Jornal
da Gíria Ano XVII- Nº104 – Maio e Junho de 2016
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Veja o que mandou António Pinho, de Lisboa: A origem da língua portuguesa:
https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I
Veja o que me mandou
Rubem Amaral Junior :
Muitos
brasileiros não entendem tudo o
que leem, diz estudo
Estudo mostra que o Brasil reduziu o
número de analfabetos. Hoje
73% sabem ler e escrever, mas 65% tem algum nível
de dificuldade.
19/02/2016
21h43 - Atualizado em 19/02/2016 21h43
Uma
pesquisa sobre alfabetização chamou atenção pra
dificuldade que os brasileiros têm para entender o que leem.
O reflexo disso
aparece no mercado de trabalho.
Começamos
pela notícia boa para os brasileiros. Nos
últimos 15 anos o número de analfabetos no Brasil caiu de 12%
para 4% da
população. Se unirmos analfabetos com os que até leem o nome ou o
letreiro do
ônibus temos os analfabetos
funcionais. Número
que
também caiu em 2001 eram 39%, hoje são 27.
A
notícia ruim vem dos alfabetizados. Hoje 73%
sabem ler e escrever, mas 65% tem algum nível de dificuldade.
Então
de acordo com a pesquisa, só 8% dos
brasileiros estão nesse melhor índice de alfabetização, conseguem ler
e
interpretar qualquer tipo de texto, por mais complicado que ele seja.
Agora se
a gente for olhar a divisão por trabalho,
por área de trabalho, tem três
setores que tem uma média bem melhor, até maior que o dobro da média
nacional.
São
eles: comunicação, artes e cultura com 26%,
administração publica 18% dos trabalhadores desses setores
estão
nesse melhor
nível de alfabetização e educação com 16%. Esses são os melhores
resultados
nacionais. Agora, vamos
combinar que esses não são números muito bons não.
Os
resultados são ainda piores em outros setores.
Construção civil ou indústria tem só 3% no melhor nível de
alfabetização.
Comércio 10%. E a área de saúde apenas 11%.
“Saúde
e educação encontram até um percentual de
profissionais proficientes maior
do que outros
setores. Mas se você pensar
especificamente nos dois setores, na importância do
letramento, do alfabetismo, na saúde e principalmente na educação, o
nível
é
baixo”, diz Ana Lúcia Lima, coordenadora da pesquisa.
Quer
ver um exemplo? Muita gente que vai prestar
concurso corre atrás de reforço.
“A
maioria das questões não é você resolver o
problema da matemática. Conta qualquer um faz. Só que você tem que
pegar a
interpretação do texto pra passar pra conta”, explica Alan Galvão,
eletricista.
Mas
como estamos falando de profissionais, já
adultos e formados, os pesquisadores garantem que a melhoria da escola
não
vai
resolver o problema desse pessoal. A ajuda tem que vir do próprio
mercado.
Coisa
que uma gigante do
setor de vestuário já percebeu. Oferece
para os
funcionários cursos, aulas, programas pra estudar
em casa. Foi um bom negócio?
“Treinar
é muito melhor do que trocar, não só pelo
custo, pelo desempenho. É um dos fatores de retenção muito claros da
nossa
equipe”, diz Michel Sarkis,
empresário.
Reflexões
de um suposto coxinha
Artux
Xexeo
Publicada
em O GLOBO em 27,03.2016
Gente
que dividia comigo a mesma ideologia hoje se
comporta como inimiga. Um muro foi erguido para me separar desses
amigos
Ando
sensível. Acho que já contei
isso aqui. Choro à toa. Antes era com comercial de margarina, cenas de
novela,
trechos do filme.
Agora, é lendo jornal. Cada notícia da Lava-Jato, de início,
me enche de indignação. Em seguida, fico triste. É aí que choro. Ando
tendo
vontade de chorar também em discussões com amigos. Gente que tempos
atrás
dividia comigo a mesma ideologia hoje se comporta como
inimiga. Ou sou eu o
inimigo? De qualquer maneira, num mundo que derrubava muros, de
repente, um
muro foi erguido para me separar
desses amigos. Tento explicar como vejo o
trabalho de Sergio Moro e nunca consigo terminar o raciocínio. No meio
da
discussão, me
emociono, fico com vontade de chorar e prefiro interromper o
pensamento. “Coxinha”, me xingam
nas redes sociais.
Bem, se o mundo
está obrigatoriamente dividido entre coxinhas e petralhas,
não tenho como fugir: sou coxinha!
Leio
na internet que “coxinha” é
uma gíria paulista cujo significado se aproxima muito do ultrapassado
“mauricinho”. Mas, desde a
reeleição de Dilma, esse conceito se ampliou. Serviu
para definir de forma pejorativa os eleitores de Aécio Neves. Seriam
todos
arrumadinhos, malhadinhos, riquinhos e votavam em seu modelo. Isso não
tem nada
a ver comigo. Mas, nesta briga de agora, estou
do lado que é contra Lula, logo
sou contra os petralhas,
logo sou coxinha.
Gostaria
de falar em nome da
democracia. Mas não posso. A democracia agora é direito exclusivo
dos meus amigos que estão do outro
lado do muro. Só eles podem falar em nome
dela. Então, como coxinha assumido,
deixo uma
pergunta. Vocês acharam muito normal
o
ex-presidente
Lula incentivar os sindicalistas para os quais discursou esta semana a
irem
mostrar ao juiz Sergio Moro o mal que a
Operação Lava-Jato faz à economia
brasileira? Vocês acreditam sinceramente nisso? O que a Operação
Lava-Jato faz?
Caça corruptos
pelo país. Não importa se são
pobres ou
ricos. Não importa se são poderosos. Não era isso o que todos
queríamos, quando
estávamos todos
do mesmo lado, quando ainda não havia um muro nos separando, e
fomos às ruas pedir Diretas Já? Não era no que pensávamos
quando
voltamos às
ruas para gritar Fora Collor? E, principalmente, não era nisso que
acreditávamos quando votamos em Lula para presidente
uma, duas, três, quatro,
cinco vezes!!! Não era o
Lula quem ia acabar com a
corrupção? Ele deixou essa tarefa pro Sergio Moro porque
quis.
Como,
do lado de cá do muro, me
decepcionei com o ex-líder operário, o lado de lá deu pra dizer que sou
de
direita. Se for verdade, está
aí mais um motivo para eu estar com raiva de
Lula. Foi ele quem me levou pra direita. Confesso que tenho
dificuldades de
discutir com
qualquer petralha que
não se irrita
quando Lula diz se identificar com quem faz compras na Rua 25 de Março.
Vem cá,
já faz tempo que
os ternos de Lula são feitos pelo estilista Ricardo Almeida.
Será que Ricardo Almeida abriu uma lojinha na rua de comércio popular
de
São
Paulo? Por mim, Lula pode se vestir com o estilista que quiser. Mas ele
tem que
admitir que o discurso da 25 de Março ficou
fora
do
contexto. A gente não era contra discursos demagógicos? O que mudou?
Meus
amigos petralhas
dizem que é muito perigoso tornar Sergio Moro um herói. Que o Brasil
não
precisa de um salvador da pátria.
Mas, vem cá, não foi como salvador da pátria
que Lula foi convocado para voltar ao governo? Não é ele mesmo quem diz
que é
“a única pessoa” que pode incendiar este país? Não é ele mesmo quem diz
que é a
“única pessoa” que pode dar um jeito “nesses meninos”
do Ministério Público?
Será que o verdadeiro perigo não está do outro lado do muro? Não é lá
que estão
forjando um salvador da pátria?
Há
muitas décadas ouço falar que
as empreiteiras brasileiras participam de corrupção. Nunca foi provado.
Agora,
chegou um juiz do Paraná,
que investigava as práticas de malfeito de um doleiro
local, e, no desenrolar das investigações, botou na cadeia alguns dos
homens
mais
poderosos do país. Enfim, apareceu alguém que levou a sério a tarefa de
desvendar a corrupção que há muitos governos atrapalha o
desenvolvimento do
país. E, justo agora, quando a gente está chegando ao Brasil que sempre
desejamos, Lula e seus soldados querem
limites para a investigação. Pensando
bem, rejeito a acusação de ser coxinha, rejeito
ser
enquadrado na direita, rejeito o xingamento de
antidemocrata, só porque apoio o
juiz Sergio Moro e a Operação Lava-Jato. Coxinha é o Lula que se veste
com
Ricardo Almeida e
mantém uma adega de razoáveis proporções no sítio de Atibaia.
E, para encerrar, roubo dos petralhas
sua palavra de
ordem: sinto muito,
mas não vai ter golpe. Sergio Moro vai ficar.
O
QUE É NO FRIGIR DOS OVOS?
Pergunta:
Alguém
sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de
linguagem, o que
quer dizer a expressão "no
frigir dos ovos"?
Li
na internet uma resposta que vai aqui
nos vídeos do
site.
Resposta:
Quando
comecei, pensava
que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão
com açúcar. Só que depois de
um certo tempo dá
crepe, você percebe que comeu
gato
por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura
é
doce mas não é mole, nem
sempre você tem idéias
e pra descascar esse abacaxi só
metendo a mão na massa, e não adianta chorar as
pitangas ou, simplesmente, mandar
tudo às favas.
mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a
galinha enche o papo.
linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão
que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem
antes quebrar os
ovos.
sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha,
são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão
com caçarolinha de
assar leitão.
maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca,
e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de
quem comeu e não gostou.
farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer
um
texto de se comer com os olhos, literalmente.
e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque
ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo
que
você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é
refresco...
não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam
da
água pro vinho.
o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha
e fica de se comer rezando. Daí, com água na
boca, é só saborear,
porque o que não mata engorda.
Está
respondido ???
Linguajar
Candango
Sotaque
híbrido e múltiplo marca jeito de falar do brasiliense
Segundo
o especialista, o brasiliense misturou o dialeto goiano ao
mineiro, acrescentando
nuances nordestinas postado em 13/03/2016 07:03
Por
Bernardo Bittar Correio
Brazilense 13 de
Março de 2016
Ah,
véi, foi mal. Até
peguei uma zebrinha pro Gilberto,
mas atrasei porque deu tudo errado. Teve uma treta
cabulosa
no Eixão e a galera foi
parar no Hran.
Entendeu a frase toda? Então, você é um brasiliense genuíno.
No extenso
vocabulário da capital, há espaço de sobra para os “uais”,
dos goianos; os “oxentes”
dos baianos, e os “égua”,
dos pernambucanos. Mas, ainda assim, o dicionário
de Brasília tem personalidade de sobra. Dizem que aqui não tem
esquina ou
sotaque, e sabemos que a gastronomia deixa a desejar.
Talvez
o único prato típico daqui seja a bomba — leia Glossário. Embora a
quantidade
de expressões usadas no DF
seja imensa, segundo a professora de Linguística da
Universidade de Brasília, (UnB) Ana Maria de Moraes Vellasco,
elas não podem ser consideradas verbetes. “Não
podemos usar
termos acadêmicos de maneira equivocada. Verbete
é uma coisa que tem o
significado explicado no dicionário.
O que temos aqui
são expressões, e,
muitos delas, se tornaram marcadores conversacionais”, explicou a
autora do
capítulo sobre
a linguagem do DF no livro O Falar Candango. De acordo com ela, muitos
desses
marcadores foram
desenvolvidos com o planejamento da cidade:“Certas
coisas ganharam nomes diferentes aqui, como as prumadas,
os blocos. São coisas que já existem,
mas, aqui, as chamamos de outro jeito”.
Para Ana Maria, existem ainda as
influências da juventude, como as expressões “véi”
e “cabuloso”. “Fiz um
estudo
sobre a linguagem da juventude
brasiliense, que foi publicado na Alemanha.
Acredito que
grande parte do que é
dito entre eles tem potencial para se arraigar no nosso linguajar”, afirmou.O
brasiliense mistura sotaques e palavras. Conforme explicou a
professora, ele
uniu o dialeto mineiro ao goiano e
colocou nuances nordestinas. Essa combinação
inspirou coleções de roupas produzidas por boutiques da cidade.
Proprietária de
uma delas, a empresária Tatiana Dunice
usou
referências da capital para estampar as roupas
vendidas em sua loja. “Colocamos
coisas simples, mas as pessoas se identificam com isso e com a cidade.
Afinal, temos um estilo diferente”, disse.
O
DF reúne tantas palavras, e elas estão tão arraigadas, que até se
tornaram tema
de livro. O poeta Nicolas Behr
publicou o BrasíliA-Z,
após perceber a
riqueza da linguagem tipicamente brasiliense.