uma melhor aplicação
do
acordo: “As instituições do Estado estão trabalhando para a ratificação do
Acordo. Não cabe a nós pressionar nem
Angola nem nenhum dos demais países.”
No Brasil
Apesar de terem se tornado obrigatórias apenas este
ano, as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
já estão
presentes em livros, veículos de comunicação, comunicados oficiais do governo e
materiais didáticos usados pelas
escolas em todo o país. Segundo o integrante
da Academia Brasileira de Letras, Evanildo Bechara, acadêmico, professor
e
filólogo, o que faltava ao Brasil era a obrigatoriedade.
“O que estava faltando era entrar em
vigor, todo mundo passar a usar. Quando todos usarem as novas regras, as
deficiências
serão ressaltadas e, então, se impõe algumas mudanças”, diz
Bechara. Ele exemplifica o que ocorreu no Brasil há alguns anos.
Até agora, o
Brasil usava um sistema definido em 1943. Em 1971, o país fez algumas mudanças.
Retirou do idioma escrito, por
exemplo os acentos
diferenciais: antes, escrevia-se êle e govêrno, palavras hoje sem acento.
Assinado em 1990 com outros
Estados-Membros da CPLP para padronizar as regras ortográficas, o acordo foi
ratificado pelo
Brasil em 2008 e implementado sem
obrigatoriedade em 2009. De acordo com o Ministério da Educação, o acordo
alterou 0,8%
dos vocábulos da língua portuguesa no Brasil e 1,3% em Portugal.
O português, explica Bechara, era a
única língua com grafias diferentes, o que dificulta a publicação de documentos
de organismos
internacionais no idioma, que tinham de ser adequados à grafia de
Portugal e do Brasil. “Isso dificulta a difusão e a expansão da
língua no
mundo. Como a língua portuguesa está entre as mais faladas, exige maturidade
política e uma decisão científica no sentido
de chegar a um acordo”, comenta.
“Essa unificação não significa unificar a língua. Portugal e Brasil continuarão
com as respectivas
pronúncias. A reforma é na língua, para resolver um problema
ortográfico.”
Mariana
Tokarnia – Repórter ,
Edição: Wellton Máximo , Agência Brasil , 17.01.2016