Jornal
da Gíria Ano XVI- Nº99 – Julho e Agosto de 2015
Ouça
aqui giria portuguesa e divirta-se ! (necessario PowerPoint )
Veja o que mandou António Pinho, de Lisboa: A origem da língua portuguesa:
https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I
Veja o que me mandou
Rubem Amaral Junior :
A
nossa audiência
Em
abril, fomos visitados por nacionais de 31 paises e de 137 cidades
brasileiras,
com
320
sessões, 312 usuários e 365 visualizações.
No
exterior, fomos visitados em: Estados Unidos (Boardman) ,
Ìndia (Nova Delhi) , Itália, Angola, Reino Unido (Londres), Colômbia,
Indonésia
e Malásia.
No
Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro Belo Horizonte, Fortaleza Recife,
Manaus,
Salvador, Brasília, Campinas, NIterói,
Porto Alegre,
Goiânia, Cuiabá, Belém, Santarém e
Teresina
Em
maio, contamos com 252 sessões, 312 usuários
e 365 sizualizações.
No
exterior, fomos visitados em: Estados Unidos, Portugal, Espanha
(Barcelona), Índia,
Itália, Japão, Grécia, Israel e Moçambique.
No
Brasil:
São
Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,Brasíia, Belo Horizonte, Recife,
Ribeirão
Preto, Alagoinhas, Fortaleza, Londrina, Campinas, Manaus, Macapá, Belém
,
Niterói e Colatina,
A
Gíria Cigana
Na
minha última passagem por Cadiz, Espanha, em março de 2015,encontrei
na Livraria Raimundo uma jóia rara. Um livrinho de 114 páginas, editado
em
1846, em Sevilla, sob o título “Vocabulário do Dialeto Cigano”, por d.
Augusto Jimenez , com 3
mil palavras.
A
publicação é xerocada do original.
“O
vulgo crê que os ciganos descendem do Egito. (...) Era uma classe de
gente
ociosa (...) que estavam obrigados por Deus a viver desterrados,
fingindo-se
penitentes” (...praticando
embusterias e com suas
manhas de enganar, advinhar (...) sem conhecer pátria ou religião”. Há
quem
diga que habitaram os confins da Turquia, como há quem afirme que
descendem das
índias orientais, donde emigraram por volta de 1.400 para a Alemanha,
chegando
a França e a Hungria. Mais tarde chegaram a Itália, África e Turquia.
Por último,
os ciganos se espalharam pela Europa alcançando a Espanha em 1560”.
Na
Espanha, os ciganos aparentavam humildade e afeto, eram trigueiros,
tinham olhos
e cabelos negros, embusteiros no trato e ponderados nas conversações;
Em Cadiz,
eles se diferenciavam pois
muitos deles se
vestiam
muito bem se confundindo com a
aristocracia, Tinham casas próprias
e
trabalhavam como vendedoes de gêneros , inclusive fiado, com juros
exorbitantes.
Há
registros de suas presenças
em Sevilla, Aljeciras, Cordoba, Málaga,
Granada, Aragão, Múrcia,
Leon, Castilla la Vieja, Pamplona, Navarra, Astúrias, Galícia, bem como
o que
faziam os homens, as mulheres e seus filhos, suas atividades, modo de
agir e de
vestir-se, profissões dos mais humildes e dos mais bem sucedidos.
O
vocabulário cigano não é gíria (embora seja previsível que tenham
gírias no
dialeto cigano) e deve ter sofrido mudanças
; O acervo
deve ser anterior ao ano de 1846, quando o livro foi feito. Muitos dos
termos
devem ter dois séculos.
UNIFICAÇÃO
DA LÍNGUA PORTUGUESA:
ACORDO
ORTOGRÁFICO VISTO POR UM MOÇAMBICANO.
«Eh
Oena, Lhe Can,
Nós
aqui em Moçambique sabemos que os mulungos de Lisboa fizeram
um acordo ortográfico com aquele tocolocha do Brasil que tem nome de
peixe. A
minha resposta é: naila.
Os mulungos não pensem que chegam aqui e buissa saguate sem
milando, porque pensam que o moçambicano é bongolo. O moçambicano não é
bongolo
não; o moçambicano estiva xilande. Essa bula
bula de
acordo ortográfico é como babalaza de chope: quando a gente acorda
manguana,
sevai ticumzar a mamana já não tem estaleca e nem sequer sabe onde é o
xitombo,
e a gente arranja timaca com a nossa família.
E como pode o mufana moçambicano falar com um madala? Em
português, naturalmente. A língua portuguesa é de todos, incluindo o
mulato, o
balabasso e os baneanes. Por exemplo: em Portugal dizem "autocarro" e
está no dicionário; no Brasil falam "ônibus" e está no dicionário; aqui
em Moçambique falamos "machimbombo" e não está no dicionário. Porquê?
O moçambicano é machimba? Machimba é aquele congoaca do Sócrates
que pensa que é chibante e que fuma nos tape, junto com o chiconhoca
ministro
da economia de Lisboa. O Sócrates não pensa, só faz tchócótchá com o
th'xouco
dele e aquilo que sai é só matope.
Este acordo ortográfico é canganhiça, chicuembo chaínhaca! Aqui na
minha
terra
a gente fez uma banja e decidiu que
não podemos aceitar.
Bayete Moçambique!
Hambanine.»
Assina: Manuel Muanamucane"
A
gíria Angolana
Em Angola
não se fala só português.
Os
dialetos locais tem força: umbundu, kimbundu, kigongo e ganguela
Gírias ou
regionalismos
Anduta –
está difícil
Batuque
–tambor
Bazar –
fugir
Beijar caxexe
– beijar às escondidas
Birra – cerveja
Boiado –
bêbado
Bué –
muito
Cachito –
um bocadinho
Cadengue
– criança
Camba –
amigo, camarada
Cumbú –
dinheiro
Fobado –
com fome
Imbundavel
- alguém que não
quer trabalhar
Jinga –
bicicleta
Gasosa –
gorjeta
Guionga -
cadeia
Jajão - mentira
Laton – mulato
Latona –
mulata
Ligado –
incomodado
Mboa –
mulher
Mbala
–polícia
Macala –
negro
Malembe –
devagar, com calma
Mambos –
confusões
Manauta –
amante
Mata-bicho
- pequeno almoço
Mataco –
rabo, bunda
Mbenda – porrada, pancada
Multicaixa
– caixa eletrônico
Ngueta –
branco
Pato – penetra, entrão
Pitéu - comida
Pito –
pessoa bonita
Raca -
carro
Ukalanga
- praia
Zangala –
bisbilhoteiro
Zumbi – o
mundo
(Vejam o vídeo)
EDIÇÃO
Nº 100 do Jornal da Giria,
Nos
meses de agosto e setembro chegaremos a 100 edições do Jornal da Gíria.
Foram
16 anos de dedicação. O acervo gírio é impressionante, bem como os
registros
que fizemos do que ocorreu no Brasil nos últimos 16 anos, na área gíria.
Volto
a dizer que acompanhamos muitos acontecimentos neste período, tais como:.
1998
– Lançamento da 4ª. Edição do Dicionário
1999-
Lançamento da 5ª. Edição. Dicionário; textos em idioma gírio
2000
– Lançamento da 6ª. Edição do Dicionário; gírias nas revistas Isto é e
Veja; do
cantor Fabio Junior, dos apresentadores Gugu, Ratinho e Adriane Galisteu,
da
Publicidade, da novela Vila Madalena, dea Revista Bundas, lembramos as
Gírias de 1922 de
Raul Pederneiras.
2001.
Publicamos as
gírias de funks e de
banhistas, artigos de Artur Dapieve, Marcio Moreira Alves ,
Olavo de Carvalho e Sergio Nogueira Duarte; lembramos as gírias de 1854
de
Manuel Joaquim de Almeida, cujo livro, Memórias de um Sargento de
Milícias é o
marco da gíria no Brasil.
2002
.
Lembramos as gírias de Paulo Lins 1998, em Cidade
de
Deus, as de Bock de 1904
e Elysio de
Carvalho de 1912; Elysio foi o 1º brasileiro que publicou um Dicionário
de
Gíria. Publicamos
gírias
argentinas e de
economês, As,
gírias argentinas se assemelham às brasileiras.
2003
– produzimos um pequeno glossário com as gírias dos anos 60,70, 80 e
90; Gírias
de Bezerra da Silva e Moreira da Silva, de malandros, de
Brasil e Portugal.
2004
– Lembramos as Gírias de Aluisio de Azevedo de 1890, em O Cortiço, de
cachaça e
bebuns, mulher feira, mulher bonita ,
cabeça e nada.
2005
– Resgatamos as Gírias de Albert Audubert dos anos 60 e
70, no Rio de Janeiro e
em São Paulo, livro publicado em francês, Lançamento da 7ª. Edição do
Dicionário, lembramos as Gírias de Romanguera de 1898, de Lima Barreto
de 1917,
em Os Bruzundangas
2006
– Revelamos as Gírias de Margarida Rebelo Pinto, em Portugal,
de
2006, gírias de Stanislaw
Ponte Preta 1965, artigos de João Ubaldo Ribeiro, Evandro Éboli,
Ferreira Gullar,
Ivan Lessa, Carlos Heitor Cony,
2007
– Publicamos
as
gírias ciganas,cearês, mineirês, baianês , artigos de Ivan Lessa, Joaquim Ferreira dos
Santos , João Ubaldo
Ribeiro, Millor Fernandes, e relato sobre o Acordo Ortográfico.
2008
– Publicamos gírias do alagoanes, goianês, lembramos as gírias cariocas
de
Antonio Fraga de1943, gírias paulistanas de João Antonio de 1963,
gírias de
surfistas artigos de Ivan Lessa e José Saramago, este contra o Acordo Ortográfico
2009
– Publicamos gírias do paranês,.
Gírias de Portugal,
Angola e Moçambique, do mensalão, lançamento da 8ª. Edição do
Dicionário,
artigo de Mario Prata,
assinalamos os 250 anos de Infermidades
da Lingua, de Manuel
Joseph Paiva, gírias de 1759.
2010
- Publicamos
as
gírias da era Lula, de internautas, gírias argentinas, gírias cearenses
de
Raimundo Girão, reedição de 2007, gírias goianas, soteropolitanas, do
Sul
Maranhense, tautologia, palíndromo,
2011
– Divulgamos as gírias brasilienses de Marcelo Torres, gírias cariocas
de
Joaquim Ferreira dos Santos de 1958, a cartilha do MEC escrachando a
língua
portuguesa, artigo de Ivan Lessa
2012 Assinalmos
o
centenário de Elysio de Carvalho e o tricentenário
gíria na língua portuguesa (Dicionário do
padre Rafael Bluteau), revelamos as gírias na obra de Eça de Queiroz, e publicamos gírias
capixabas
2013
– gírias cariocas, Dicionário Brasil Portugal de Roldão Simas,
Variantes
Cariocas da Língua Portuguesa de Antonio Correia de Pinho, lembramos as
gírias
de Beaurepaire-Rohan no Dicionário de Vocábulos
brasileiros
de 1889; revelamos as gírias
na obra de José de Alencar; artigo de Eduardo Almeida Reis
2014
,gírias
de carioquês, cearês, mineirês,
paulistês, debate no Senado Federal do Brasil sobre o Acordo Otográfico
A
EXPLOSÃO DO JORNAL DA GÍRIA
MEDIDA PELA AUDIêNCIA:
2001 –
jun
19.007
Dez – 25,972
2002
Jun
- 37;908
Dez – 52.249
2003
Jun – 67.928
Dez – 83.860
2004
Jun -97.523
Dez – 110.00
2005
Jun – 126.000
Dez – 151.000
2006
Jun – 202.000
Dez – 241.969
2007
Jun – 300.981
Dez – 311.000
2008
Jun – 340.590
Dez – 393.835
2009
Jun – 421.000
Dez – 446.000
2010
Jun – 480.000
Dez – 510.00
2011 –
Jun- 541.000
Dez – 563.407
2012 –
Jun – 586.356
Dez – 593.326
2013
Jun -600.000
Dez 604.402
2014
Jun – 610.697
Dez – 615.940
NUMERO
DE VERBETES NAS
EDIÇÕES DO DICIONÁRIO
1990 – 6.023 verbetes
1993 – 7.533 verbetes
1995 – 11.158 verbetes
1996 – 12.271 verbetes
1998 – 13.884 verbetes
2000 – 16.190 verbetes
2005 – 28.500
verbetes
2010 – 35.000 verbetes
Blogs e Colunistas/VEJA
Sergio
Rodrigues
Sobre Palavras
Nossa lingua escrita
e falada numa abordagem irreverente
07/11/2014
às 15:00
\ Palavra
da
semana
‘Mandatada’: de
onde saiu isso?
A
presidente Dilma
Rousseff não pode ser acusada de deixar comentaristas linguísticos sem
assunto.
O verbo “mandatar”, que pipocou esta semana em seu discurso sob a forma
do
particípio “mandatada”, rendeu burburinho nas redes sociais por ser uma
palavra
ausente não só de todos os dicionários brasileiros, mas também, tudo
indica, da
língua que as pessoas falam de fato por aqui.
Quer dizer que Dilma inventou um verbo, lançou
um neologismo? Não: apenas o importou de Portugal. Embora comece a
ganhar suas
primeiras e tímidas aplicações no Brasil, “mandatar” – que significa
“atribuir
mandato ou procuração a” – já tem presença razoavelmente vigorosa no
português
falado do lado de lá do Atlântico. Vocábulo emergente, não aparece
ainda em
todos os dicionários lusos: o da Academia das Ciências de Lisboa o
ignora, mas
o da editora Porto e o
Priberam o registram.
“A atitude do ganhador
não pode ser nem de soberba, nem de pretensão de ser o último grito em
matéria
de visão política”, discursou a presidente na quarta-feira 5,
ao receber no Palácio do Planalto a cúpula do PSD. “Não pode de maneira
nenhuma
ter uma visão pretensamentemandatada por um
processo qualquer que
faz com que não seja necessário nem o diálogo, nem a construção de
consensos e
pontes.”
Estilo palavroso à
parte, o que Dilma disse tem parentesco com uma notícia saída no
“Público”, o
principal jornal português, em julho do ano passado (além da
coincidência
engraçada na sigla dos partidos em questão): “O CDS mandatou o
líder do partido, Paulo Portas, para renegociar o acordo de coligação
com o PSD”.
Em espanhol ocorre
algo semelhante: o neologismo mandatar, de
idêntico significado,
ainda não frequenta os dicionários tradicionais, mas já é reconhecido
por
lexicógrafos mais inquietos e tem circulação crescente.
Nos dois idiomas o
verbo é formado, evidentemente, por mandato + -ar. O curioso
é que as prováveis influências para
sua recente adoção na Península Ibérica existem há um bocado de tempo:
o
inglês mandate nasceu no século
XVII com o sentido de
“ordenar” (o de “delegar autoridade” é de meados do século XX); o
francês mandater,
“investir alguém de um mandato”, nasceu em 1902.
Por que será que só
agora o português e o espanhol – línguas em que nunca estiveram em
falta
herdeiros do latim mandatum, como “mandato”
e “mandatário” – estão indo
atrás? E será que Dilma conseguirá mandatar esse
novo ente vocabular entre nós? Aguardemos os próximos capítulos.
UM
ACHADO A MAIS
Encontrei há pouco num
sebo de Niterói/RJ, onde vivo há 50 anos, o livro
“Tesouro da Fraseologia
Brasileira” – o mais completo dicionário de expressões e locuções da
língua
portuguesa : 2.000 verbetes
e 7.000 locuções, de Antenor Nascentes, 3ª. Edição
revista por Olavo
Anibal
Nascentes,
seu filho, de 1986, publicado pela Editora Nova Fronteira.
No prefácio da
1ª. Edição, Antenor
Nascentes assinala que a base estava nos dicionários Morais, Aulette e
Figueiredo, e ressalta os trabalhos de Castro Lopes e João Ribeiro, no
Brasil,
e os de Alberto Bessa, Ladislau Batalha, José Maria Adrião, general
Oliveira Simões , em
Portugal.
Inegavelmente a
fraseologia, a frase feita, a frase de efeito,a
frase
pronta, o dito
popular, - o que
classifico de modismos induzidos e
modismos tecnificados - são
tributários
da gíria, como os regionalismos, os neologismos e os solecismos o que
dão ao
universo da linguagem uma atualização rápida para circulação das
palavras.