Jornal da Gíria
Jornal Mensal em idioma gírio – Edição 047 – Ano VII – Niterói RJ – Março/Abril
de 2007
Agradeço aos 279.623 navegadores que tiveram acesso a
esta página, de valorização da gíria brasileira.
Como alguns ainda não sabem., informo que todos que acessavam a página
pelo www.cruiser.com.br/giria poderão continuar acessando, até porque
o redirecionamento é feito automaticamente, mas já registrei um dominio
novo, atendendo a inúmeras solicitações.
O novo domínio é www.dicionáriodegiria.com.br
Não há porque negar a importância deste site para o conhecimento da gíria.
O meu projeto foi inicialmente restrito à giria portuguesa, falada no
Brasil.
Mas já tomou um rumo diferente.
No Dicionário, nesta 8ª edição, incorporei gírias de Portugal.
Na próxima edição, além de novas gírias de Portugal, estou com gírias
de Moçambique e de Cabo Verde já recolhidas.
Falta recolher gírias de Angola.
APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA PERMITE ESCREVER ISTO...*
Recebi do meu amigo Pilson Pibiapina , digo Wilson Ibiapina,
esta versão pangírica de um achado da língua portuguesa:
Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor, português, pintava portas,
paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos.
Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí,
pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou,
porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou
pratos para poder pagar promessas. Pálido,porém personalizado, preferiu
partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando
pinturas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.
Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo
pintá-los parcialmente,pois perigosas pedras pareciam precipitar-se
principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para
pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois,
pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos
pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos,
pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas
privações passou Pedro Paulo.
Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo
pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender
partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro
Paulo...
Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando
principais portos portugueses.
-Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo. -Parto, porém penso pintá-la permanentemente,
pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio
partira para Província.
Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão
para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente
pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou
pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior.
Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?
- Papai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitiste, porém, preferindo,poderei
procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo
permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos
pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar
profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para
poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém,
passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus.
Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para
procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio
procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas
palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles
profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras,
porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores
práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu
pintando prédios para Péricles,
pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando... Permita-me, pois, pedir perdão
pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso
pensar. Pensei. Portanto, pronto, pararei.
TRATAMENTO MACHISTA
A Sociedade Feminina Brasileira se queixa do tratamento
machista existente na gramática portuguesa.
Seguem alguns exemplos :
>Cão= melhor amigo do homem
>Cadela= puta
>Vagabundo= homem que não trabalha
>Vagabunda= puta
>Touro= homem forte
>Vaca= puta
>
>Pistoleiro= homem que mata pessoas
>Pistoleira= puta
>Aventureiro= homem que se arrisca, viajante, desbravador
>Aventureira= puta
>Garoto de rua= menino pobre, que vive na rua
>Garota de rua= puta
>Homem da vida= pessoa letrada pela sabedoria adquirida
ao longo da vida
>Mulher da vida= puta
>O galinha= o "bonzão", que traça todas
>A galinha= puta
>Tiozinho= irmão mais novo do pai
>Tiazinha= puta
>Feiticeiro= conhecedor de alquimias
>Feiticeira= puta
>Maluf, ACM, Jáder Barbalho e Eurico Miranda= Políticos
>A mãe deles= putas
> Puto= nervoso, irritado, bravo
> Puta= puta
GÍRIAS CIGANAS
O Sr. Assede Paiva, de Volta Redonda/RJ, enviou-me há
algum tempo cópia de seu valioso trabalho sobre “O Léxico Cigano” Verbetes
Romani/Calom, Acolhidos no Léxico Portugues, (Com base nos léxicos de
referência da língua portuguesa: Houaiss, Novo AuréliosXXI, Michaelis
e Cândido de Figueiredo, exceto se indicadas outras fontes).
Com sua autorização, reproduzo aqui alguns verbetes que têm dupla conotação,
uma vez têm um significado assemelhado no romani (cigano) e na gíria brasileira.
Bagunça - confusão ;
Banzé – algazarra
Biaba – assalto a mão armada para roubar
Bilontra – velhaco, biltre, lilbertino
Calão – termos baixos e grosseiros
Catraia – criança do sexo feminino;
Dica – informação, plá, pala
Empandeirado – inchado, embuchado
Gajo – sujeito
Gamar – ficar encantado
Gandaiar cair em vida desregrada e dissoluta
Mancar - descumprir um compromisso;
Parruda – mulher virgem ou grosseira
Patusco – brincalhão;
Pechincha qualquer coisa cujo preço é muito baixo
Pelego – individuo servil e bajulador
Pileque – estado de bêbado;
Pirar – retirar-se discretamento
Rangar – comer;
Rango refeição, comida
JUSTIÇA CONDICIONA USO DE ESTRANGEIRISMOS
AO PORTUGUÊS NO COMÉRCIO
Publicou o site da Procuradoria Geral da República, de 15.01.2007:
O juiz federal substituto Antonio André Muniz Mascarenhas de Souza, da
1ª Vara Federal de Guarulhos, concedeu liminar em ação pública movida
pelo Ministério Público Federal que determina a União a fiscalizar e fazer
cumprir o art. 31 do Código de Defesa do Consumidor(CDC), que obriga a
utilização da língua portuguesa, no mesmo destaque, das expressões em
língua estrangeira na oferta e apresentação de produtos e serviços por
fornecedores, inclusive nas ofertas publicitárias em vitrinas, prateleiras,
balcões ou anúncios (rádios, televisões, jornais e internet) . Caso descumpra
a decisão judicial, o governo está sujeito a multa diária de R$ 5 mil.
A liminar determina ainda que a União deve aplicar as
penalidades previstas no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor, que
vão desde a multa até mesmo a interdição, total ou parcial do estabelecimento,
de obra ou de atividade para os fornecedores que se utilizem unicamente
de língua estrangeira para a oferta ou apresentação de produtos ou serviços
sem a necessária tradução ou explicação. A decisão também obriga a União
a receber, analisar, avaliar e apurar denúncias encaminhadas por entidades
representativas, Ministério Público, pessoas jurídicas de direito público
e privado e consumidores individuais, punindo e autuando os responsáveis
pela violação do direito do consumidor à informação em língua portuguesa.
Ainda no despacho, o juiz determinou também que a União fica obrigada,
no prazo de 10 dias, a repassar o teor da decisão por meio do Departamento
de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) a todos órgãos integrantes deste
para que haja ampla divulgação aos consumidores e fornecedores em todo
território nacional, utilizando-se mesmo dos meios de comunicação como
prevê o CDC em seu art. 106, IV.
A ação civil pública é o resultado da investigação do MPF do uso de estrangeirismos,
principalmente o inglês, no comércio e tem como objetivo disciplinar o
uso da língua estrangeira nas relações de consumo em todo o Brasil . O
procurador da República Matheus Baraldi Magnani, autor da ação, iniciou
o trabalho, em outubro de 2005, por meio de entrevistas realizadas com
consumidores em shoppings e ruas comerciais de SP. "A receptividade
da idéia foi enorme, principalmente entre as pessoas da classe C, D e
E", disse.
Segundo Magnani, muitos não compreendem os termos de outras línguas utilizados
no comércio e têm vergonha por não entender um anúncio em território nacional.
"Alguns revelam, inclusive, constrangimento, como se a loja estivesse
selecionando clientes", revela o procurador. Em abril do ano passado
foi realizada audiência pública onde foi discutida com órgãos de defesa
do consumidor e com a população o art. 31 do CDC e o uso de estrangeirismo
nas relações comerciais.
Para o procurador, o artigo em questão prevê que a comunicação com o consumidor deve ser clara. "Em língua estrangeira não há essa clareza. Apenas uma pequena parcela da população tem acesso ao aprendizado de língua estrangeira. Assim, uma sociedade democrática não deve se organizar excluindo da grande massa o direito de entender o que se escreve nas vitrinas do país", assinala o procurador da república. Durante o levantamento, também foram ouvidos especialistas em língua portuguesa como os professores Pasquale Cipro Neto, apresentador do programa Nossa Língua Portuguesa, da TV Cultura, e colunista da Folha de SP e ONGs ligadas ao direito do consumidor.
DICIONÁRIO DE EXPRESÕES CEARENSES
Wilson Ibiapina, diretor da Sucursal do Diário do Nordeste, de Fortaleza, em Brasília, recomendou-me que colocasse no Jornal da Gíria este conjunto de expressões cearenses:
> "Butar buneco!"
- Se divertir!
> "Diabéisso?" - O que é isso?
> "Deixe de arrudei!" - Pare de enrolar!
> "É bem pixototim!" - É bem pequeno!
> "Ele é chei do leriado!" - Ele é conversador!
> "Ele é muito estribado!" - Ele é muito rico!
> "Ele é môco!" - Ele é surdo!
> "Ela pelejou quissó!" - Ela tentou bastante!
> "Ele só quer ser as pregas!" - Ele quer ser muita coisa!
> "Isso é miolo de pote!" - Isso é besteira!
> "No rumo da venta!" - Em frente!
> "O caba é morto dentro das calça!" - Ele é preguiçoso!
> "O bicho é lesado!" - Ele é lento!
> "Peço penico!" - Eu desisto!
> "Rai te lascar!" - Vá para o inferno!
> "Rebole no mato!" - Jogue fora!
> "Rumbora, negada!" - Vamos embora pessoal!
> "Se avexe não!" - Não se preocupe! (Take it easy!)
> "Só o mi!" - Muito bom!
> "Só andam encangado!" - Só andam juntos!
> "Tá fumando numa quenga!" - Tá com muita raiva!
> "Tá frescando comigo?" - Tá bricando comigo?
> "Tá melado!" - Tá bebado!
> "Vou dar uma pilôra!" - Vou desmaiar!