Jornal mensal em idioma gírio. Edição 006, Ano 1, Niterói, Abril de 2000.

Lançada a 6ª edição do
Dicionário de Gíria, com
quase 17 mil gírias.


O DICIONÁRIO DE GIRIA, O EQUIPAMENTO LINGUÍSTICO FALADO DO BRASILEIRO, de JB Serra e Gurgel, está sendo lançado, em 6ª edição, com quase 17 mil verbetes, em 600 páginas, consolidando-se como o mais completo Dicionário de Gíria, editado no país e na língua portuguesa, reunindo os modismos utilizadas pelas tribos urbanas. A primeira edição, 10 anos atrás, tinha um pouco mais de 6 mil verbetes.

JB Serra e Gurgel voltou a sustentar suas premissa básicas sobre a gíria:

- é falsa a afirmação de que a gíria é linguagem de malandros, marginais, de pobres, de excluídos;
- é falsa a afirmação de que rico, educado, bem nascido, não fala gíria;
- é falsa a afirmação de que empobrece a língua.
- é a linguagem usual dos brasileiros que não tiveram a oportunidade de estudar;
- é a linguagem usual dos brasileiros que tiveram a oportunidade e não estudaram;
- é a linguagem dos brasileiros de todas as cores, raças, etnias, sexo, níveis, instrução, educação, cultura, classes sociais, posse de bens, etc;

Estudando gíria brasileira há mais de 20 anos, JB Serra e Gurgel assinalou que “a gíria não é apenas um conjunto de palavras ou códigos semânticos usados por determinados grupos ou profissões afirmando que também não é giria o caipirismo ou o regionalismo, muito embora algumas palavras dessas linguagens estejam incorporadas ao patrimônio gírio”.

“A gíria é muito mais do que isso, frisou. É um recurso legítimo, empregado pelos brasileiros, que não conhecendo a linguagem padrão, precisam se comunicar, se fazer entender. Um empresário e um trabalhador da construção civil se entendem, facilmente, através da gíria. Se o dinheiro os separa, a gíria os une. Da mesma forma, os adolescentes se entendem. Nesta tentativa, tudo é válido”.

Para JB Serra e Gurgel “chega a ser inacreditável que os brasileiros reajam com desprezo aos que falam fluentemente a língua, aos que empregam expressões cultas e eruditas na sua comunicação. Todos torcem o nariz e até ridicularizam, chamando-as de barrocos, rococôs, pernósticos, pretensiosos, metidos à besta”

“Vejam o que acontece nos meios de comunicação do país, principalmente no rádio e na televisão, frisou. Se eles mudassem sua linguagem, se não recorressem à gíria, perderiam audiência. Nivelam por baixo, usam e abusam da gíria, para manter a audiência. Estão certos. Até os jornais e revistas recorrem à gíria. Principalmente, os mais populares. Daí que ser crescente o número de brasileiros que falam gíria e cada vez mais são criados novos modismos gírios, incorporados à língua Portuguesa”.

JB Serra e Gurgel acredita que o acervo gírio, na língua portuguesa, pode chegar a 50 mil verbetes. “Isto é muito. É verdade que muitas gírias estão dicionarizadas na língua padrão, embora continuem condenados pela língua culta ou oficial. De qualquer forma, acredito que os baixos níveis de educação nos últimos 30 anos contribuíram para uma expansão da fronteira gíria, no país, e para que muitas gírias deixassem der ser gírias”.

(Serviço: para entender o que está neste JORNAL DA GIRIA compre o DICIONÁRIO DE GÍRIA, de JB Serra e Gurgel, à venda na Saraiva e na Siciliano, a 20 mangos, 20 contos, 20 merréis, 20 reais, 20 barões, 20 paus, 20 pratas, 20 pilas. Se preferir, peça direto ao autor, com direito a autografo. E-mail: gurgel@cruiser.com.br

Voltar