Jornal Mensal em idioma gírio. Edição 003, Ano 1, Niterói, Janeiro de 2000.

PINTA NO PEDAÇO NOVA EDIÇÃO DO DICIONÁRIO NIKITI (DG)

Esta nem está no DICIONÁRIO DE GÍRIA, Nikiti quer dizer Niterói, mas está pintando no pedaço a nova edição do pai dos burros da gíria. Será a 6ª edição, revista e ampliada. Um tijolaço de 600 páginas, com quase 17 mil gírias, de todas as galeras do Brasil varonil.. É gíria a dar com o pau. A nova edição estará pronta no final do mês e se consolida como o mais completo DICIONÁRIO DE GÍRIA da língua portuguesa. Não tem pra ninguém. Os interessados já podem reservar o seu exemplar, por apenas 20 mangos ou reais, com direito a autógrafo do autor.

HÁ QUEM DIGA QUE GÍRIA É LINGUAGEM DE MALANDRO ILHA DA FANTASIA (DG)

Há quem diga no Planalto Central que gíria é coisa de malandro. É uma bobagem das grandes, pois gíria é a segunda língua dos brasileiros de todas as classes, cores, credos, sexos e clubes. Até o Prisa já deixou escapar gíria. Ministros, há alguns semi-analfabetos e que não passariam no provão, também falam gírias. Autoridades do 1º escalão, a maioria mal fez o mobral, usam e abusam da gíria. As autoridades do 2º ao 5º escalão só falam gíria, mesmo porque estudaram muito pouco ou quase nada em escolas e faculdades de fim de semana. Muitos ficam encabulados e enfiam o rabo entre as pernas quando são surpreendidos falando a língua que o povo fala.

A TEVÊ BRASILEIRA, COMO O RÁDIO, USA MUITA GÍRIA SAMPA

A gíria se transformou no principal idioma da televisão do Brasil. Tudo por causa da audiência. Se o apresentador (a) usa uma linguagem escorreita (que ninguém, nem ele, sabe o que é), o programa vai pro buraco. A solução é falar gíria, tirando onda de inteligente. Se usa linguagem culta, o programa dá traço e vai pro vinagre. A solução é recorrer à gíria, a linguagem que todo o povo entende e compreende. Alguns apelam para a linguagem chula e o baixo calão, mas a apelação pode ser prejudicial. Até nas novelas a gíria é a linguagem escolhida. O mesmo fenômeno já se observara no rádio, onde os comunicadores querendo se aproximar do povão das periferias tem na gíria o seu equipamento linguístico de trabalho.

JORNAL E REVISTA TAMBÉM USAM GÍRIA BALNEÁRIO

Os jornais e revistas do Brasil também usam e abusam da gíria. Muitos disfarçam a magnólia e colocam as expressões gírias em itálico ou em negrito para diferenciar da linguagem padrão que geralmente tentam observar. Isto quando não apresentam o glossário, para que os leitores entendam o texto. Muitos colunistas de jornalões já elegeram a gíria como seu idioma. Alguns querem ser engraçados. É evidente que a maioria das pessoas não percebe o detalhe. Os jornais e revistas populares vão direto à gírias ria. Para os mais jovens, não custa lembrar que houve uma época que a Playboy tinha uma página com gírias.

LINGUISTAS CONTINUAM CONTRA O IDIOMA GÍRIO FLORIPA

Os linguistas brasileiros continuam esnobando a gíria, apresentada como uma forma errada de se expressar. E tem mais: linguista que se presa não se ocupa de gíria. Para a maioria, gíria é coisa de desocupado, é uma anornalidade genética, biológica, etc e tal. Muitos acham que Amadeu Amaral, Antenor Nascentes e Antonio Houaiss poderiam ter feito pelo melhor pelo país se não tivessem se ocupado de estudar gíria.

(Serviço: para entender o que está neste JORNAL DA GIRIA compre o DICIONÁRIO DE GÍRIA, de JB Serra e Gurgel, à venda na Saraiva e na Siciliano, a 20 mangos, 20 contos, 20 merréis, 20 reais, 20 barões, 20 paus, 20 pratas, 20 pilas. Se preferir, peça direto ao autor, com direito a autografo. E-mail: gurgel@cruiser.com.br

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