Jornal Mensal em idioma gírio – Edição 83 – Ano XII- Niterói/RJ –Janeiro e fevereiro de 2013
Datas esquecidas por quem de direito e por mim permanentemente lembradas
As duas datas acima foram lembradas permanentemente por mim
nos seis Jornais da Gíria de 2012, talvez por ter assumido responsabilidade direta no resgate do
patrimônio gírio da língua portuguesa, da história da gíria e da gíria do
povo brasileiro e na lembrança daqueles que deram o seu sangue e sua
contribuição para que a gíria se consolidasse
na língua portuguesa e na língua brasileira.
Recebi e agradeço ao dr. António Correia de Pinho os dois volumes
do seu precioso tratado de gíria ou calão, “Variantes Cariocas da Língua
Portuguesa”, glossário com mais de 5 mil entradas (verbete) - “vocábulos e
expressões usados no quotidiano do Rio de Janeiro que não são conhecidos dos
portugueses e para os quais apresenta significados no Português de Portugal” ,
da Coleção Compendium, da Chiado Edtora, de Lisboa. O vol I com 774 págs. E o
vol II com 764 pags.
Estamos há 12 anos na Web. Estamos iniciando o 13° ano. Seguramente somos a referência da gíria na Internet
brasileira. Buscou no Google ou no Yahoo, lá estamos em primeiro lugar. Chegamos aos 594 mil acessos. Auditoria do Jornal
da Gíria Em outubro , tivemos 879 visitas, sendo 766 do Brasil. NO exterior, fomos visitados nos Estados Unidos, Argentina,
Portugal, França, Reno Unido, Itália, Bolívia, Canadá, México, Rússia, Japão,
Singapura, El Salvador e Uruguai. No Brasil, fomos visitados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Brasília, Recife, Cuiabá, Curitiba,
Goiânia, São Luiz, Fortaleza,
Campinas, Osasco, Manaus, Campo Grande, Arapiraca, Palmas, Belém,
Queimadas, Natal, Ribeirão Preto e Porto Velho. No mês e novembro, tivemos 904 visitas, sendo 792 do Brasil. No exterior, fomos visitados nos Estadops Unidos, Portugal,
Aregentina, Reiuno Unido, Japão, França, Holanda, Angola, Bolívia, Canadá,
Alemanha, Espanha , México, Paraguai, Rússia, Singapura e Venezuela. No Brasil, fomos visitados
em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Recife,
Manaus, Brasília, Fortaleza, Curitiba, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Porto
Velho, Palmas, Teresina, Campinas, Vitória, Santa Maria, Santos, Joinville,
Ribeirão Preto, Sorocaba , Osasco. Governo adia
novo acordo ortográfico para 2016 Publicaram
ERNANDA ODILLA, FLÁVIA FOREQUE, DE BRASÍLIA, em Folha de S. Paulo, de 20/12/2012-06h15 O
governo federal vai adiar para 2016 a obrigatoriedade do uso do novo acordo
ortográfico. As novas regras, adotadas pelos setores público e privado desde
2008, deveriam ser implementadas de forma integral a partir de 1º de janeiro
de 2013. A
reforma ortográfica altera a grafia de cerca de 0,5% das palavras em
português. Com o adiamento, continuará sendo opcional usar, por exemplo, o
trema e acentos agudos em ditongos abertos como os das palavras
"ideia" e "assembleia".
Além disso, o adiamento de três
anos abre brechas para que novas mudanças sejam propostas. Isso significa
que, embora jornais, livros didáticos e documentos oficiais já tenham adotado
o novo acordo, novas alterações podem ser implementadas ou até mesmo
suspensas. "Há muita insatisfação.
Ganhamos tempo para refletir, discutir e reduzir o número de regras
irracionais", afirma o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que defendeu o
adiamento e quer promover audiências com professores e embaixadores dos
países de língua portuguesa na Casa. A maior pressão é de professores,
que reclamam terem sido excluídos das discussões. A decisão é encarada como um movimento
diplomático, uma vez que o governo, diz o Itamaraty, quer sincronizar as
mudanças com Portugal. O país europeu concordou
oficialmente com a reforma ortográfica, mas ainda resiste em adotá-la. Assim
como o Brasil, Portugal ratificou em 2008 o acordo, mas definiu um período de
transição maior. Não há sanções para quem
desrespeitar a regra, que é, na prática, apenas uma tentativa de uniformizar
a grafia no Brasil, Portugal, nos países da África e no Timor Leste. A intenção era facilitar o
intercâmbio de obras escritas no idioma entre esses oito países, além de
fortalecer o peso do idioma em organismos internacionais. "É muito difícil querer que o
português seja língua oficial nas Nações Unidas se vão perguntar: Qual é o
português que vocês querem?", afirma o embaixador Pedro Motta,
representante brasileiro na CPLP (Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa). A minuta do decreto do adiamento
foi feita pelo Itamaraty. O texto precisa passar pela área jurídica da Casa
Civil antes da assinatura da presidente Dilma Rousseff. Adiamento do novo acordo
ortográfico reacende debate sobre mudanças DE
SÃO PAULO20/12/2012-06h15 O
adiamento do uso obrigatório das novas regras ortográficas da língua
portuguesa reacendeu o debate sobre a reformulação de normas previstas no
documento que ainda é alvo de controvérsia entre especialistas. O
professor de língua portuguesa Ernani Pimentel argumenta que o acordo,
elaborado na década de 90, é fruto de uma educação baseada essencialmente na
"decoreba" e, assim, não segue uma lógica clara. "Como
é que você vai ensinar que 'mandachuva' se escreve sem hífen e que
'guarda-chuva' se escreve com hífen, se os dois são formados de verbo e
substantivo?", questiona Pimentel. Para
o professor, os brasileiros ainda não sabem efetivamente como usar as novas
regras. "As pessoas se acomodaram", afirma. Pimentel
é o idealizador do movimento "Acordar Melhor", que defende a
simplificação da ortografia.
ADAPTAÇÃO Para
o gramático Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, ainda
é muito cedo para fazer questionamentos. "É
preciso que essas normas entrem em vigor para que os problemas sejam
aflorados e resolvidos." Na
visão do especialista, a sociedade brasileira já se adaptou às novas regras,
e o país está preparado para adotar a obrigatoriedade do novo acordo
ortográfico. "Para
o grande público, a implantação de um acordo depende da memória visual, de como
as pessoas veem as palavras escritas", afirma o gramático, citando o
papel da imprensa nessa função. Bechara
lembra ainda que o acordo é resultado do trabalho de especialistas
brasileiros e portugueses muito qualificados para a função. Da
parte nacional, fizeram parte da elaboração do acordo nomes como Antônio
Houaiss e Nélida Piñon. pequenas
mudanças Representante
brasileiro na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o embaixador
Pedro Motta faz a ressalva de que, no fundo, são poucas as mudanças
introduzidas pelo novo acordo ortográfico. "Houve
algumas pequenas mudanças na acentuação de palavras, eliminação de trema,
mudanças na utilização do hífen", enumera Motta. (FERNANDA ODILLA E
FLÁVIA FOREQUE)
Tatibitatês RUY
CASTRO FOLHA DE SÃO PAULO 07/04/12 RIO
DE JANEIRO - Diante do tatibitatês com que as pessoas gostam de se expressar
pela internet -outro dia recebi intrigante mensagem de uma amiga: "Pq vc
tb ñ vai la em ksa nesse fds comer krambola?"-, concluo que sempre
haverá quem ache que a língua portuguesa tem pala vras demais e, estas, mais
letras do que precisam. Daí que as submetam a dolorosas cirurgias, como
supressão de vogais, fusão de consoantes e aglutinação de sílabas. E isso não
é de hoje. Em
1965, por exemplo, tivemos "Borandá". Era o título de uma canção de
Edu Lobo -um de muitos apelos à marcha do nordestino para fugir da fome, rumo
à sua inevitável redenção. A expressão já era uma simplificação de "vam'
borandá", que, evidente, vinha de "vamos embora andar". Por
uns tempos, até pegou. Os meninos do Rio diziam "borandá" depois de
uma farta rodada de milk-shakes e sanduíches de salada de ovo no Bob's. Dois
anos depois, Wilson Simonal reduziu "vamos embora" ao gaiato
"s'imbora", sendo o "s" o único sobrevivente do
"vamos". Em 1969, o mesmo Simona (epa!) levaria aos píncaros esse
português fraturado ao reduzir o título e uma estrofe inteira de "País
Tropical", de Jorge Ben, a "patropi" -palavra que se consagrou
como uma definição marota do Brasil e já devia estar no dicionário. Na
mesma época, o jovem "Pasquim" lançou uma série de abreviações que
se incorporaram à língua falada, como "paca", "mifo",
"sifo" e "nusfo", todas de óbvio significado. E a última
manifestação nacional dessa rearrumação micro de uma frase inteira foi a
velha e deliciosa expressão baiana "Ó paí, ó" -ou "Olhe pra
isso aí, olhe"-, que deu título a um recente filme nacional e que um
locutor de TV leu, à inglesa, sabe-se lá por quê, "ôu pêi ôu". Quanto
à mensagem que minha amiga me mandou, entendi tudo, menos
"krambola". NE:
material me enviado de Paris pelo sr. Pierre Vaineau, que colabora com o
Jornal da Gíria. A ele peço perdão por ter errado por duas vezes, o seu nome. |
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As novas gírias cariocas do verão de
2012/2013
Atualize seu equipamento linguístico
e informe aos seus amigos.
Fique por dentro, mermão, brother,
mano, macho, cara, mané...
Se o tempo fecha, a noite desanda, o
computador trava, o flanelinha some, meu amigo, “deu ruim”. Simples assim. É
uma gíria que ninguém sabe de onde veio, quem inventou, só se sabe que não
pressupõe o seu oposto: “deu ruim” é “deu ruim”, ponto. Não é o contrário de
“deu bom”. Quem ainda não escutou a curiosa expressão por aí certamente vai
ouvi-la nos próximos meses. E principalmente nas praias, onde os modismos de
verão chegam primeiro, com o balanço das ondas do mar.
“Deu ruim” segue mais ou menos a lógica do neoverbo
“sensualizar”, que, salvo engano histórico-filológico, popularizou-se nas
colunas de notícias de celebridades. Tem um significado etéreo, quase irreal.
Eu sensualizo, tu sensualizas, Nicole Bahls sensualiza. Quando o namoro com o
cantor Belo “deu ruim”, por exemplo, a modelo Gracyanne Barbosa “sensualizou”
por aí.
Fã de Belo, o cantor e compositor Caetano Veloso também é um
dos que vão lançar gíria nova para o verão: “Abraçaço”, nome do seu disco
recém-lançado, é uma palavra que não existe em português. Inventada por ele,
segue a lógica tropical-caetanística de criar novas maneiras de olhar o mundo.
Ao divulgar o nome do CD no seu Twitter, há duas semanas, ele explicou: “Uso
essa palavras às vezes para finalizar e-mails. Acho graça. É como golaço,
jogaço, filmaço.” Em outro post, completou: “Abraçaço é o mais lindo porque há
a repetição do cê-cedilha. Parece um eco, um reverb verbívoco-visual. E sugere
não só um abraço grande mas também um abraço espalhado, abrangente, múltiplo.”
A lista de novas gírias que prometem “sensualizar” no verão
é grande: oriundas da internet, as populares “sem filtro” (que evoca, com
ironia, a atual mania de enxergar as coisas pelos filtros do Instagram),
“trolar” (do inglês, to troll: sacanear, zoar) e “xatiado” (que significa
chateado, em “miguxês”, a língua dos “miguxos”, gíria de outros verões). “Só
que sim/só que não” servem para ironizar qualquer coisa. Por exemplo: “Eu tô
‘xatiada’. Só que não.” Importada de São Paulo, “se pá” quer dizer “talvez” e
já circula nas agências de publicidade cariocas, assim como “tá pago”, para
dizer que um trabalho acabou.
Se está muito quente, os “lelesques” da praia dizem que está
“milgrau”. Entre os skatistas, o skate agora é chamado de “carro”.
Há ainda as gírias recém-nascidas no circuito GLS, como “não
tenho roupa”, para dizer, com graça, “não estou preparado para tal situação ou
para frequentar tal ambiente ou pessoa”. É recorrente em salões de beleza,
durante a leitura de revistas de fofoca. “Não tenho roupa para o Roberto
Justus”, por exemplo. “Divar” e “sou” também são novidades do vocabulário. Com
o faro apurado para o que ouve por aí, o humorista Fernando Caruso explica as
duas expressões:
— Quando você gosta muito de alguma coisa, você diz que é
aquela coisa. Até para as mais abstratas. Assim: Eu “sou” praia aos domingos! —
explica Caruso, que adapta tudo o que percebe de novidade no linguajar para
seus espetáculos de stand-up comedy. — E “diva” virou um verbo, o “divar”.
Quanto você faz algo digno de uma diva, você “divou”. De preferência, com a
separação silábica e a quebra de pulso: “Menina, adorei, você di-vou.”
Para o glossário de 2013, outro humorista faz as previsões:
as expressões “Brasil” e “sua linda”, diz Fernando Ceylão, seguem usadas como
vocativo genérico ou ponto final.
— Tipo “entendeu essa, Brasil?”, ou “friozinho, seu lindo”—
exemplifica Ceylão, também adepto de “amo”. — Já reparou que nego agora fala
“amo” sem parar?
Saindo da orla, as gírias que brotam nas comunidades
cariocas são ainda mais criativas: no Cantagalo, quem gosta de se produzir para
sair, fazer reflexo no cabelo e sobrancelha, usar piercing e perfume importado
é “sarna”. Entre o pessoal que dança o passinho, fala-se muito “rabiscar” para
quem dança bem. Kinho Mister Passista, o nome artístico de Marcos Paulo Torres,
um dos melhores dançarinos de Cidade de Deus, é quem reúne os vocábulos mais
comuns:
— A gente fala “embrasar” em vez de dançar; “novinha” em vez
de menina; “rebolão” para dançarino — explica Kinho. — Tem uma que a gente usa
também que é “sharingar” que significa copiar o passo, por causa de um desenho
japonês que tinha um personagem chamado Sharingan. Ele tinha um olho que tudo o
que ele via, automaticamente, copiava. Esse passo você “sharingou” significa
que o “rebolão” copiou, tá fazendo igual.
Como falar carioquês:
Abraçaço.
Inventado por Caetano Veloso, o termo batiza seu novo disco. Significa “um
abraço espalhado, múltiplo”.
Deu ruim.
Deu errado, não funcionou.
Baralhão.
Situação em que tudo é possível, um grande baralho.
Divar. Fazer a
diva.
Sensualizar.
Fazer a sensual.
Sem filtro.
Uma alusão ao uso recorrente dos filtros do aplicativo Instagram.
Só que não/só que sim.
Oriundas das redes sociais, as expressões não significam nada, mas reforçam a
ironia das conversas.
Não tenho roupa.
Gíria gay que significa “não estou preparado para tal situação”.
Trolar. Sacanear,
zombar. Do inglês to troll, muito usada para falar de memes da internet.
Tá pago. Está
resolvido.
Se pá. Talvez.
Sarna. Gíria muito
usada nas comunidades da Zona Sul: se o moleque está produzido, montado, com
acessórios e cabelo em dia, está “sarna”.
Lelesque.
Uma variação de “moleque”, “leque” e “lesque”, o “lelesque” é aquele surfista
ou skatista que vive na praia, toma açaí e só fala gírias. O garoto carioca
clássico.
Milgrau. Tá calor
demais? Tá “milgrau”.
Rabiscar.
Dançar bem, no dialeto do passinho. Fulano tá “rabiscando”...
Xatiado. Do
“miguxês”, dialeto praticado pelos jovens na internet. Significa, simplesmente,
chateado.
Embrasar.
Dançar.
Carro. Skate.
Novinha. Menina,
gatinha. Não é obrigatório ser jovem.
Amo, brasil e sua linda/seu lindo. Podem ser usados como vírgula ou ponto final, em qualquer
frase.
NE: Enviado por minha filha, Ivana. Não estou autorizado a
citar quem lhe mandou. Mas caiu na rede é peixe...
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