Jornal Mensal em idioma gírio. Edição 036 - ANO IV – Niterói/RJ – Novembro e Dezembro de 2004

 

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Nesta edição, apresento um conjunto de gírias (ou quase) de Mineiros, Cariocas, Cearenses e Paulistas, surgidas através do regionalismo.
O glossário é limitado, podendo ser ampliado por contribuições dos naturais (ou nativos) destes Estados.
Não se trata meramente de regionalismos derivados da simplificação morfológica e fonética.
Não se restringe também a um a tipologia de sotaque, a uma inflexão.
É uma manifestação efetiva e profunda de modificação (ou desfiguração) do português, que se acelera sem que ninguém intervenha contra ou a favor .
Geralmente a simplificação decorre da lei do menor esforço, da preguiça, da impaciência de se falar corretamente.
Neste caso, não. É intencional, por desconhecimento da estrutura da língua, alcançando , não apenas a linguagem padrão e escrita, mas, e principalmente, a linguagem oral, a linguagem dos povos das ruas, de todas as classes, faixas etárias, níveis de escolaridade, tribos, cores e profissões.
O uso recorrente e difuso de barbarismos, solecismos, vícios de linguagem, corruptelas, etc. vem se acentuando.
O que faço é registrar o processo, captando e identificando as ocorrências.
Contribuem para isso:

a) ausência de uma política da língua;
b) omissão das autoridades públicas, a quem cabe zelar pelas instituições. Não seria despautério (ou despropósito) afirmar que 100% das autoridades públicas desconhecem que a língua é uma instituição pública;
c) ausência de organizações, como a Academia Brasileira de Letras, na defesa e preservação da língua;
d) indiferença de linguistas, lexicógrafos, gramático e até de “professores de portugues” às agressões perpretadas contra a língua;
e) o mau ensino da língua portuguesa em todos os níveis de escolaridade;
f) ignorância (ou burrice) mesmo;
g) baixo nível de leitura e de cultura.

GÍRIAS de Mineirês

Assarto
Barui
Belzonte
Beraba
Berlandia
Causo
Cêé
Cêé bobo dimai da conta
Confofô eu vô
Cumastumate
Cuzinha
Denduforno
Dimai da conta
Doncovim
Ê trem bão!
Emezz?
Eu num tô bão hoje
Foi um trem doidimai
Issé bão dimai da conta
Galhinassada
Grazadeus!
Guvinadoir Valadairs
Kidicarne
Lidileite
Mandopô
Mais que belezz!
Midipipoca
Mió
Mistorô
Mons Claros
Nemezz?
Nigucim
Nossinhora!
Num sei não!
Oi quió?
Oncotô?
Onzz
Opcevê!
Pão dji Quejj
Patinga
Pincumel
Popôpó?
Pópô maopoquim dipó?
Prestenção
Proncovô?
Pronoisvai?
Quanduvi
Quascaí
Quilocura
Rapai!
Sapassado
Tabira
Tajubá
Taveu
Tidiguerra
Trem
Uai!
Vairginha

Nota:
Duas regras básicas do mineirês: 1) usar o “i” no lugar do “e” (ex. minino, vistido) 2) usar “inn” no lugar de “inho” e abusar dos diminutivos (ex. lugarzinn, bolinn, viadinn, boiolinn, mineirinn).

GÍRIAS de Cearês

Abestado
Arreda negada!
Arreda o pé daí!
Arre égua
Arriba os braços
Baitola
Bixim
Butar buneco
Caba bom
Calma, macho rei
Carece não!
Carga torta
Carralo
Carralo rei que rai e rem
Cê num raí não?
Cê rai?
Chei de leriado
Cudoraqueiro
Da mulesta
Danado de bom
Dar uma rolta
Deixe de arrudei, dila logo!
Deixe de ser besta, macho!
Deixe de ser jumento!
Dextá!
Diabéisso?
Donturreim?
É pai dégua
É só o mi
Ei, bixim
Então, pronto!
Felá da gaita
Fii duma égua
Fii duma rapariga
Fulerage
Lá da carradocarai!
Lá na casadocarai
Macho
Magote de liso
Marromeno
Nem trisque nisso
No rumo da renta
Num se bula
Nunca vi um caba assim
O bicho é lesado mesmo!
Ô corra linda!
Ó umei!
Ô gente feia!
Oi de jipe!
Oia!
Onde turai?
Pau de arara
Pebado
Perainda
Pêrali
Peraqui
Psiu, ei, seu Zé?
Raquejada
Raqueiro
Raxota
Railá no Cudoraqueiro, hoje?
Rebolar no mato
Réi
Réi macho
Remcá


Rou dar uma rolta e rolto logo
Rou não.
Rumbora, negada!
Sai do mei!
Savexe não!
Sarreche não!
Se cê não rai eu não rou
Só no Curu
Tá frescando?
Tadim do bixim
Tem é zé
Tô rendo tudo
Tô só frescando macho réi

Nota:
Regra básica do cearês: substitui o “v” pelo “r”.

GÍRIAS de Carioquês


Aeeeh
Aiiih
Arraxtão
Axfalto
Baixo Gávea, Leblon, Ipanema, Barra
Bateforrrte
Boiola
Bonde
Caraca
Chabi
Chegôo o maaacho
Coé, mermão?
Dar mole
Dar um sacode
É mermo?
Ela deu mole
Elevado
Exporro
Filhadaputa!
Fui!...
Galera
Ihm ó o cara, aheeh!
Ixpada
Já é!
Já era!
Joelho
Linha amarela
Linha verrmelha
Maêêê!
Manda vê
Mané show...
Marrrginal
Média
Merrrmão
Mexmo
Moçôoo
Mó caô
Mó mico
Mó vacilão
Morro do Galo, do Borel, Dona Marta
Mulérrr
Não fica de bobera
Nenfudendo
Ninguém merece!
Olha só
Otário
Pacaralho
Pagar mico
Paêêê!
Parrrdal eletrônico
Passa a grana
Paulixxxta
Péra aeeeh
Pipoqueiro
Porra
Prego
Purrrque?
Puto
Queimarrr a larrgada
Quentinha
Samba
Saparada
Saporra
Seguiiiinte
Sinistro
Sinixtro
Tá de bobera
Tchola
Te conheço?
Tipo assim...
Ué...
Vacilão
Você me conhece?

Nota:
Regras básicas para entender o carioquês: o “s” é substituído pelo “x” ou pelo “ch”. 2) o “r” na maioria dos casos é dobrado.


GÍRIAS DE PAULISTÊS

As mina
Baiano
Bailarina
Balada
Bater uma chepa
Belo
Breque
Boleiro
Bombeta
Buzão
Dois pastel
Faz alguma coisa, vai!
Guarda belo
Guia
Mano
Marmitex
Marreteiro
Martaxa
Meu!
Não einteindo!
Não estou einteindeindo!
Ô loco!
Ô loco, meu!
Ô meu
Orra!
Orra, meu!
Os mano
Pé de breque
Peixe
Pinga
Pinguço
Pingueira
Porco
Porcada
Rato cinza
Sampa
Sampaulino
Semáforo
Tricotar
Trampo
Um chops
Um shorts
Vai
Viatura
Viúvas do Pelé
Xarope

Nota: regras básicas do paulistês: 1) o interiorano tem uma variante caipira, com ênfase no “r”, geralmente dobrado; o capitalino, carrega no som dos sufixos “ento” e “endo”, que se transformam em “iento” e “iendo”.