Jornal Mensal em idioma gírio. Edição 014 – Ano 2 – Niterói/RJ, Julho/Agosto de 2001

(Nota do Editor: em primeiro lugar, meus agradecimentos aos 19.007 internautas que visitaram minha página na Web. Uma página sobre gíria. Um serviço de qualidade sobre o idioma gírio, resgatando-o da marginalização linguística. Agradeço também as ínúmeras contribuições com novas gírias que deve fazer da 7ª edição, em 2002, do mais completo Dicionário de Gíria da língua portuguesa. Ao mesmo tempo meus pedidos de desculpas, aos inúmeros internautas que confessam não encontrar o livro nas principais   livrarias do país. Um livro em 6ª edição. Isto se explique: o sistema de acesso, distribuição e comercialização de livros no país é dos mais cruéis. A alternativa é comprar direto).

 

Programa de Palavra

Atendendo à uma convocação do prof. Sérgio Nogueira e sua produção - Celi Monteiro e Rose Jarjuk, estivemos no seu "Programa de Palavra", o mais importante programa sobre a Língua Portuguesa na televisão brasileira, transmitido pela STV, a antiga Rede SENAC., entre 16 e 22.05, em diversos horários. Foi um programa em que demos mais um passo para rompermos com a exclusão do idioma gírio. O prof. Sérgio Nogueira tem uma postura aberta sobre a questão gíria. O Programa teve grande repercussão, ampliando-se o nosso leque de divulgação.


Dialeto Funk

O Brasil não tem tem dialetos, na acepção correta do termo. Temos gírias, linguagem de diferentes tribos e grupos. Nesta edição edição voltamos – como prometemos – ao "Dialeto Funk", um modismo que vai a e volta. Recentemente, a onda registrou que o modismo era coisa do verão 2001.Abrimos justamente com um glossário funkês registrado por O FLUMINENSE, de Niterói, RJ, de 2.11.91, quase
10 anos atrás. Na sequência, outro glossorário colhido por O GLOBO, do Rio de Janeiro, RJ, de 22.03.92. e outro do diario do nordeste, de Fortaleza, CE, de 04.06.95. Agrego outro registro cuja fonte não determino, por ter perdido o original e concluo com a "grande descoberta" do modismo funkês feita pela revista ISTO É, de São Paulo, SP, de 26.02.2001.

Aba - pessoa que vive à sombra de outra
Alemão – espião
Baba - música lenta
Babalu – uma forma de ofensa
Boiola – gay, homossexual
Buxixo – criar a maior confusão
Buzi – conversa particular
Buzo – embarcar num ônibus
Cabeça – pessoa inteligente, intelectual
Caô – mentiroso
Choque – pessoa legal
Choque de mansão – pessoa considerada muito legal
Conchavo – tem a maior liberdade, é considerado no grupo
Farofa – a música mais tocada nos bailes
Firmeza – aquele que discute qualquer assunto
Maresia – baile fraco e vazio
Me coloca na chave – pedir para alguém interceder num namoro
Mocréia – mulher feira
Olho gordinho – olha grande
Pancadão – música de ritmo forte, a mais pedida nos bailes
Parada – organizar um programa num fim de semana, participar de uma festa
Prederar – surgimento de dificuldade
Princesa – mulher bonita
Rei – homenagem aos que conseguem comandar um grupo
Tocar uma flauta – o mesmo que conversa particular

O Fluminense, 2.12.91
" Como entender o vocabulário "funk"

Alemão – inimigo
Arrastar mula – assaltar ônibus
Avião – quem tem trânsito livre entre as galeras rivais
Boca de alarme – delator
Boiola – homossexual
Bonde – ônibus
Cachorro solto – dar tidos para o alto em resposta a disparos de morro vizinho
Choque – bem aceito pelo grupo
Dar um corte – namorar uma menina
Enquadrar – apontar a arma
Esculacho – humilhar
Galera – gruo de jovens frequentadores dos bailes. Grupo da mesma com,unidade ou de aliadas
Judiaria – traição
Judas – traidor
Meter – assaltar
Meter a mão – sacar uma arma
Mulão – lugar lotado
Na social – se comportar durante o baile
Passar o cerol – matar
Pela-saco – covarde
Playboy – quem é da Zona Sul, classe média
Pó de ouro – cocaina
Prego – ingênuo – facil de enganar
Prender a peça – roubar um cordão, relógio, anel ou tênis
Puxar mula – ir embora
Saddam hussein – briga
Sair no trem – sair dançando em fila indiana
Sangue bom – bem aceito
Segurar a onda – ficar afastado de tumultos
Tubarão – veículo da polícia
Verdinha – nota de dólar
Zoar – provocar tumulto

O Globo, 22.03.1992
"Funkês"

Abalou o sistema – fez bonito
Aí choque – cumprimento para amigo
Alemão – inimigo u pessoa que mora em outra área
Demorô – proposta aceita
Lombrô – deu errado
Responsa – coisa ou pessoa boa, legal
Tá tranquilo – tudo sob controle

Diário do Nordeste, 4.06.95
"O glossário funk"

Baludo – com muito dinheiro
Batidão – cordão de prata com medalhão
Bigodar – matar
Black two – fazer sexo
Brecado – bem vestaido, no pano
Buchuda – grávida
Choque – bonito, bom
Derrame – dar furo
Doidão – bêbado
Dura – batida policial
Invadir – alcançar o inimigo
Melô – música
Mula – grupo
Passar um cerol – namorar
Sacudir – agredir
(não identificado)

GLOSSÁRIO PARA ENTENDER O UNIVERSO FUNKEIRO

Bonde – grupo. Pode ser um conjunto musical ou uma turma de amigos que dançam juntos em um baile.
Chapa quente – bom de cama.
Cachorra – mulher que toma a iniciativa de seduzir. Desinibida na cama.
E aí, choque? – Oi! Tudo bem?
Filé – homem bonito ou mulher bonita.
Martelo, martelão – batida de música funk. Também é uma referência ao órgão sexual masculino.
Popozuda – Mulher de bumbum empinado e grande.
Preparada – Mulher à procura de parceiro.
Tá dominado – Conquistado. Tanto serve para ver ma menina apaixonada como um baile em que o DJ empolga o público.
Tchutchucas – Tratamento carinhoso para moças menos atiradas.
Tigrão – Rapaz sexy, seguro de seu desempenho sexual.


Onde encontrar o DICIONÁRIO DE GÍRIA?


O DICIONÁRIO DE GÍRIA poderá ser solicitado pelo Correio, ao preço de R$ 20,00, sem despesas adicionais de remessa, a JB Serra e Gurgel, SQS 302, Bloco B, apto. 403, CEP 70.338-020, Brasília-DF ou Rua Presidente Pedreira, 135, apto.701, Ingá, 24.210.470, Niterói-RJ. O pagamento também poderá ser feito através de crédito na conta 261-644-6, da Agência 0005, da Caixa Econômica Federal, ou na conta 825.754-X, da Agência 2873-8, do Banco do Brasil. O livro está disponível na rede SICILIANO de livrarias e nas livrarias SARAIVA, nas livrarias Acaiaca, de Belo Horizonte, Gutemberg, de Niterói, Ao Livro Técnico, de Fortaleza, e nas lojas da ArteCapital (Pátio Brasil, Shopping Taquatinga e Aeroporto) e nas livrarias Técnica (102) , da Rodoviária e Nossa Livraria (104) de Brasília. Maiores informações sobre a edição poderão ser obtidas no "site" da Internet: http://www.cruiser.com.br/giria ou pelo endereço eletrônico: gurgel@cruiser.com.br.

(Serviço: para entender o que está neste JORNAL DA GIRIA compre o DICIONÁRIO DE GÍRIA, de JB Serra e Gurgel, à venda na Saraiva e na Siciliano, a 20 mangos, 20 contos, 20 merréis, 20 reais, 20 barões, 20 paus, 20 pratas, 20 pilas. Se preferir, peça direto ao autor, com direito a autografo. E-mail: gurgel@cruiser.com.br

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