Jornal Mensal em idioma gírio. Edição 001, Ano 1, Niterói, Novembro de 1999.

ARROMBARAM A LÍNGUA MÃE

ILHA DA FANTASIA (DG) O uso da gíria por mais de 80 milhões de brasileiros arrombou a língua mãe, É o que se diz por aqui. A gíria é falada pelos línguas de trapo, línguas solta e línguas ferina, também pelos mauricinhos e patricinhas. Há muito tempo que a gíria deixou de ser linguagem da malandragem. Muitos nativos só falam gíria, pensando que estão abafando. A maioria fala apenas, como é que é, como é que tá, falou mané, chega pra lá! Sacou? Falou! Morou! Jóia! Tô contigo e não abro, padaqui, padilá, oi, tudo bem, tudo legal, tudo ok, tudo certo, tudo em cima, tudo em riba, tá legal.. A gíria é falada por todas as galeras, patotas, paturebas, otários e tribos, sendo muito usada na latinha e na telinha e por muitos escribas e canetas espertas. Muito bacana, magnata, com canudo ou sem, também fala.

MALANDRO LEVOU PORRADA POR SER DEDO DE SETA

BALNEARIO (DG) No mais famoso balneário do Brasil, o Rio, o malandro escovado com palha de aço, Tião Danado, levou muita porrada, perto de uma tendinha no Morro do Urubu, depois de ser acusado de ser dedo de seta. O malandro apanhou que nem boi ladrão, sendo salvo pelo gongo. Há um tempão que Tião Danado era a bola da vez e estava pela bola sete. Ele negou a acusação, frisando que não era dedo nervoso e que era bagrinho, carregador de piano, estava na emegrande matando cachorro a gritaço e que batalha por um troco, cascalho ou jabá. Não adiantou. Levou tapa na orelha, safanões e cacete. Ficou com mancha roncha pelo corpo. Só não abotoaram o paletó de Tão Danado, porque a polícia espanou seus desafetos.

MUITA CORRUPA ENTRE VEREADORES DE SAMPA

SAMPA (DG) Foi descoberta muita corrupa na Câmara de Vereadores de Sampa. Os camelôs não guentaram o tranco, botaram a boca no trombone, dedurando a rapaziada e acusando de entregar o ouro ao bandido. A coisa ficou preta. Para clarear o miolo, a Câmara criou uma CPI. Revelou-se que muitos vereadores controlavam as prefeituras de bairros, cobrando pedágio dos camelôs. O prefeito fez vista grossa, fingiu que não viu. Rolou muita grana e muita erva por baixo do pano. Os podres surpreenderam Sampa. Os edis paulistanos metaram a mão na bufunfa, faturando uma granolina de resposa.

COLARINHO VERDE ARMOU E FATURA SÓ VERDINHAS

ILHA DA FANTASIA (DG) O colarinho verde, Sergio Down, admitiu hoje que fez uma grande armação e que faturou milhões de verdinhas. Down que é phd em mamata, maracutaia, rachid, rachuncho, mutreta, transa, corrupa, trampa, truta, treta, comissa, é conhecido no Senado como malacheia e na Câmara por malapreta, por ter muita bala. Entre os lobistas, é exaltado como o homem da mala. Down informou que não teme os home nem a dona justa já que muita cabeça coroada e muito levantador de copo tem culpa no cartório. Disse que tem aquilo roxo, que é dando que se recebe, que pratica o toma lá da cá, que o choro é livre, que não tem medo de cara feia, de buroca e de tecnoca. Anunciou que vai mexer os pausinhos junto à sua tropa de choque do baixo clero e que todo o rolo vai acabar em pizza, já que não usa a bola da viúva. Down responsabilizou asmenes, aspites, asponins e secrepones pelas revelações de suas mumunhas que sacudiram a Corte, assustando os neobobos.

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