Jornalda Gíria Ano XXI- Nº 132 Julho e Agosto de 2020
 


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http://youtu.be/sTVgNi8FFFM

vejaa despedida do trema  ! (necessario PowerPoint)

giria de angola :https://www.youtube.com/watch?v=YZdSGL54f-Y

Brasileirismos !(necessario PowerPoint)

Ouça  olink do programaSem Papas na Língua, com Ricardo Boechate Dionisio de Souza naBand News Fluminense, em 19,07.2018sobre o lançamento da 9ª. Edição do Dicionário de Gíria.

https://fatosfotoseregistros.wordpress.com/2018/07/19/spl20180719/


Os cem anos do DIALETO CAPIRA DE AMADEU AMARAL.

Antes do DIALETO CAIPIRA, de Amadeu Amaral, outros autores deflagraram a pesquisa sobe a gíria no Brasil. Já escrevemos sobre isso em edições anteriores do JORNAL DA GÍRIA.

É verdade que o DIALETO CAPIRA cingiu-se ao regionalismo paulista, não paulistano da capital, mas do interior, iniciando processo que tem levado muitos autores a valorizar o regionalismo ,

onde nasceram e se criaram e construíram sua biografia,

Com efeito, o regionalismo não chega ser a um dialeto, mas um componente importante da gíria em qualquer língua em qualquer pais, O regionalismo brasileiro pe muito forte.

E porque? Porque a gíria é a linguagem dos grupos fechados, linguagem entre pessoas de uma mesma ocupação. É um código de fala em que o grupo entende, compreende, difunde, assimila.

P regionalismo pe o código de linguagem de um estado, de uma região,

Quando o regionalismo rompe o casulo, sai do seu espaço, e passa a ser compreendido por outros grupos vai formar a gíria, que a segunda língua os brasileiros,

A cultura dos nordestinos difere da cultura dos gaúchos, os regionalismos – na sua ampla maioria – ficham restritos aos grupos fechados.das suas fronteiraS.

Amadeu Amaral contribuiu para  que os brasileiros do seu tempo compreendessem como falavam os paulistas de uma determinada região de São Paulo.

Outros atores tem feito o mesmo em relação às suas regiões.

 

1920, Amadeu Amaral publicou O Dialeto Caipira,  Casa Editora O Livro, São Paulo, 1ª edição.

 

 

Em 1920, algumas as gírias incorporadas ao DialetoCaipira:

 

amolação significa ato de importunar; angu confusão; coisas do arco da velha coisas extraordinárias; assuntar escutar; azucrinar atormentar; babau acabou-se; banguela sem os dentes da frente;

bate boca discussão violenta; biboca casinhola; bocó palerma; brabo zangado; bruaca mulher; cafundó lugar muito retirado e deserto; cismado desconfiado; estabanado estouvado;  jacuba mistura de açucar ou rapadura com farinha e água; 

jararaca pessoa colérica; jururu triste; lambança conversa fiada; pamonha pessoa apalermada; pancada maluco, desequilibrado; pau de fumo preto; perereca saltitante; pendenga discussão zeda; pileque bebedeira; rebordosa mau acontecimento;

sabão repreensão; supimpa excelente; topetudo audacioso, xará indíviduo que tem o mesmo nome que ouro.

 

O dialeto caipira, de Amadeu Amaral

Parábola Editorial

Parabola

NE Estou republicano o texto sem autorização prévia da Parabola Editorial. Se for necessário poderemos exclui-lo.

Segunda, 16 Março 2020

Sem-ttulo-9

 

Amadeu Amaral (Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado), poeta, folclorista, filólogo e ensaísta, nasceu em Capivari, SP, em 6 de novembro de 1875, e faleceu em São Paulo, SP, em 24 de outubro de 1929.

Fez o curso primário em Capivari e aos onze anos veio para São Paulo para trabalhar no comércio e estudar. Assistiu a algumas aulas do Curso Anexo da Faculdade de Direito, sendo um autodidata, pois não concluiu o curso secundário. Ingressou no jornalismo, 

trabalhando no Correio Paulistano e em O Estado de S. Paulo. Em 1922 transferiu-se para o Rio como secretário da Gazeta de Notícias. Do Rio mandava para O Estado de S. Paulo a crônica diária “Bilhetes do Rio”. Voltando a São Paulo exerceu cargos na administração pública.

Autodidata, surpreendeu a todos por sua extraordinária erudição, num tempo em que não havia, em São Paulo, as universidades e cursos especializados. Dedicou-se aos estudos folclóricos e, sobretudo, à dialectologia. No Brasil, foi o primeiro a estudar cientificamente um dialeto regional. 

“Dialeto caipira”, publicado em 1920, escrito à luz da Linguística, estuda o linguajar do caipira paulista da área do vale do rio Paraíba, analisando suas formas e esmiuçando-lhe o vocabulário. Visando à formação dos jovens, assim como Bilac incentivara o serviço militar,

Amadeu Amaral procurou divulgar o escotismo, que produziu frutos no país.

Sua poesia enquadra-se na fase pós-parnasiana, das duas primeiras décadas do século XX. Como poeta, destacou-se pelo desejo de contribuir, com suas obras, para a elevação de seus semelhantes, a ponto de seu sucessor, Guilherme de Almeida, ao ser recebido na Academia,

ter intitulado o seu discurso: “A poesia educativa de Amadeu Amaral”.

Por ocasião do VI centenário da morte de Dante, proferiu, no Teatro Municipal de São Paulo, uma conferência, enfatizando justamente os aspectos de Dante que exaltam a elevação do espírito humano através da Sabedoria. Também soube ressaltar as qualidades morais de Bilac no discurso de posse,

mostrando-o como homem preocupado com os problemas da sua pátria e escritor que evoluiu em sua poesia para um grau maior de espiritualidade.

Segundo ocupante da cadeira 15, foi eleito em 7 de agosto de 1919, na sucessão de Olavo Bilac, e recebido pelo acadêmico Carlos Magalhães de Azeredo em 14 de novembro 1919.

O dialeto caipira, de Amadeu Amaral (a partir da leitura da obra e do imprescindível artigo de Vandersí Sant’Ana Castro, “Revisitando Amadeu Amaral”. In: Estudos Linguísticos XXXV, p. 1937-1944, 2006. [1937/1944])

O Dialeto Caipira, publicado há exatos 100 anos, é uma obra de referência na história da dialetologia brasileira e um marco na história da linguística no Brasil. Feito com método (pesquisa in loco, clareza, critério, objetividade e precisão), 

é a primeira obra que procura descrever de forma abrangente um falar regional brasileiro. Até então, os estudos de dialetos enfocavam quase que só o léxico do português do Brasil, em âmbito geral ou regional, constituindo-se em dicionários e vocabulários. 

Diferentemente, o estudo de Amaral revela uma preocupação mais ampla, procurando descrever o falar caipira em seus diferentes aspectos fonético, lexical, morfológico e sintático.

Nas palavras de Vandersí Sant’Anna:

Diz-nos o Autor que até mais ou menos a última década do século XIX, tivemos “um dialeto bem pronunciado, no território da antiga província de S. Paulo” o falar caipira , “bastante característico para ser notado pelos mais desprevenidos como um sistema distinto e inconfundível”.

Esse falar “dominava em absoluto a grande maioria da população e estendia sua influência à própria minoria culta. (...) Ao tempo em que o célebre falar paulista reinava sem contraste sensível, o caipirismo não existia apenas na linguagem, mas em todas as manifestações da nossa vida provinciana” (Amaral, 1982: 41).

Todavia, no correr do final do século XIX e início do século XX, por atuação de fatores que alteraram o meio social (libertação dos escravos, crescimento da população, imigração, ampliação das vias de comunicação e do comércio, extraordinário incremento da educação), os “genuínos caipiras, os roceiros ignorantes e atrasados”, 

e o caipirismo vão perdendo seu espaço de influência. De tal forma que, à época em que o Autor desenvolve sua pesquisa, o falar caipira se acha “acantoado em pequenas localidades” que ficaram à margem do progresso, subsistindo “na boca de pessoas idosas”, observando-se, entretanto, que “certos remanescentes de seu predomínio de outrora ainda flutuam na linguagem corrente de todo o Estado, 

em luta com outras tendências, criadas pelas novas condições” (Amaral, 1982: 41-42). É esse falar que Amadeu Amaral descreve, numa tentativa de documentá-lo antes que se perca.

O material linguístico observado por Amadeu Amaral refere-se predominantemente aos municípios de Capivari, Piracicaba, Tietê, Itu, Sorocaba e São Carlos, mas é interessante aprender com o autor que o dialeto caipira era muito usado em toda a província (o estado de São Paulo), pela maioria da população e também por uma minoria culta. Isso deu aos paulistas a fama de corromperem o vernáculo com seus vícios de linguagem.

As características marcantes e influentes do dialeto da região parecem ser o que mantém a sua sobrevivência: é como se os falantes, conscientes de sua fala, a preservassem por uma questão de identidade e se tornassem, numa perspectiva da Análise de Discurso, narradores-produtores.

Por isso, a atualidade d’O Dialeto caipira. Uma obra pioneira, uma pesquisa importante feita há um século, que aborda uma questão linguística brasileira e que, pelo desenvolver dos estudos linguísticos, pode ser analisada hoje de uma maneira que ultrapassa a dialetologia e alcança a questão da identidade.

Alguns dados linguísticos sobre o dialeto caipira recolhidos por Amadeu Amaral:

a)    No nível fonético:

·        realização de [e] e [o] átonos finais: est[e], pov[o] (“povO”);

·        realização do ditongo nasal de bom, tom, som como [ãw] (“bÃU”);

·        ocorrência do “r caipira”, em posição intervocálica arara e pós-vocálica carta som identificado como “línguo-palatal e guturalizado”, cuja articulação é descrita em pormenores por Amaral; o “r retroflexo”, como também é conhecido, é, talvez, o traço mais marcante do que hoje se identifica como uma pronúncia “caipira”;

·        realização africada das palatais /ʃ/ e /ʒ/ [tʃ]ave para chave, [dʒ]ente para gente :tchave, dgente

·        alternância entre /b/ e /v/, dando lugar a formas sincréticas como [b]assora/[v]assora; [b]espa/[v]espa; [b]amo/[v]amo. varrer/barrer.

·        troca da lateral /l/ por /r/: craro; enxovar.

 

b)   No nível morfológico, uma das características é, na primeira pessoa do plural do perfeito do indicativo dos verbos em –ar, a tônica a>e: caminhamos=caminh[e]mo(s); outra  característica morfológica é que o adjetivo e o particípio passado frequentemente ocorrem sem flexão (de número e de gênero): essas coisarada bonito. Aí foi bão: peguemo a coisarada tudo.

 

c)   No nível da sintaxe, temos o uso de ele, ela como objeto; emprego de dupla negativa; uso de mór de vê e mó de vê (por amor de) para exprimir circunstância de causa. ninguém não viu ela? Pra mó de pedi(r) pra ela barrer.

 

d)   No nível do léxico, cabe destacar a presença de formas arcaicas, usadas pelos colonizadores portugueses já no século XVI: saluço (soluço), função (= baile), dona (= senhora), reina(r) (= fazer travessuras); presença de formas do tupi: caipira, sucuri, capim abacaxi, cipó, pamonha; e formações do próprio dialeto: campea(r) (= procurar), espeloteado (= maluco), prosea(r) (= conversar), rabo-de-tatu (= relho).

Interessante também apontar aqui que Amadeu Amaral não estava certo quando profetizou que o dialeto, estando já restrito a pessoas idosas e isoladas, iria desaparecer brevemente, por concorrência de outros falares paulistas. Em pesquisas realizadas 50 anos depois por linguistas da Unicamp (no final dos anos 1970), constatou-se que o dialeto estava ainda mais vigoroso, tanto no campo quanto na cidade.

Além disso, os pesquisadores se deram conta que o r retroflexo não está presente somente em palavras como porta (r pós-vocálico) e arara (r intervocálico) mas também, mais estranhamente, em encontros consonantais como braço ao menos em Capivari, terra natal de Amadeu Amaral

 

Português não é para amador.

 

Vamos,  testar nossos  conhecimentos de português.

 

 

Um poeta escreveu:

*"Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar". *

Às vezes, não acentuar parece mesmo a solução.

Eu, por exemplo, prefiro a carne ao carnê.

Assim como, obviamente, prefiro o coco ao cocô.

No entanto, nem sempre a ausência do acento é favorável...

Pense no cágado, por exemplo, o ser vivo mais afetado quando alguém pensa que o acento é mera decoração.

E há outros casos, claro!

Eu não me medico, eu vou ao médico.

Quem baba não é a babá.

Você precisa ir à secretaria para falar com a secretária.

Será que a romã é de Roma?

Seus pais vêm do mesmo país?

A diferença na palavra é um acento; assento não tem acento.

Assento é embaixo, acento é em cima.

Embaixo é junto e em cima separado.

Seria maio o mês mais apropriado para colocar um maiô?

Quem sabe mais entre a sábia e o sabiá?

O que tem a pele do Pelé?

O que há em comum entre o camelo e o camelô?

O que será que a fábrica fabrica?

E tudo que se musica vira música?

Será melhor lidar com as adversidades da conjunção ”mas” ou com as más pessoas?

Será que tudo que eu valido se torna válido?

E entre o amem e o amém, que tal os dois?

Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta.

É a primeira vez que tu não o vês.

Vão tachar de ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha.

Asso um cervo na panela de aço que será servido pelo servo.

Vão cassar o direito de casar de dois pais no meu país.

Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração.

Para começar o concerto tiveram que fazer um conserto.

Ao empossar, permitiu-se à esposa empoçar o palanque de lágrimas.

Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a profetisa.

Calça, você bota; bota, você calça.

Oxítona é proparoxítona.

Na dúvida, com um pouquinho de contexto, garanto que o público entenda aquilo que publico.

E paro por aqui, pois esta lista já está longa.

Realmente, português não é para amador!

 

Se você foi capaz de ENTENDER TUDO, parabéns!! Seu português está muito bom!

 

(Desconheço autoria)

 

Excelente texto para trabalhar a importância da acentuação, parônimos e homônimos