Jornal Mensal em idioma gírio – Edição 62 – Ano IX- Niterói/RJ – Setembro/Outubro de 2009
Segue a trajetória da 8ª. edição do Dicionário de Gíria, do prof. JB Serra e Gurgel
Estamos chegando as 450 mi visitas ao nosso site. Passamos de 440 mil. No fechamento, estávamos com 440.843. Nada mau.
Nada há em relação ao número de visitantes do site e a compra do livro.
Um registro importante foi entrevista que concedi a TV Câmara dos Deputados que já transmitiu em diferentes horários.
Estou tentando superar as dificuldades para entrar nas grandes redes de livrarias e já entrei na Rede Travessa, do Rio de Janeiro, na Rede Livro Técnico, de Fortaleza, na Rede Leitura, de Brasilia, na Rede Cultura, de São Paulo, e na livraria Gutemberg, de Niteroi. É um processo lento e complicado.
Nesta oportunidade, transcrevo matéria de um site de Brasilia, o
www.nosrevista.com.br Vejam.A Gíria dos Países de Língua Portuguesa Invade o Primeiro Mundo
Publicado por
Expedienteem 4 de setembro, 2009, no site: www.nosrevista.com.br
Por Menezes y Morais *
Gurgel,há 20 anos pesquisando a gíria dos paises de língua portuguesa
Os puristas da língua que me perdoem, mas, o jornalista e escritor cearense JB Serra e Gurgel é um dos maiores defensores e pesquisadores (há mais de 20 anos) da gíria que eu conheço. E ele não está sozinho nessa odisséia semântica.
Que o digam os seus milhares de leitores espalhados pelo mundo afora, que já leram o seu Dicionário de Gíria, o Equipamento Lingüístico Falado do Brasileiro, com 33 mil verbetes, 735 páginas, com gírias do Brasil, Portugal, Angola e Moçambique.
Quem trabalha com a palavra sabe que é o povo é o seu principal renovador, com a sua vanguarda de escritores, criadores de neologismos. As palavras inventadas, quando resistem à ação do tempo, terminam se petrificando nos livros (dicionários), como diria o poeta João Cabral de Melo Neto.
DESMISTIFICANDO A TESE DOS QUE SÃO CONTRA A GÍRIA
Gurgel fustiga os moralistas da língua. E desmistifica os seus ataques à língua do povo: "É falsa a afirmação de que a gíria é linguagem de malandros, marginais, de pobres, de excluídos".
Acrescenta: "É falsa a afirmação de que rico, educado, bem nascido, não fala gíria. Também é falsa a afirmação de que a gíria empobrece a língua". E vai mais além:
"Também é falsa a afirmação de que gíria é a linguagem usual dos brasileiros que não tiveram a oportunidade de estudar. Ou ainda, é a linguagem usual dos brasileiros que tiveram a oportunidade e não estudaram".
O que é a gíria, então? "É a linguagem dos brasileiros de todas as cores, raças, etnias, sexo, níveis, instrução, educação, cultura, classes sociais, posse de bens etc.". Gurgel fala com a autoridade do autor daquele que é considerado "o mais completo Dicionário de Gíria editado no país e na língua portuguesa, reunindo os modismos utilizados pelas tribos urbanas".
Manuel Antonio de Almeida (1831-1861)
Tanto é assim que a primeira edição foi publicada há 10 anos e tinha apenas um pouco mais de 6 mil verbetes. "Eu estudo a gíria brasileira há mais de 20 anos. A gíria não é apenas um conjunto de palavras ou códigos semânticos usados por determinados grupos ou profissões".
GÍRIA, INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO DOS EXCLUÍDOS
"Também não é giria – acrescentou Gurgel – o caipirismo ou o regionalismo, muito embora algumas palavras dessas linguagens estejam incorporadas ao patrimônio gírio".
O que é, então? "É muito mais do que isso. É um recurso legítimo, empregado pelos brasileiros, que não conhecendo a linguagem padrão e precisam se comunicar, se fazer entender".
Para Gurgel, um empresário e um trabalhador da construção civil se entendem facilmente através da gíria. "Se o dinheiro os separa, a gíria os une. Da mesma forma, os adolescentes se entendem. Nesta tentativa, tudo é válido".
Por esta razão, assegura: "Chega a ser inacreditável que os brasileiros reajam com desprezo aos que falam fluentemente a língua, aos que empregam expressões cultas e eruditas na sua comunicação. Todos torcem o nariz e até ridicularizam, chamando-as de barrocos, rococós, pernósticos, pretensiosos, metidos à besta".
Aloisio de Azevedo (1857-1913)
A GÍRIA NA MÍDIA AJUDA LEVANTAR A AUDIÊNCIA?
O dicionarista cearense radicado em Brasília (DF) diz que sim. E chama atenção para um fato. "Vejam o que acontece nos meios de comunicação do país, principalmente no rádio e na televisão. Se eles mudassem sua linguagem, se não recorressem à gíria, perderiam audiência".
Ao recorrerem ao uso da gíria, esses comunicadores nivelam por baixo? Gurgel diz que não. "Eles usam e abusam da gíria para manter a audiência. Estão certos. Até os jornais e revistas recorrem à gíria. Principalmente os mais populares. Daí que ser crescente o número de brasileiros que falam gíria e cada vez mais são criados novos modismos gírios, incorporados à língua Portuguesa".
O acervo gírio na língua portuguesa pode chegar a 50 mil verbetes. "Isto é muito. É verdade que muitas gírias estão dicionarizadas na língua padrão, embora continuem condenados pela língua culta ou oficial".
E acrescentou: "De qualquer forma, acredito que os baixos níveis de educação nos últimos 30 anos contribuíram para uma expansão da fronteira gíria no Brasil e para que muitas gírias deixassem der ser gírias".
Gurgel afirma que "O brasileiro comum usa duas mil palavras, inclusive do idioma gírio". E que "o razoavelmente instruído tem um vocabulário de 5 mil palavras e o culto utiliza 10 mil".
A GÍRIA BRASILEIRA NAS BIBLIOTECAS DO MUNDO
O Autor informou que sua obra pode ser encontrada nas principais bibliotecas do mundo. "Quem consultar a Biblioteca Nacional do Brasil ou de Portugal, as bibliotecas dos Congressos dos Estados Unidos e do Brasil, encontrará o livro no acervo".
O mesmo acontece com o acervo do Instituto Ibero-americano de Hamburgo, acrescentou Gurgel. "As 4ª e 5ª edições chegaram às bibliotecas das 240 universidades e todas as faculdades de letras cadastradas no Brasil".
Gurgel fala com orgulho do seu Dicionário de Gírias rompendo fronteiras. "Especialmente na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional de Lisboa, o Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro e Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington".
Onde mais? "Na Biblioteca do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e da Universidade de Brasília, em Brasília (DF), Biblioteca da Academia Brasileira de Letras e da Associação Brasileira de Imprensa".
O que isto significa? "Trata-se de um esforço para que a gíria deixe de ser marginalizada, por escrúpulos e pruridos idiotas, pelos que devem estudar sua importância na vida e cultura dos brasileiros".
Até onde estou informado – acrescentou – "a Academia Portuguesa também está ignorando o marco. Temo, com todo o respeito, que sejam esquecidos. Lembrei também: em 1990, dos 100 anos, do segundo livro publicado em idioma gírio no Brasil, O Cortiço, de Aluísio de Azevedo".
"Em 2003, dos 100 anos do O Dicionário Moderno, de Bock, pseudômino de José Angelo Vieira de Brito, mas não trazia gíria no título. Em 2004, dos 150 anos do primeiro livro publicado em idioma gírio no Brasil, Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antonio de Almeida, em 1854".
CENTENÁRIO DO PRIMEIRO DICIONÁRIO DE GÍRIA
Diante tanto esquecimento, Gurgel se antecipa no tempo: "Em 2012, teremos o centenário do primeiro Dicionário de Gíria publicado no Brasil, mais precisamente A gíria dos Gatunos Cariocas, de Elysio de Carvalho".
"Também em 2012 – acrescentou – os 300 anos da primeira referência à gíria na língua portuguesa, feita pelo padre Raphael Bluteau, no seu Dicionário da Língua Portugusa".
A gíria fará 300 anos em 2012 Em 2012. A presença da gíria na língua portuguesa vai completar 300 anos, marco gírio da referência gíria no Dicionário do padre Raphael Bluteau.
Dos dois lados do Atlântico, por enquanto, só nós aqui registramos a data enquanto aguardamos alguma manifestação oficial.
Explosão gíria
* Jornalista, professor, escritor e historiador. Editor da Nós – dos Eixos.
ONDE COMPRAR A 8ª. EDIÇÃO DO DICIONÁRIO DE GIRIA
Poderá ser encontrado nas seguintes livrarias
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LEBLON - SHOPPING LEBLON, 2
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CENTRO -TRAVESSA DO OUVIDOR, 17
AV RIO BRANCO, 44
RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 66, TÉRREO
NITEROI-RJ
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JB Serra e Gurgel
SQS 302 Bloco A, apto. 607
Asa Sul
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70.338.010
Para o exterior, por 40 dólares ou 30 euros, com despesas postais incluídas.
A ESTRANHA BELEZA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Este texto é dos melhores registros de língua portuguesa que eu tenho lido
sobre a nossa digníssima 'língua de Camões', a tal que tem fama de ser pérfida, infiel ou traiçoeira.
Um político que estava em plena campanha chegou a uma pequena cidade, subiu
para o palanque e começou o discurso:
- Compatriotas, companheiros, amigos!
Encontramo-nos aqui, convocados, reunidos ou juntos para debater, tratar ou discutir
um tópico, tema ou assunto, o qual me parece transcendente, importante ou de vida ou morte.
O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou junta
é a minha postulação, aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara deste Município.
De repente, uma pessoa do público pergunta:
- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para dizer a
mesma coisa? O candidato respondeu:
- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto,
como intelectuais em geral;
a segunda é para pessoas com um nível cultural médio, como o senhor e a maioria dos que estão aqui;
A terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos,
como aquele bebado, ali deitado na esquina.
De imediato, o bebum levanta-se a cambalear e 'atira':
- Senhor postulante, aspirante ou candidato: (hic) o facto, circunstância ou
razão pela qual me encontro num estado etílico, alcoolizado ou mamado (hic)
não implica, significa, ou quer dizer que o meu nível (hic) cultural seja ínfimo,
baixo ou mesmo tosco (hic).
E com todo a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic)
pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic) os seus haveres, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se,
dirigir-se ou ir direitinho (hic)
à leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica ou à puta que o pariu!
A arte, a filosofia e a maneira de ser Carioca.
Carioca não briga, cai na porrada;
Carioca não entende, se liga;
Carioca não entra, invade;
Carioca não pede, impõe;
Carioca não reclama, protesta;
Carioca não mente, manda um caô;
Carioca não fala OI, fala COEH;
Carioca não fala vai, fala mete o pé ou vaza.
Carioca não pede DESCULPAS, diz FOI MAL;
CARIOCA não ama, se apaixona;
Carioca não diz Obrigado, diz VALEU;
Carioca não passeia, dá rolé;
Carioca não fala "MEU", fala "MANÉ";
Carioca não fala "TÁ ME TIRANDO, MANO?", fala "TÁ DE SACANAGEM NÉ!"
Carioca jamais é "MANO", carioca é sempre "MERMÃO"!
Carioca não ouve música, escuta um batidão;
Carioca não atende o celular dizendo ALÔ, e sim dizendo FALA AÊ;
Carioca não dá idéia , manda uma real!
Carioca não fica chateado, carioca fica BOLADO!
Carioca não conversa, DESENROLA;
Carioca não sai escondido, carioca dá um perdido;
Carioca não paga R$200,00 pra ver U2, carioca vai a praia e vê Stones de
graça!!
Carioca num pede por favor, fala NA MORAL...
Carioca não tem MANO, tem PARCEIRO,BROTHER,FIEL....
Carioca não aparece, ele bota a cara!
Carioca nao usa tênis, vai de havaianas mesmo!
Carioca não fala tá certo, fala TÁ TRANQUILO!!
Carioca não fala DEIXA COMIGO, fala É NÓIS, TAMO JUNTO, TÁ DOMINADO!
Carioca quando chega em outro lugar, nego já sabe que é carioca só
pelo jeito de andar!!!
Carioca não pensa , carioca faz e pronto, se der merda deu.
Carioca não diz: "O QUE ACONTECEU? diz: "QUAL FOI?"
Carioca não é marrento, é CARIOCAAA!!
CARIOCA NÃO É SÓ NASCER NO RIO.. É UM ESTILO DE VIDA!!!!