Jornal Mensal em idioma gírio – Edição 050 – Ano VII – Niterói RJ – Novembro-Dezembro de 2007
Reforma ortográfica, para quê?
Há mais de um mês anda pela internet um alerta sobre uma possível reforma ortográfica.
Parece manifesto terrorista.
Diz o texto que "até o final de 2007, entrará em vigor o Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa. Os países-irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste terão, enfim, uma única
forma de escrever. As mudanças vão acontecer porque três dos oito membros da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram as regras gramaticais
do documento proposto em 1990. Brasil e Cabo Verde já haviam assinado o acordo
e esperavam a terceira adesão, que veio no final do ano passado, em novembro,
por São Tomé e Príncipe".
Quer dizer que três decidem o que oito terão de fazer? Isso é acordo? Fico impressionado
com o poder de São Tomé e Príncipe, de Cabo Verde e, principalmente, do Brasil.
Não há dúvida de que o Brasil necessita de reformas, mas não na ortografia.
Temos problemas mais urgentes. Precisamos de reformas na política, na economia,
na educação, no judiciário.
Pelo visto, diante da dificuldade de fazer outras reformas, vamos mudar a ortografia.
Se resolvermos os problemas do nosso sistema ortográfico, o brasileiro "com
certeza" viverá melhor.
Mais adiante, o texto fala em unificação: "O português é a terceira língua
ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas
ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais.
Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames
e certificados para estrangeiros".
Ah, bom! Agora entendi. Estamos preocupados com os estrangeiros.
Até o santo nome do mestre Antônio Houaiss foi usado: "A escrita padronizada
para todos os usuários do português foi um estandarte de Antônio Houaiss. O
filólogo considerava importante que todos os países lusófonos tivessem a mesma
ortografia".
Entendo que uma padronização até poderia ser saudável, mas é quase impossível,
e a verdade é que temos problemas mais sérios para resolver. Por dar consultoria
a empresas jornalísticas há mais de dez anos, sei o quanto é difícil fazer uma
uniformização.
Tenho meus temores, pois quem gosta exageradamente de padronizações é porque,
no fundo, prefere uma "ditadura" a uma saudável flexibilidade que
todas as línguas vivas apresentam. Se a idéia de uniformização era um dos sonhos
de Antônio Houaiss, fico sem entender os critérios que levaram a equipe de lexicógrafos
do seu dicionário a registrar (a meu ver, acertadamente) vários vocábulos com
dupla grafia: aterrissar/aterrizar; catorze/quatorze; co-seno/cosseno; hidrelétrica/hidroelétrica...
O texto da reforma aborda algumas mudanças: fim do acento circunflexo em palavras
terminadas em "ôo(s)" e "êem" (abençôo, vôos, crêem, dêem,
lêem, vêem); fim do acento agudo nos ditongos "éi", "éu"
e "ói" (idéia, troféu, herói); fim do trema (lingüiça, seqüência);
fim do acento usado em "pára" (verbo) para diferenciar de "para"
(preposição).
Gostaria de saber qual é a vantagem. Que ganhamos com isso?
Só posso imaginar que os defensores do fim do trema ficarão felizes. Querem
acabar com o trema, que podemos aprender em um minuto, e ninguém fala do hífen,
que nos incomoda durante toda a vida.
E a volta da letra "k". Que alegria! Agora, vou poder escrever sem
erro: disk-pizza, disk-chaveiro, disk-borracheiro, disk-sexo...
O alfabeto voltaria a ter 26 letras. Que bom! Se as palavras não poderão ter
duas grafias, onde vamos usar o "w" e o "y"? É bom lembrar
que, em palavras estrangeiras e nos adjetivos e substantivos do português derivados
de nomes estrangeiros (kantismo, shakespereano), o uso do "k", do
"w" e do "y" nunca foi proibido.
Até parece que escrevemos mal por culpa do nosso atual sistema ortográfico,
o qual aprendemos por memória visual, pelo bom hábito da leitura.
O que nos falta é incentivo à leitura, é melhorar nossas condições de ensino,
é remunerar melhor os professores...
Falta é vontade política de se fazer uma real reforma na educação.
Capturado no site de Ancelmo Gois, no GLOBO ON LINE, como e-mail enviado por Prof. Sérgio Nogueira Duarte da Silva – em 0 3.10.2007, | 15h27m
História dos idiomas mapeia Babel de
hoje
História Mundial dos Idiomas" amplia os nossos limites
geoculturais, abordando a evolução da comunicação verbal humana e a disseminação
das 6.417 línguas faladas em todo o mundo.
Na verdade, o mundo não é tão pequeno assim quanto a nossa acepção de "mundo".
Essa é a impressão imediata de quem lê a História Mundial dos Idiomas, de Harald
Haarmann. Em quase 400 páginas, o lingüista alemão redimensiona o mapa-múndi
do leitor no tempo e no espaço.
Bildunterschrift: Weltgeschichte der Sprachen:
Von der Frühzeit des Menschen bis zur Gegenwart. (História Mundial dos Idiomas
– Da Pré-História até Hoje). Munique, Verlag C.H. Beck 2006: 398pp.
O mérito dessa abordagem da pluralidade lingüística não é apenas servir como
obra de referência sobre as línguas faladas hoje em todo o mundo. O enfoque
historiográfico faz pensar no curioso fato de que a capacidade de se comunicar
oralmente através de uma estrutura complexa de signos, como a que conhecemos
hoje das línguas modernas, é relativamente recente entre os hominídeos.
Infância das línguas
Os estágios hipotéticos de evolução lingüística da humanidade apontam para fases
de organização verbal análogas à aquisição natural do idioma materno por uma
criança. A comunicação através de sinais e interjeições, a nomeação do ambiente
à volta, a fala elementar sobre coisas e eventos e, por fim, o desenvolvimento
de estruturas lingüísticas complexas representam as quatro fases da evolução
das línguas até o homem moderno.
Mas essa obra historiográfica não amplia somente o horizonte temporal em que
costumamos conceber o "mundo". Os limites geoculturais em que nos
movemos também começam a nos parecer bastante restritos durante a leitura. E
talvez seja justamente o contato com culturas de regiões distantes que nos torne
novamente presente o quanto a nossa língua é limitada por nosso espaço de vida
e atuação.
Se as expressões alemãs para alguns tipos de neve já sobrecarregam qualquer
tradutor do português, qual não seria a dificuldade de traduzir para qualquer
outra língua as 21 denominações de neve existentes em inari-saami, uma língua
falada na Finlândia? Um exemplo do grau de diferenciação é o termo "ceeyvi",
que significa "neve que surge sob ventos fortes e se endurece tanto a ponto
de uma rena não conseguir mais procurar comida por baixo".
Babel das correntes migratórias
Essa História Mundial do Idiomas não é, no entanto, tão anedótica
como poderia ser, mas serve como base de consulta prática. Quem quiser recapitular
como o latim vulgar se ramificou nos diversos idiomas românicos encontra aqui
um panorama sucinto. E quem quiser, para ir mais longe, entender as ramificações
do indo-europeu pode se aprofundar nas correntes migratórias ocorridas na Eurásia
há 9 mil anos.
Haarmann também descreve, quando oportuno, o desenvolvimento das investigações
e descobertas arqueológicas, paleográficas e lingüísticas que estão por trás
do atual estágio de conhecimento sobre a evolução das línguas. O caso da reconstrução
do indo-europeu, uma língua hipotética deduzida da semelhança lexical entre
determinados idiomas, é especialmente elucidativo dos procedimentos científicos
da lingüística diacrônica.
Diversidade lingüística em números
O aparato de dados numéricos e estatísticos tornam esse livro
ainda mais útil. Teoricamente, temos uma vaga noção da distribuição dos idiomas
em todo o mundo, mas os números também podem corrigir algumas imagens equivocadas.
O fato de as línguas faladas na Europa terem alcance mundial e delimitarem o
nosso universo cultural geralmente nos faz esquecer do quanto essa aparente
hegemonia é relativa. Pelo menos numericamente, a Europa – com todas sua diversidade
lingüística – é o continente com o menor número de idiomas nativos (apenas 143,
em comparação com 1.906 na Ásia, 1.821 na África, 1.268 no Pacífico, e 1.013
nas Américas).
O número de línguas registradas no Brasil (236) supera de longe, portanto, a
quantidade de idiomas falados na Europa. E talvez também não seja de conhecimento
geral, por exemplo, que o português é a oitava língua mais falada do mundo,
depois do chinês, inglês, híndi, espanhol, russo, árabe e bengali. Apenas algumas
entre inúmeras informações a serem conferidas nesse livro.
A educação bilíngüe ou trilíngüe, condenada nos anos 60, é vista hoje como uma
garantia do domínio não só de duas ou mais línguas, mas da compreensão de vários
universos culturais.
Coche, araba, auto – três denominações para um mesmo objeto de madeira sobre
rodas: um carrinho de brinquedo que a pequena Jelya, filha de pai turco e mãe
espanhola, empurra pela sala da casa. Quando alguém pergunta para a menina com
o que ela está brincando, a reposta vem de acordo com o interlocutor: pode ser
em alemão, em espanhol ou em turco.
"Percebemos que, com dois anos e meio, nossa filha já consegue ir e vir
entre as duas línguas. Comigo ela fala turco e se, logo em seguida, a mãe pergunta
alguma coisa, ela responde em espanhol", conta entusiasmado o pai Cahit
Basar.
Coerência é essencial
Jardim-de-infância em Flensburg:
crianças lêem livro escrito no dialeto baixo-alemão (Plattdeutsch)
A menina só se sente um pouco atrapalhada quando sua tia turca começa, por exemplo,
a falar alemão. Ou quando um alemão amigo da família começa a falar espanhol.
Ou até quando ouve da própria mãe, a espanhola Natividad, uma palavra ou outra
em turco. "Outro dia eu disse alguma coisa e ela me corrigiu. Não, mamãe,
não é su, é agua. Ela quis me dizer que eu não deveria falar turco, mas sim
espanhol", conta Natividad.
O comentário da menina de dois anos tem realmente suas razões. Pois uma das
premissas da educação bilíngüe é que tanto pais quanto avós ou amigos mantenham
a coerência ao falar com as crianças. Para que estas não confundam os idiomas.
No caso de Jelya, por exemplo, é importante que o pai continue falando turco,
a mãe espanhol e os amigos alemães da família o idioma do país – a Alemanha
– onde vivem.
Idioma da interação
Os ouvidos de Jelya estão, na verdade, mais acostumados a ouvir turco e espanhol
do que alemão, pois ela passa boa parte do tempo na casa dos avós, que cuidam
dela quando os pais estão trabalhando. Para a fonoaudióloga Nicolette Bourtscheidt,
no entanto, ela não terá dificuldade alguma em aprender rapidamente o alemão.
No jardim-de-infância esta será, afinal, a língua que ela irá usar para se comunicar
com os coleguinhas. É provável que o alemão, que a menina já domina passivamente
– ouve e compreende – passe a ser usado dentro em breve também ativamente.
"As crianças, nos jardins-de-infância, têm às vezes um pouquinho de dificuldade
no começo. Nos primeiros dois, três meses, elas geralmente observam o que se
fala e, de repente, começam a ir e vir entre as duas línguas maternas e o alemão,
que é, afinal, o idioma de interação com as outras crianças", observa a
fonoaudióloga Bourtscheidt.
Competência em vários universos culturais
Jardim-de-infância bilíngüe (alemão-hebraico)
em Potsdam
A educação bilíngüe ou trilíngüe, condenada por várias décadas como um "perigo"
para o desenvolvimento da criança, é hoje vista como uma vantagem para o adulto,
que irá dominar não apenas dois idiomas, mas terá também competência para se
movimentar em universos culturais distintos.
"Até os anos 60", relembra o semanário alemão Die Zeit, "acreditava-se
que crianças bilíngües tinham seu desenvolvimento retardado em relação a outras
da mesma idade. A idéia era de que aprender dois idiomas significava uma dispersão
de recursos cerebrais e que, acima de tudo, essas crianças apresentavam deficiências
de desenvolvimento não só no aprendizado da língua, mas em outros aspectos também."
Máxima de Saussure
O problema é que a maioria das pesquisas realizadas com crianças bilíngües à
época foram feitas com filhos de imigrantes nos Estados Unidos – uma seleção
que não continha amostras de vários segmentos da sociedade.
Mais tarde, o teuto-americano Werner Leopold, considerado um dos pioneiros dos
estudos sobre educação bilíngüe, viria a observar que as crianças que crescem
falando dois idiomas tendem a manter determinada distância da língua em si.
Ou das línguas. "Sozinhas, elas chegam à constatação básica de Ferdinand
de Saussure: as palavras são arbitrárias", lembra o Die Zeit.
Décadas mais tarde, os especialistas passaram a apontar a educação bilíngüe
como um fato que pode abrir fronteiras no desenvolvimento cognitivo e social
da criança. Não sendo, porém, um ideal a ser seguido por todos. O perigo, alertam,
é que a pessoa adulta se torne, ao invés de bilíngüe, alguém que não domina
nenhum idioma com perfeição.
Tradutores mirins
Terceira língua na escola: desafio
ou fato corriqueiro para a criança?"
No caso de uma criança que cresce com três idiomas, os pais devem chegar a um
consenso em casa sobre o que vão falar com ela. Para quando chegar a hora, na
escolinha, de aprender um terceiro idioma, já existir uma clareza quanto ao
que é falado na família. Quando a criança estiver sozinha com o pai ou a mãe,
por exemplo, ela deve falar apenas a língua deste ou desta", recomenda
a fonoaudióloga Bourtscheidt.
Com apenas dois anos e meio, a pequena Jelya não domina ainda, obviamente, as
três línguas (turco, espanhol e alemão) perfeitamente. Mas os especialistas
não duvidam de que isso deve acontecer em breve. O que, certamente, vai colocar
um fim na ciranda de traduções na família.
"Pois nós dois temos apenas um conhecimento básico da língua do outro.
Minha mulher entende turco, mas não fala bem. A mesma coisa acontece comigo
em relação ao espanhol. Ou seja, esperamos ter brevemente uma tradutora dentro
de casa", brinca Cahit Basar, o pai de Jelya.
Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso
vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes
e genuínos sentimentos.
É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse PortuguêsVulgar
que vingará plenamente um dia.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia demuita
quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao
infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho,
o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja
pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta
negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!"
e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente
não!" o substituem. O ! "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida
o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de
maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo
o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência.
Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM
FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar
com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações
onde nosso ego exigia não só a definião de uma negaão, mas também o justo escárnio
contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos
viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele
chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu
aquele relatório sozinho porra nenhuma!! ". O "porra nenhuma",
como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É
como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone",
"repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente
de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!",
ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente,
sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!"
dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo
e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido
troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa
e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou
o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do insuportável,
se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no
olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça
erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder
de definião do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora
ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente
e arrasadora para uma situaão que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora
complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em
todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como
quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de
habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás devocê mandando você parar: O
que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de
uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!"
que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!".
"Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituçião Federal.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se.
Millôr Fernandes
NA: Recebi por e-mail com autoria atribuída ao grande escritor, teatrólogo, jornalista, chargista, humorista Millor Fernandes.
Gírias em alemão
Recebi da leitora Cecília Spatz:
Arschloch - A palavra em si significa buraco do cú. Expressão
usada para designar alguém que é muito sacana.
Cool - legal (apesar da palavra ser de origem inglesa, é muito usada pelos jovens)
Super - muito bom, legal.
Megageil - expressao usada quando algo que aconteceu foi muito, muito bom mesmo.
Ex.: Die Show war Megageil.
Halt dem Maul - Cale a boca!
Ich habe die Nase voll! - Estou de saco cheio!
Halt die Klapper - Cale a matraca!
Der Hammer! - Apesar da palavra significar martelo, é usada no sentido de que
algo ou alguém é muito bom mesmo. Ex.: Madona ist der Hammer!, Madona é o máximo!
Echt? - Verdade? Foi mesmo?
Titen - peitos
Furzen - soltar pum.Peidar, no sentido mais exato da palavra.
Arsch - bunda. Ex.: Sie hat einen tolle Arsch/ Ela tem um bumbum bonito.
Toll - ótimo, bom.
Leck mich an Arsch - Vá tomar no cú! Talvez seja a expressão mais apropriada
em português, embora literalmente signifique "lamba meu cú"
Geil - gostosa. Ex.: Sie ist einfach geil! Ela é muito gostosa!
Ficken - transar.
Doof - imbecil. Ex.: Du bist doof.
Dummkopf - ignorante
Dumm - burro, bobo, tolo.
“Palavrões” da língua portuguesa.
Recebi do amigo Stelio Dias :
1) Paralelepípedo, com 14 letras.
2) Inconstitucionalssimamente, 27 letras
3) Oftalmotorrinolaringologia, 28 letras
4) Anticonstitucionalissimamente, 30 letras
5) Pneumoultramicroscopicossilicovulcanocomiótico, 46 letras
O sotaque das vacas
Um estudo recente da Universidade Federal do Ceará afirma que
as vacas, como as pessoas ao falar, apresentam sotaques regionais distintos
ao mugir.
O professor João Guilherme Sobreira, especialista em fonética da instituição,
foi investigar o assunto depois que criadores de vacas leiteiras perceberam
ligeiras diferenças nos "muuuus" das vacas de diferentes regiões em
seu rebanho.
"Eu passo muito tempo com as minhas vacas, e definitivamente elas mugem
com um sotaque de Sobral", disse Alfredo Gomes, que tem uma fazenda na
Meruoca, no norte do território cearense.
"Conversei com outros fazendeiros na região, e eles também perceberam fatos
semelhantes em suas vacarias. Com cachorros, também é assim, quando mais próxima
a relação do dono com os animais, mais fácil é pegarem o sotaque."
Gomes afirma que também já foram identificados sotaques diferentes em passarinhos.
Para o estudioso, entretanto, o fenômeno pode ser resultado do contato com outros
animais da região, não com humanos.
"Isso é bem conhecido com passarinhos. Você encontra diferenças nos gorgeios
de pássaros da mesma espécie em diferentes regiões do país. Isso também pode
ser fato entre as vacas", disse Gomes.
Ele diz que em pequenas populações, como rebanhos, é possível encontrar variações
no dialeto que são mais afetadas pelos vizinhos mais próximos da mesma espécie.
Para Tereza Freire, professora de linguística da Universidade Federal de Pernambuco,
o sotaque pode ser influenciado pelos parentes.
"Quando aprendemos a falar, adotamos a variação local falada por nossos
pais, logo, o mesmo pode ser dito sobre o mugir das vacas do nordeste brasileiro,
comparativamente com os do Rio Grande do Sul ou do Mato Grosso."
Verbo For
Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando,
ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos
outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa
não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos
com o vigor necessário — evidentemente o condizente com a nossa condição provecta
—, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro,
jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário
falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário
outra vez; domingo, dia de exercício).
O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia,
tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia,
sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha
que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não
interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto
possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As
Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho.
Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos
nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se
o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical
desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque
se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito
Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino
(dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.
— Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra — dizia ele ao entanguido
vestibulando.
— "Catilina, quanta paciência tens?" — retrucava o infeliz.
Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar
para a platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção
à porta da sala.
— Ai, minha barriga! — exclamava ele. —
Deus, oh
Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas
Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!
Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou
a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas
dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor,
eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu
elenco.
O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa
do candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português
e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José
Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:
— Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do
Hino Nacional!
— As margens plácidas — respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair
a xícara.
— Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?
— Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado.
Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem
no hino. "Nem teme quem te adora a própria morte": sujeito: "quem
te adora." Se pusermos na ordem direta...
— Chega! — berrou ele. —
Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!
Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola
de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca
de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que
até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes
e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor
sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas.
A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz
alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria
dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante.
Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então,
eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra "for"
tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto,
pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro,
ele passa e seja o que
Deus quiser.
— Esse "for" aí, que verbo é esse?
Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse
a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.
— Verbo for.
— Verbo o quê?
— Verbo for.
— Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.
— Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. — Nós fomos, vós fondes,
eles fõem.
Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.
João Ubaldo Ribeiro
NA: Recebi por e=mail com autoria atribuída ao grande jornalista e escritor João Ubaldo Ribeiro.
Pérolas do futebol
A vida imita a arte. Vejam os novos verbos criados por expressões do nosso futebol.
EU PEGUEI A BOLA NO MEIO DE CAMPO E FUI FONDO, FUI FONDO, FUI
FONDO E CHUTEI PRO GOL'
Jardel, ex-jogador do Vasco e Grêmio, ao relatar ao repórter o gol que tinha
feito
A BOLA IA INDO, INDO, INDO... E IU !!!'
Paulo Nunes, comentando um gol que marcou quando jogava no Palmeiras*
'HAJA O QUE HAJAR, O CORINTHIANS VAI SER CAMPEÃO'
Vicente Matheus , ex-presidente do Corinthians.
Tautologia
É o termo usado paradefinir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer
para baixo'.
Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:
- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito.