Jornal da Gíria Ano XXII- Nº 146 Novembro e Dezembro de 2022
 

Muito grato aos 653 mil 228 visitantes deste site de gíria na lingua portuguesa.Antes estava 652,949

 Certamente é recorde.

Devemos considerar:

1)      Não temos dialetos.

2)    TEMOS LINGUAS INDIGENAS

3)  NÃO TEMOS LINGUAS OU DIALETOS AFRICANOS NEM QUILOMBOLAS.

4)    Temos MULTIPLOS sotaques uma pista para um dialeto.

5)    Temos regionalismos muito fortes.

6)    Temos o mais baixo índice de leitura dos países da América Latina, o que compromete a capacidade de cultura da lingua. \livro, jornais e revistas  desapareceram.

7)    Com a explosão digital, as bancas de jornais sumiram,  hoje vendem poucos jornais e revistas e mais vassouras e produtos de limpeza.

8) Perdemos 764 livrarias nos últimos cincos anos,

9)A venda de livros despencou de 286n milhões para 191,0 milhoes, quase 100% em seis anos,

.10)    95% dos brasileiros desconhecem a linguagem padrão, a lingua culta.

11)    95% desconhecem a gramática

12)    90% dos brasileiros falam gírias

13)    O país ainda conta com uma robusta  população  constituida por semi-analfabetos e analfabetos funcionais,

14)O brasileiro médio tem um vocabulário muito pobre e muito curto de apenas 1000 palavras.

15)   O ensino da língua portuguesa continua muito difícil, com brutal omissão do Ministério da Educação.

16) .Nada se faz em defesa da língua.

17)  É crescente o uso de palavras e expressões da língua inglesa. O povão repete, sem entender .

18) A linguagem digital e virtual está foremenete presente nas redes sociais.

19) Há quem afirme que o Brasil caminha para ser uma nação ágrafa , isto é sem lingua escrita. Se não leêm e não escrevem, esta será  a consequência.

20) Deve surgir , através da gíria, uma nova linguagem, com nova escrita e nova pronuncia. Longe de qualquer semelhança com línguas indígenas ou linguas africanas, vivas ou mortas, sera apreendida por parte da popolação.

21)  A lingua portuguesa vai sumindo devagar e sempre.

A próxima edição do Dicionário de Gíria, que tende a não mais impressa , chegará aos 40 mil verbetes gírios do Brasil Portugal  Angola, Moçambique e talvez Cabo Verde.


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Ouçaaqui giria portuguesa e divirta-se ! (necessario PowerPoint )

 Veja o que mandouAntónio Pinho, de Lisboa: Aorigem da línguaportuguesa:

https://www.youtube.com/watch?v=EtBief6RK_I

Veja o que me mandouRubem Amaral Junior  :

http://youtu.be/sTVgNi8FFFM

vejaa despedida do trema  ! (necessario PowerPoint)

giria de angola :https://www.youtube.com/watch?v=YZdSGL54f-Y

Brasileirismos !(necessario PowerPoint)

Ouça  olink do programaSem Papas na Língua, com Ricardo Boechate Dionisio de Souza naBand News Fluminense, em 19,07.2018sobre o lançamento da 9ª. Edição do Dicionário de Gíria.

https://fatosfotoseregistros.wordpress.com/2018/07/19/spl20180719/

CORDEL : O LINGUAJAR CEARENSE

AUTORA : JOSENIRA DE LACERDA CADEIRA Nº 3 DA ACADEMIA DOS CORDELISTAS DO CRATO

 Se alguém é desligado

 É chamado de bocó

 Broco, lerdo e abestado

  Azuado ou brocoió

  Arigó e Zé Mané

  Sonso, atruado, bilé

  Pomba lesa e zuruó

  Artigo novo é zerado

  Armadilha é arapuca

  O doido é abirobado

  Invencionice é infuca

  O matuto é mucureba

  Qualquer ferida é pereba

  Mosquito grande é mutuca

  Quem muito agarra, abufela

  Briga pequena é arenga

  Enganação, esparrela

  Toda prostituta é quenga

  Rapapé é confusão

  De repente é supetão

  Insistência é lenga-lenga

  Qualquer tramóia é motim

  Solteira idosa é titia

  Mosquitinho é mucuim

  Recipiente é vazia

  Meia garrafa é meiota

  O exibido é fiota

  Travessura é istripulia

  Bebeu muito é deodato

  Brisa leve é cruviana

  O sujeito otário é pato

  Cigarro curto é bagana

  Fugir é capar o gato

  O engraçado é gaiato

  Quem vai preso tá em cana

  Ter mesmo nome é xará

  Muito junto é encangado

  Água com açúcar é garapa

  Cor vermelha é encarnado

  Muita coisa dá mêimundo

  Sendo Mundim é Raimundo

  Valentão é arrochado

  A rede velha é fianga

  Com raiva é apurrinhado

  Careta feia é munganga

  Baitinga é o mesmo viado

  O bom é só o pitéu

  Bajulador, xeleléu

  Sem jeito é malamanhado

  Bater fofo é não cumprir

  Etecetera é escambau

  Sujar muito é encardir

  Quem acusa, cai de pau

  Confusão é funaré

  Carta coringa é melé

  Atacar é só de mau

  Qualquer botão é biloto

  Mulher difícil é banqueira

  Pequenino é pirritoto

  Estilingue é baladeira

  Qualquer coisa é birimbelo

  Descorado é amarelo

  Sem requinte é labrocheira

  Um perigo é boca quente

  Porco novo é bacurim

  Atrevido é saliente

  Quem não presta é croja ruim

  Dedo duro é cabuêta

  A perna torta é zambêta

  Coisinha pouca é tiquim

  Parteira era cachimbeira

  Dar mergulho é tibungar

  Tem cucuruto, moleira

  Olhar demais é cubar

  Tem ainda ternontonte

  Que vem antes do antonte

  Ver de soslaio é brechar

  Quem briga bota boneco

  Sem valor é fulerage

  Copo pequeno é caneco

  Estrada boa é rodage

  O tristonho é capiongo

  Galo ou inchaço é mondrongo

  E a ralé é catrevage

  O velho ovo estrelado

  É o bife do oião

  Nervoso é atubibado

  Repreender é carão

  O zarôlho é caraôi

  Enviezado, zanôi

  Inquieto é friviã! o

  A perna fina é cambito

  Dar o fora é azular

  Muito magrelo é sibito

  Pisar manco é caxingar

  Rêde pequena é tipóia

  Tudo bem é tudo jóia

  Fazer troça é caçoar

  A expressão "dá relato"

  Que atinge mais de légua

  "Tá ca peste!" "Só no Crato!"

  "Vôte", "Öxente!" e "Aarre égua!"

  "Corra dentro!" " Qué cirmá? "

  "É de rosca? "É de lascar!"

  Se é muito longe, arrenego

  Que Deus do céu nos acuda

  É pra lá da caixa prego

  Lá no calcanhar do juda

  Nas bimboca ou cafundó

  Nas brenha ou caixa bozó

  Onde o vento a rota muda

  Se é cheia de babilaque

  É ispilicute ou dondoca

  Ligeiro é "que nem um traque"

  Agachado é tá de coca

  Sem rumo é desembestado

  O faminto é esguerado

  Bolha na pele é papoca

  Chamuscado é sapecado

  Nuca, cangote é cachaço

  Meio tonto é calibrado

  A coluna é espinhaço

  Se está adoentado

  Tá como diz o ditado:

  "da pucumã pro bagaço"

  Cearense tem mania

  Chama todo mundo Zé

  Zé da onça, Zé de tia

  Zé ôin ou Zé Mané

  Zé tatá ou Zé de Dida

  Achando pouco apelida

  Um bocado de Zezé

  Fazer goga é gaiofar

  O que é longo é cumprissaio

  Provocar é impinjar

  Toda pilôra é desmaio

  Salto ligeiro é pinote

  Bando, turma é um magote

  Cesto sem alça é balaio

  A comidinha caseira

  Tem fama no Ceará

  Tipicamente brasileira

  Faz o caboco babar

  No bar do Mané bofão

  Pau do guarda, panelão

  O cardápio vou citar:

  Sarrabulho, panelada

  Mucunzá e chambari

  Tripa de porco, buchada

  Baião de dois com piqui

  Tem pão de milho e pirão

  Carne de sol com feijão

  Tijolo de buriti

  Quem é ruivo é fogoió!

  O tristonho é distrenado

  Tornozelo é mocotó

  Cheio de grana, estribado

  Jarra de barro é quartinha

  O banheiro é a casinha

  Sem saída, "tá pebado"

  A bebida e o seu rol

  No Ceará todo habita

  A fubuia e o merol

  A truaca e a birita

  Amansa sogra ou quentinha

  A meropéia e a mardita

  O picolé no saquinho

  Aqui se chama dindin

  Se é o dedo menorzinho

  É chamado de mindin

  Riso sonoro é gaitada

  Confusão é presepada

  Atrevido é saidin

  Papo longo e sem valor

  É "miolo de pote"

  Muito esperto é vivedor

  Adolescente é frangote

  Soldado raso é samango

  A lagartixa é calango

  O tabefe é cocorote

  A lista é quase sem fim

  Não cabe num só cordel

  Tem alpercata, alfinim

  Enrabichada e berel

  Chué, baé, avexado

  Bãe de cúia, ôi bribado

  Quebra-queixo e carritel

  Tem visage, sarará

  Tem bruguelo e inxirido

  Rabiçaca e aluá

  Ispritado e zói cumprido

  Bunda canastra, lundu

  Dona encrenca, sabacu

  Bonequeiro e maluvido

  O caerense é assim:

  Dá cotoco à nostalgia

  A tristeza leva fim

  Na cacunda da euforia

  dá de arrudei na carência

  enrola a sobrevivência

  e embirra na alegria.

Aqui no Ceará é assim!!!!

não se sabe quem é o autor...

"SENSACIONAL ESSA COISA!

A palavra "coisa" é um bombril do idioma.

Tem mil e uma utilidades.

É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam

palavras para exprimir uma idéia.

"Coisas" do português.

Gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio.

Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar".

E no Nordeste há "coisar": Ô, seu "coisinha", você já "coisou" aquela

coisa que eu mandei você "coisar"?

Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.

Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo

em seu estandarte. Alceu Valença canta: Segura a "coisa" com muito

cuidado / Que eu chego já."

Já em Minas Gerais , todas as coisas são chamadas de trem. (menos o trem,

que lá é chamado de "coisa"). A mãe está com a filha na estação, o trem se

aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a "coisa"!.

E, no Rio de Janeiro?

Olha que "coisa" mais linda, mais cheia de graça...

A garota de Ipanema era coisa de fechar o trânsito!

Mas se ela voltar, se ela voltar, que "coisa" linda, que "coisa" louca.

Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino.

Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

Coisa também não tem tamanho.

Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira um monte de coisas...

Mas a "coisa" tem história mesmo é na MPB.

No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, a coisa estava na letra

das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: Prepare seu coração

pras "coisas" que eu vou contar..., e A Banda, de Chico Buarque: pra ver a banda passar,

cantando "coisas" de amor...

Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva).

E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas:

"coisa" linda, "coisa" que eu adoro!

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade

afinal, são tantas "coisinhas" miúdas.

E esse papo já tá qualquer "coisa". Já qualquer "coisa" doida dentro mexe...

Essa coisa doida é um trecho da música "Qualquer Coisa", de Caetano,

que também canta: alguma "coisa" está fora da ordem! e o famoso hino a São Paulo: "alguma coisa acontece no meu coração"!

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar.

Uma coisa de cada vez, é claro, afinal, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.

E tal e coisa, e coisa e tal.

Um cara cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques.

Já uma cara cheio das coisas, vive dando risada. Gente fina é outra coisa.

Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Político, quando está na oposição, é uma coisa,

mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura.

Quando elege seu candidato de confiança, o eleitor pensa: Agora a "coisa" vai...

Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma.

Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para serem usadas,

por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas?

Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas.

Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, deixemos de "coisa", cuidemos da vida, senão chega a morte, ou "coisa"

parecida... Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento:

"AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS "COISAS"."

Entendeu o espírito da coisa?

Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas em 5 anos

Fechamentos revertem tendência de anos anteriores: de 2004 a 2011, 1.705 bibliotecas foram criadas no país. Especialistas veem descaso com população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias.



Thais Carrança - @tcarran - Da BBC News Brasil em São Paulo


Estantes de livros

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Especialistas veem descaso com população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias(foto: Getty Images)

Entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu ao menos 764 bibliotecas públicas, segundo dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), mantido pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo.

Em 2015, a base de dados contava 6.057 bibliotecas públicas no Brasil, número que caiu para 5.293 em 2020, dado mais recente disponível no site do SNBP.

Para especialistas em biblioteconomia, a queda no número de bibliotecas revela um descaso do poder público com a população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias.

Eles também alertam que o número de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior, devido à atual fragilidade do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, após a extinção do Ministério da Cultura, e da falta de controle efetivo pelos sistemas estaduais, cujos dados alimentam o sistema nacional.

Bibliotecas públicas são aquelas mantidas pelos municípios, Estados, Distrito Federal ou governo federal, que atendem a todos os públicos. São consideradas equipamentos culturais e, portanto, estão no âmbito das políticas públicas do governo federal — antes, sob o Ministério da Cultura e atualmente, com a extinção da pasta, sob a Secretaria Especial da Cultura.

Não entram nessa conta as bibliotecas escolares e universitárias, que têm como público-alvo alunos, professores e funcionários das instituições de ensino.

Procurada pela BBC News Brasil, a Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo não respondeu a questionamento sobre o que explica o fechamento de centenas de bibliotecas públicas nos últimos anos, nem qual a política do governo Jair Bolsonaro (PL) para bibliotecas.

O Plano Nacional de Cultura, conjunto de objetivos para o setor em vigência desde 2010 cuja validade foi prorrogada por Bolsonaro até 2024, tem como uma das metas "garantir a implantação e manutenção de bibliotecas em todos os municípios brasileiros".

Fechamento de bibliotecas públicas é política de destruição do direito à leitura, diz ex-diretor de biblioteca

O Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas entre 2015 e 2020, de acordo com dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), mantido pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo. Para o ex-diretor da Biblioteca Mário de Andrade e ex-coordenador do Programa Nacional do Livro e da Leitura, José Marques Castilho Neto, trata-se de uma política deliberada de destruição do direito à leitura para todos e todas.

Neto, que também é professor e consultor para políticas públicas de leitura, disse não estar surpreso com a notícia de que eram 6.057 bibliotecas públicas no Brasil e que agora são 5.293, mesmo com o Plano Nacional de Cultura, que tem como uma das metas “garantir a implantação e manutenção de bibliotecas em todos os municípios brasileiros”, e a Lei 13.696/2018, que institui a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE), abandonados pelo governo atual.

“Com a notória política destrutiva dos governos que se seguiram à derrubada da presidente eleita Dilma Rousseff, principalmente a partir do governo Bolsonaro, não bastava apenas não manter bibliotecas, era preciso forçar o fechamento das existentes”.

Ele afirma ainda que o governo federal tem posições regressivas e contra a cultura. “O governo federal extinguiu programas de incentivo, arrasou as estruturas de governança nos ministérios e nomeou títeres ideológicos que se preocupam apenas a vociferarem contra os que não concordam com suas posições regressivas, anticultura, antieducação, anti-ciência. Isso é o que eles chamam de “guerra cultural” que, como toda guerra, só se preocupa em destruir e nada constrói”, destacou.

Bibliotecas públicas são aquelas mantidas pelos municípios, Estados, Distrito Federal ou governo federal, que atendem a todos os públicos. São consideradas equipamentos culturais e, portanto, estão no âmbito das políticas públicas do governo federal.

O número de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior, devido à atual fragilidade do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, após a extinção do Ministério da Cultura, e da falta de controle efetivo pelos sistemas estaduais, cujos dados alimentam o sistema nacional.

A bibliotecária e vice-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Luciana Melo (Luba), diz sentir tristeza em pensar que neste país há uma narrativa em curso pela valorização das armas e condenação aos livros.

Para ela, vivemos em uma conjuntura difícil para as políticas públicas e a cultura tem sido atacada inúmeras vezes neste governo. Isso passa pelo fim do Ministério da Cultura em 2019. Vetos de Bolsonaro à Lei Aldir Blanc 2 e à Lei Paulo Gustavo, importantes leis de fomento à cultura.

“Recentemente Bolsonaro, ao atacar Lula, disse que ele iria transformar clubes de tiros em bibliotecas, desqualificando este importante equipamento público que hoje é mantido pelos municípios, estados, governo federal e atendem a população de forma gratuita. Fica evidente a falta de interesse e valorização desses equipamentos pelo atual governo”, ressalta Luba.

Segundo Neto, como professor, como leitor, como cidadão, existe um sentimento de revolta ativa contra todo o obscurantismo e regressão que significa o ato de fechamento das bibliotecas e toda tentativa de barrar o direito à leitura das crianças, dos jovens e dos adultos.

“Sinto também um misto de vergonha pelo desprezo que boa parte de nossa sociedade civil e grande parte da elite econômica brasileira têm para as graves questões que envolvem a leitura, o letramento, a alfabetização e o acesso a todas as formas de leituras que temos no Brasil”, ressalta.

O professor disse que a biblioteca de acesso público é um organismo vivo que tem que fazer renascer e cumprir seu papel formador e agregador, como fazem muitas e exemplares bibliotecas públicas, escolares e comunitárias que resistem à destruição de seus valores e missões.

“Para as trabalhadoras e trabalhadores da educação, uma biblioteca viva deveria ser o centro, a essência de seu aprendizado permanente, por toda a vida, fonte de recursos de saber, centro de convivência com seus pares e seus estudantes, fonte de interação social com a comunidade local e com as famílias dos discentes. Enquanto não entendermos que as leituras e as escritas são as chaves para todos os outros direitos humanos na sociedade contemporânea, o nosso país seguirá subalterno, com baixa autonomia e sustentabilidade perante o mundo globalizado”, finaliza.

Minas Gerais e São Paulo lideram em números de bibliotecas públicas fechadas

Das 764 bibliotecas públicas fechadas em cinco anos, 91% estavam localizadas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, sendo em sua maioria bibliotecas municipais. São Paulo tinha 842 bibliotecas públicas em 2015, segundo o SNBP, número que caiu para 304 em 2020, com a perda de 538 unidades em cinco anos. O montante representa 70% de todas as bibliotecas fechadas no país no período.

Luba explica que o estado de SP vivencia uma onda conservadora, retrógrada há alguns anos. Ela lembrou da medida absurda e autoritária do então prefeito de SP, João Dória (PSDB) com o programa “Cidade Linda”, em que mandou pintar o maior mural de grafite da América Latina. Destruindo obras incríveis. Segundo ela, só com este histórico já dá para ter uma ideia do que foi seu governo no estado de SP nos anos seguintes.

“Em 2019 o estado de SP viveu um ‘contingenciamento’ de R$148 milhões do orçamento da cultura, além da ameaça de corte a projetos em diversas cidades. Neste cenário não me surpreende que o estado seja um dos que mais fechou bibliotecas no país”.

Queda livre: jornais e revistas têm redução de vendas e assinantes entre 2019 e 2020

Por

 Will R. Filho

5 de agosto de 2020

O número de assinantes das principais revistas e jornais impressos do Brasil vem caindo consideravelmente, especialmente durante o governo Bolsonaro, segundo um levantamento feito pelo Poder360.

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Seria o chamado ‘Bolsonaro bump’, efeito semelhante ao ocorrido nos Estados Unidos, quando foi eleito o presidente Donald Trump em 2016, quando o público mais conservador e economicamente liberal passou a consumir mais notícias.

Na prática, isso produz um efeito inverso nos veículos de comunicação considerados “esquerdistas”. Se há um aumento de assinantes e leitores dos veículos liberais e conservadores, por outro lado há queda nos progressistas.

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É isso o que apontam os números aqui no Brasil, por exemplo. “Depois da vitória de Bolsonaro, em 2018, os 3 principais jornais brasileiros tiveram redução no ritmo de crescimento na circulação total somada (impresso + digital)”, informa o levantamento.

Essa tendência de queda já havia aparecido anos atrás, indicando que os grandes debates públicos entre 2013 e 2016, quando houve o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, já estava sendo influenciado pela “onda conservadora”.

Contudo, a queda vem se acentuando. “O número total de assinantes (do digital e do impresso) de 12 grandes jornais e revistas em dezembro de 2015 era de 3.054.643. Em junho de 2020, havia caído para 1.990.698. Houve uma queda de 1.063.945 (35%)”, diz o Poder360.

Veja e Época

Entre os grandes veículos citados, as revistas Veja e Época apresentaram maior queda.

“De dezembro de 2019 até maio deste ano, a revista Veja teve redução de 73.741 exemplares impressos e digitais. Isso equivale a uma queda de 13,5%. Já a Época, do Grupo Globo, teve 39.406 cópias a menos no período (queda de 25,1%)”, diz o levantamento.

Ao que tudo indica, a grande mídia sente os efeitos das críticas reiteradas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro a setores da imprensa, em particular a revistas que, de forma muito clara, faz oposição ao governo.

Além disso, o uso cada vez mais comum das redes socais como meio de informação, a exemplo das lives semanais feitas por Bolsonaro no Facebook, também devem ter influenciado a compreensão da população, sugerindo que não é preciso ser assinante de grandes editoriais para se manter informado.

Outro fator capaz de explicar essa tendência de queda livre é o surgimento e a força das mídias alternativas de viés conservador, com o Opinião Crítica, a revista Oeste, a Terça Livre, Conexão Política, Renova e milhares de outras que, não por acaso, são alvos de críticas constantes e acusações depreciativas, a fim de enfraquecer ou até mesmo impedir o seu crescimento.

Para ver em detalhes o levantamento do Poder360, clique aqui.