Jornal da Gíria
Jornal Mensal em idioma gírio – Edição 056 – Ano VIII – Niterói RJ –Novembro/Dezembro de 2008




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Gírias e o escambau
Colunista se diz ser um colecionador de gírias em desuso.

Escreveu Ivan Lessa, Colunista da BBC Brasil, em 22.09.2008
Semana passada, na Folha de São Paulo, li uma crônica sobre Carlito Maia. Fui amigo dele. Quem não foi amigo do Carlito Maia? Homem de publicidade, homem de bem, homem bonérrimo.

Carlito Maia, com seu chapéu de publicitário (para traduzir irresponsavelmente uma expressão popular inglesa), foi o responsável por acrescentar à nossa língua, mais acostumada a emagrecer do que engordar, expressões que pegaram. Desde "É uma brasa, mora", da época do Roberto Carlos, até o slogan "Lulalá" - ambas pegaram, a última ajudou a colocar o homem "lá".

Lembrei-me do Carlito Maia e me lembrei também de gírias que se foram. Gíria é passarinho que fica pouco tempo na gaiola; foge logo. Pena. Sou um colecionador de gírias em desuso.

A três por dois (qual será a origem da expressão?) vêm-me à mente doentia (ou, mais provavelmente, por total falta do que fazer) gírias das mais antigas, mais obsoletas. (Recuso-me terminantemente a usar o verbo "datar"ou o termo "datado". Quiuspa. Uma gíria gostosa feito o "homessa" passa e esse horror desse "datado" fica? Hem?)

Vivo dando braçada na net em busca de dicionário de gírias. Nossas, claro. Tem de lunfardo, tem do calão português, do francês, da malavita italiana, tudo. Nosso, que eu saiba, e acompanho com vivo interesse, só o Jornal da Gíria, publicado em Niterói ("Um jornal mensal dedicado ao idioma giário" é seu lema).

Temos ainda sítios (site é o cacete) sobre o caipirês e os bons Houaiss e Aurélio estão aí dando sopa (essa vai pegar). Muita coisa se pesca lá.

Sou vidrado, parado mesmo, também, na origem de expressões. Tem um livro lá em casa, do utilíssimo mosquito elétrico que foi o Raymundo Magalhães Jr. só sobre a origem de expressões, frases e provérbios. Reeditem-no, informatizem-no. Tá no ré?

Agora, outro dia mesmo, querendo saber a origem de "buchincho", o Houaiss me remeteu, assim como quem me manda à PQP, a "buchinche", que é, segundo ele, um regionalismo do sul do Brasil e que quer dizer baile "das classes menos favorecidas" (olha esse elitismo aí, "seu" Houaiss) ou ainda, e aí o volume informático dá uma colher de chá (outra expressão a conferir a origem) e informa tratar-se de "arrasta-pé".

Tudo somado, noves fora (sim, essa eu sei a origem; tá na cara), o negócio é que aqui o prestigioso (esse treco merecia aspas de tão antigão) Dicionário Oxford mandou agorinha mesmo, neste setembro, para as livrarias, o seu volume dedicada ao que os ingleses, coitados, em sua ignorância, chamam de slang.

Vale coisa nova. Vale modismo que a televisão introduz às pencas (locução de origem óbvia, ou que está na cara, uma vez que o "nossa amizade" aí saiba o que quer dizer "penca").

Coisas feito shagtastic, stud muffin e minging que, possivelmente, para o cidadão local, dispensam maiores explicações. Para o boneco aqui, ao menos, neca de dispensas. Procurei nos dicionários virtuais inglês-portugues e neris de petibiriba. Coisa boa não deve ser.

Manjo um pouco, por gostar de gibi, de certas onomatopéias. Phwoar, por exemplo, que não chega a ser bem uma ono-isso-aí-que eu-escrevi, é a exclamação a ser feita quando se vê um peixão passar. Por operários da construção civil principalmente.

Peixão é como nossos avós se referiam a uma mulher bem apanhada, bonita, gostosona, por aí. E soltavam um piropo (é galanteio, gente) feito "Foi isso aí que o médico me receitou três vezes por dia". E se ela estivesse ou não levando um cão pela coleira, "O cachorrinho tem telefone?".

Mas ao Phwoar. Corresponde, em brasileirês, àquele ruído obsceno que as gentes de baixa origem (certo, Houaiss?) fazem com a boca, bem alto, como se estivessem sugando algo, quando passa uma mulher para cem ou até duzentos talheres.

Os ingleses gostam muito da rhyming slang, a gíria rimada. Uma tolice tremendona na minha pouco modesta opinião. O novo Oxford da Gíria consigna, por exemplo, Britney, como gíria rimada para cerveja. Britney Spears, beers. Sacaram?

Esta é a segunda edição do Dicionário Oxford de Gírias, 16 anos depois de debutar nas livrarias locais. Seis mil verbetes, 350 novidades. Muitas delas vindas do outro lado do Atlântico, cortesia das séries de TV americanas, outras da Austrália, cortesia, ora! dos australianos.

Aguardo, pressuroso, a publicação do Dicionário Brasileiro de Gírias, empreitada financiada e elaborada por nossa Academia Brasileira de Letras, que, afinal, alguma coisa tem que fazer na vida.

Em tempo: alguém veio me explicar que eu estava por fora paca em matéria de minge e minging. É coisa antiga e quer dizer apenas malcheiroso, desagradável, e, também, muito bebum. Tãotá.

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Livro detalha mudanças do acordo ortográfico, já adotadas nesta reportagem
Publicou EDUARDO SIMÕES, na da Folha de S.Paulo, de 28,09.2008

As regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, e que entram em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Cuidado: segundo elas, você não poderá mais escrever que foi mordido por uma jibóia, e sim por uma jiboia.
Aquela sua boa idéia será má ideia, porque é assim, sem o danado do acento agudo, que você deve passar a escrever a palavra. Achou tudo uma feiura? Será que você vai aguentar tanta mudança?
A estreia de algumas normas nesta reportagem que você está lendo não passa de uma brincadeira, portanto, pode ficar tranquilo. Segundo o Ministério da Educação, haverá um prazo de transição até o fim de 2012, em que ambas grafias serão aceitas em todos os oito países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe.
Uma boa ideia, no entanto, é já recorrer ao recém-lançado "Escrevendo pela Nova Ortografia", guia esmiuçado das regras, parceria entre a Publifolha e o Instituto Houaiss. A publicação teve coordenação do professor José Carlos de Azeredo, doutor em letras pela Universidade Federal do Rio Janeiro. Para Azeredo, não se pode entender o acordo como uma proposta de simplificação, mas sim de unificação ortográfica.
"A simplificação pode ser decorrente, mas não é seu objetivo", diz o professor. "Para que fosse possível, foi necessário que o Brasil e Portugal abrissem mão de convicções. O Brasil abriu mão do circunflexo e agudos, em alguns casos, e sobretudo do trema. Portugal, por sua vez, abriu mão do 'p' de adoptar e do 'c' de direcção."
Histórico das reformas
Além da íntegra do acordo, o livro traz um histórico das reformas da ortografia portuguesa, desde as primeiras propostas de simplificação feitas pelo foneticista português Gonçalves Viana (1840-1914), em 1904, com o lançamento do livro "Ortografia Nacional".
"Em Portugal, os livros e revistas tinham uma ortografia influenciada pela etimologia das palavras, e ainda grafavam, por exemplo, 'philosophia' em vez de filosofia. Lá, isso foi mudado em 1911, e somente em 1931 a simplificação foi feita no Brasil", conta Azeredo.
O professor lembra que já em 1945 Portugal adotou mudanças que sequestraram, sem direito a pedido de resgate, o trema de seu vocabulário. Também àquela época caíram o acento agudo de europeia e o acento diferencial de "govêrno" (substantivo) e "governo" (verbo). O Brasil não adotou, então, aquelas novas regras.
"Somente em 1971 tivemos a supressão do acento diferencial. Acho que houve um certo discurso nacionalista em 1945 no Brasil, de modo que esferas políticas responsáveis pela decisão não quiseram ratificar", afirma Azeredo. "O interessante é que, agora, estamos adotando práticas de 1945."
Para Azeredo, as regras do novo acordo quanto ao uso dos acentos circunflexo e agudo, ou à eliminação do trema, são bem claras. Não será preciso nenhum esforço heroico para colocá-las em prática. Já o hífen, um enjoo para quem precisa seguir regras, continuará a ser o calcanhar de Aquiles -e não mais calcanhar-de-aquiles, a propósito- de qualquer um.
"O acordo diz que, nas palavras em que o falante perdeu a noção de composição, não se usa o hífen, como em paraquedas. É um ponto polêmico, porque a consciência não é clara ou objetiva', diz o professor. "O que é preciso é ter logo o vocabulário elaborado pela Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras.'
Resistência às alterações
Em Portugal, onde, segundo Azeredo, as mudanças resultam em cerca de 1,5% de alteração no vocabulário, contra 0,5% no Brasil, o acordo encontra resistência. No Brasil, alguns descreem que o país adote as normas em apenas quatro anos. Tampouco que entrem em vigor, de fato, em Portugal.
"Até hoje, passados 37 anos, a reforma de 1971 ainda não foi completamente absorvida. Alguns cardápios oferecem 'môlho'. E tem uma loja que grafa 'zelo' com acento circunflexo", diz o professor Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha. "Em Portugal, como o Brasil não cumpriu o acordo de 1945, acho que há resistência entre os meios de comunicação e o povo. Tirar o 'c' e o 'p' mudos? Eles se sentem violentados."

Novas Gírias de surfistas
Aloha - Cumprimento havaiano, palavra de carinho, saudação. Boas vindas.
Back side – Surfar de costas para a onda.
Big rider - Surfista de ondas grandes.
Front side – Surfar de frente para a onda.
Goof foot – Quem coloca o pé esquerdo atrás ao surfar.
Gunseira - Prancha para ondas grandes.
Madeirites – Como eram chamadas as primeiras pranchas fabricadas no Brasil, feitas de madeira compensada.
Marola - Onda pequena.
Maroleiro - Surfista de onda pequena.
Merrequeiro - Que só pega ondas pequenas, é uma nova versão do “maroleiro”.
Nose – É o bico da prancha de surf.
Onda buraco - Onda tubular, em que se surfa dentro dela.
Paneleiro - Quem não surfa bem.
Parafa - parafina.
Prego - Cara que não surfa bem.
Prancha hot dog - Para ondas pequenas.
Rabeta - É a parte de trás da prancha de surfe.
Rack – Suporte para carregar pranchas, seja no carro, na moto ou na bicicleta.
Regular foot – Quem coloca o pé direito atrás ao surfar.
Shaper – Aquele que molda e fabrica pranchas.
Tub rider – Surfista que só gosta de ondas tubulares.
Stand up - Nova modalidade do surfe, em que o surfista já chega em pé na prancha. Em vez de deitar nela e remar com os braços, usa um remo de fibra de carbono.
Vaca – Cair, tomar um tombo.

Aprenda a ser educado no trabalho

No lugar de:

Usar:

Nem fudendo!

Não tenho certeza se vai ser possível.

Tô cagando e andando!

Não vejo razão para preocupaões.

Mas que porra eu tenho a ver com esta merda?

Inicialmente, eu não estava envolvido nesse projeto.

Caralho!

Interessante, hein?

Foda-se , não vai dar nem a pau!

Há razões de ordem técnica que impossibilitam a concretizaão da tarefa.

Puta merda, viado nenhum me fala nada!

Precisamos melhorar a comunicaão interna.

E na bundinha, não vai nada?

Talvez , eu possa trabalhar até mais tarde.

Aquele cara um bunda-mole mesmo!

Ele não est familiarizado com a situaão.

Vai pra puta que o pariu, seu viado do caralho !

Desculpe, senhor.

Bando de filho da puta!

Eles não ficaram satisfeitos com o resultado do trabalho.

Foda-se , se vira!

Infelizmente não posso ajudar.

Puta trabalhinho de corno!

Adoro desafios

Ah, deu pro chefe?

Finalmente reconheceram sua competência

Enfia essa merda no cu!

Está muito bom, mas , por favor, refaça esta parte do trabalho.

Ah, se eu pego o filho da puta que fez isso!

Precisamos reforçar nosso programa de treinamento.

Esta merda t indo pro buraco!

Nossos índices de produtividade estão apresentando uma queda sensível.

Agora fudeu de vez!

Esse projeto não vai gerar o retorno previsto.

Eu sabia que ia dar merda!

Desculpe, eu teria avisado, se tivesse sido previamente consultado.

Cacete, vai sair cagada de novo!

Apesar do imenso esforço, teremos outra não conformidade .

LÍNGUA MINEIRA---Ê TREMBÃO SÔ MUITO BOM!!!!!!!!!!!!!!!

Recebi de um leitor sob o titulo acima a matéria com o título abaixo:

O SOTAQUE DAS MINEIRAS

Felipe Peixoto Braga Neto (*)

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Afinal,se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo das moças de Minas ficou de fora?
Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: 'ouvi-la faz mal à saúde'. Se uma mineira, falando
mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: 'só isso?'. Assino, achando que ela me faz um favor.
Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.
Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas.. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho. Não dizem: pode parar, dizem: 'pó parar' Não dizem: onde eu estou?, dizem: 'onde queu tô.'
Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - ingüisticamente falando - apenas Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der
no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço.. Faz sentido...
Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem. Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: 'cê tá boa?' Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário. ...
Há outras. Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada. Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer: - Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc) O verbo 'mexer', para os mineiros, tem os mais amplos
significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.
Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: '- Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.'
Esse 'aqui' é outra delícia que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É
mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer 'olá, me escutem, por favor'. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.
Mineiras não dizem 'apaixonado por'. Dizem, sabe-se lá por que,'apaixonado com'. Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: 'Ah, eu apaixonei com ele...'.
Ou: 'sou doida com ele' (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).
Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.
Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: - 'Eu preciso de ir.'
Onde os mineiros arrumaram esse 'de', aí no meio, é uma boa pergunta..
Só não me perguntem!
Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório.
No supermercado, o mineiro não faz muitas compras, ele compra um tanto de coisa. O supermercado não estará lotado, ele terá um tanto de gente. Se a fila do caixa não anda, é porque está agarrando lá na frente.
Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!
Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena,suspirará :'- Ai, gente, que dó.'
É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras...
Não vem caçar confusão pro meu lado! Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro 'caça confusão'. Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele 'vive caçando confusão'.
Ah, e tem o 'Capaz...' Se você propõe algo a uma mineira, ela diz: 'capaz' !!! Vocês já ouviram esse 'capaz'?
É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer 'ce acha que eu faço isso'!? com algumas toneladas de ironia.. Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: 'ô dó dôcê'. Entendeu? Não? Deixa para lá.
É parecido com o 'nem..'.Já ouviu o 'nem...'?
Completo ele fica: '- Ah, nem....' O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum. Você diz: 'Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?'.
Resposta: 'nem...' Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?
Preciso confessar algo: minha inclinaão é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.
Se você, em conversa, falar: 'Ah, fui lá comprar umas coisas...'... -
Que' s coisa? - ela retrucará. O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o 'que'!
Ouvi de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'. E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará :
- Ele pôs a culpa 'ni mim'.
A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me consolou: 'preocupa não, bobo!'.. E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugaç ões mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: 'não se preocupe', ou algo assim.Fórmula mineira é sintética. e diz tudo.
Até o tchau, em Minas, é personalizado. Ninguém diz tchau, pura e simplesmente. Aqui se diz: 'tchau pro cê', 'tchau pro cês'.
É útil deixar claro o destinatário do tchau...
_
(*) Felipe Peixoto Braga Netto (1973) afirma que não é jornalista, não é publicitário, nunca publicou crônicas ou contos - não é, enfim, literariamente falando, muita coisa, segundo suas próprias palavras. Paulistano, mora em Belo Horizonte e ama Minas Gerais. Ele diz que nunca publicou nada, mas a crônica que abaixo foi extraída do livro 'As coisas simpáticas da vida', Landy Editora, São Paulo (SP) - 2005, pág. 82.

A palavra mais rica da língua portuguesa: M E R D A

A palavra mais rica da língua portuguesa é a palavra MERDA. Esta versátil palavra pode mesmo ser considerada um coringa da língua portuguesa.

*Vejam os exemplos a seguir:

1) Como indicação geográfica 1: Onde fica essa MERDA?

2) Como indicação geográfica 2: Vá a MERDA!

3) Como indicação geográfica 3:17:00h - vou embora dessa MERDA.

4) Como substantivo qualificativo: Você é um MERDA!

5) Como auxiliar quantitativo: Trabalho pra caramba e não ganho MERDA nenhuma!

6) Como indicador de especialização profissional: Ele só faz MERDA.

7) Como indicativo de MBA: Ele faz muita MERDA.

8) Como sinônimo de covarde: Seu MERDA!

9) Como questionamento dirigido:Fez MERDA, né?

10) Como indicador visual: Não se enxerga MERDA nenhuma!

11) Como elemento de indicação do caminho a ser percorrido: Por que você não vai a MERDA?

12) Como especulação de conhecimento e surpresa: Que MERDA é essa?

13) Como constatação da situação financeira de um indivíduo:Ele está na MERDA...

14) Como indicador de ressentimento natalino:Não ganhei MERDA nenhuma de presente!

15) Como indicador de admiração:Puta MERDA!

16) Como indicador de rejeição:Puta MERDA!

17) Como indicador de espécie: O que esse MERDA pensa que é?

18) Como indicador de continuidade: Tô na mesma MERDA de sempre.

19) Como indicador de desordem: Tá tudo uma MERDA!

20) Como constatação científica dos resultados da alquimia:Tudo o que ele toca vira MERDA!

21) Como resultado aplicativo: Deu MERDA.

22) Como indicador de performance esportiva:O Corinthians, o Flamengo, o Vasco da Gama e o Atlético Mineiro não estão jogando MERDA nenhuma!!!

23) Como constatação negativa: Que MERDA!

24) Como classificação literária: Êita textinho de MERDA!!!

25) Como qualificação de governo: governo Fernando Henrique só fez MERDA!

26) Como situação de 'orgulho/metidez' :Ela se acha o tal e não possui 'MERDA NENHUMA!'

27) Como indicativo de pensamento equivocado: *Você acha mesmo que eu iria escrever essa MERDA???!!!

27) Como indicativo de ocupação:Para você ter lido até aqui, é sinal que não está fazendo MERDA nenhuma!

NE: recebi de um leitor.

Ditados do século 21

A pressa é inimiga da conexão.
Amigos, amigos, senhas à parte.
Antes só que em chats aborrecidos.
A arquivo dado não se olha o formato.

Diga-me que chat frequentas e te direi quem és.
Para um bom provedor uma senha basta.
Não adianta chorar sobre o arquivo deletado.
Em briga de namorados virtuais não se mete o mouse.

Em terra off-line, quem tem um 486 é rei.
Hacker que ladra, não morde.
Mais vale um arquivo no HD do que dois baixando.
Mouse sujo se limpa em casa.

Melhor prevenir do que formatar.
O barato sai caro. E lento.
Quando a esmola é demais, o santo desconfia que tem vírus anexado.

Quando um não quer, dois não teclam.
Quem ama um 486, CoreDuo4 lhe parece.
Quem clica seus males multiplica.
Quem com vírus infecta, com vírus será infectado.

Quem envia o que quer, recebe o que não quer.
Quem não tem banda larga, caça com modem.
Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla.
Quem semeia e-mails, colhe spams.

Quem tem dedo vai a Roma.com
Um é pouco, dois é bom, três é chat ou lista virtual.
Vão-se os arquivos, ficam os back-ups.

Você sabe o que é tautologia?

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetião de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:


- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exacta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .
Note que todas essas repetições são dispensáveis.
Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.
Verifique se não está caindo nesta armadilha.



Cena política de Brasília exala um cheiro de m...



Maluquice momentosa. Matriz mal-ajeitada. Mal-amada. Mulher-objeto. Manceba modelada, marota. Machão maduro, malcasado, meia-idade. Mané-modelo. Miolo mole. Maçanetas mal-viradas. Malícia. Maviosidade. Magnetismo. Mel. Maciez. Mais. Muito mais. Matrimônio mambembe. Mancada. Malogro. Martírio. Mortificação. Malmequer, malmequer. Mexericos.

Maquinações malfeitas. Megalomania. Mufunfa malcheirosa. Mãos molhadas. Mordidas milionárias. Mesadas, mordomias, malas, maletas. Maços. Marreteiros. Malversação. Malabarismo. Malandragem. Mal-entendido. Murici. Maceió. Muares malhados. Manada mágica. Milagre. Matemática maluca. Maquiagem malsã. Mugido maroto. Muuuuuuuuuuuu...

Moral maculada. Mandato manchado. Musgoso. Mal-de-lázaro. Maioral-mor marcado. Manda-chuva malsinado. Manga-larga mancador. Mala-sem-alça. Mídia maledicente. Manchetes maldosas. Mal-estar. Manobras malévolas. Mais-que-(im)perfeitas. Manjadas. Macetadas. Mentiras mil. Murmúrios. Marolas. Madrugadas mal-dormidas.

Movimentação marota. Muvuca. Mapeamento minucioso. Malha macramé. Muita mandinga, manha, mandracarias, mumunhas. Mansidão. Maceração. Mutirão. Milícia militante. Maloqueiros. Malfeitores. Malandrões. Maganões. Matilha mal-intencionada. Mutatis mutandis, mutantes.

Muita munição. Mandamento: matarás. Macacas-de-auditório. Marionetes. Marcação. Metros, milímetros. Minutos, milissegundos. Morde-e-assopra. Mau-caratismo. Monstruosidades. Mandíbulas. Mandril. Maçarico. Machadinha. Marreta. Milho-alpiste. Milk-shake. Marshmallow. Maná. Morosidade. Mutismos. Maneirismos. Máscaras. Magistrados manejáveis. Mutilação.

Maldição. Mausoléu. Múmias. Mafuá. Manicômio. Maloca maluca. Mãe-joana. Mangue. Maioria mandona. Minoria maleável. Marte. Macrocosmo mal-assombrado. Mal-ajeitado. Macabro. Mafioso. Maçante. Melancólico. Maçaroca mal-assada. Maionese. Malagueta. Mingau. Marmelada. Mozzarèlla. Má-fé. Maçaranduba maciça. Moralidade minúscula.

Multidão muda. Malta manobrada. Massa mal-humorada, mas míope. Mauricinhos microcéfalos. Matula malformada, mal-governada. Marmotas. Matutos. Mulatos. Mulatas. Manemolência máxima. Mão-de-obra macilenta. Marmiteiros. Madalenas. Marias-moles. Marquise? Moradia. Mudança? Mal-e-mal. Muxoxo. Mousse marrom. Meio-mole, meio-dura. Muitíssimo malcheirosa. M.........
Escrito por Josias de Souza às 23h14 de 01.07.2007

Bandidos presos continuam mandando
Escutas mostram traficantes citando suposto acerto com policiais

Publicou Leslie Leitão, em O DIA.RJ:

Rio - Longe da Baixada Fluminense, onde 59 policiais do 15º BPM (Duque de Caxias) foram presos sob acusaão de envolvimento com traficantes, o cenário de corrupão pode ser semelhante. Gravaões telefônicas feitas pela Polícia Civil, com autorizaão da Justiça, mostram que no principal reduto do tráfico no Centro do Rio, o Morro da Providência, policiais militares teriam feito uma incursão apenas para causar boa impressão ao novo comandante daquela área. Mas tudo não passaria de uma farsa, já que os bandidos teriam sido alertados sobre a 'operaão fictícia'.

A conversa consta no inquérito de um trabalho de mais de um ano de monitoramento da quadrilha comandada por Leonardo e Evanílson Marques da Silva, os irmãos Sapinho e Dão, que, mesmo presos, continuam dando as cartas por telefone, de dentro de Bangu.

Os principais interlocutores são Pedro Paulo da Silva Afonso, o Juca Tigre, preso pela Polinter em julho, e Fábio Passos de Oliveira, o Bafinho, seu substituto na gerência dentro da comunidade. No diálogo, gravado no início do ano, Juca avisa a um de seus soldados: "E aí, parceiro, dá um toque nas bocas aí, que os 'canas' vão dar um rolé (...)". Depois, completa: "Se chegar um Gol bolinha com uns caras, 'é' os caras do acerto mesmo. Sendo que eles tão com o comandante deles, então eles têm que fazer uma cena aí, valeu?!".

'TÁ TUDO ARREGADO'

Com a ida de Sapinho para o Presídio de Catanduvas, no Paraná, foi Dão quem passou a fazer os contatos diários com o morro. O chefe quer saber de Juca Tigre como está o movimento das bocas-de-fumo. E o gerente explica que a situaão melhorou, segundo ele, devido a algumas mudanças e à saída de alguns PMs que insistiam em combater o tráfico.

"Agora o bagulho tá voltando ao normal, porque os caras vão sair daqui, tá ligado? Já tiraram os caras que zoam. Agora tá tudo 'arregado'. Tá a maior tranqüilidade de novo na favela", diz.

Segundo a investigaão, policiais do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) e do 5º BPM (Praça da Harmonia) teriam o costume de avisar sobre operaões do Batalhão de Operaões Especiais (Bope). Uma conversa mostra Juca Tigre dizendo a Bafinho para repassar a ordem de não atirar contra policiais do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO). "Dá um papo lá no Buraco para os moleques 'recuar' e não dar tiro não, porque os caras do DPO é que vão descer. Vão só dar um rolé. Vai chegar uns Bope pra ver como é que está e depois eles vão embora", determina o então gerente da Providência.

'MANDA AVISAR AÍ QUE 'VAI' DESCER UNS VERMES'

Conversas gravadas pela Polícia Civil indicariam a relaão de PMs do Gpae e do 5º BPM com traficantes da Providência. Além de uma incursão para 'fazer cena', bandido avisa para não atacar os homens do DPO, que fariam parte do esquema.

Uma incursão é encenada para o novo comandante:
Bandido: E aí, prostituto?
Juca Tigre: E aí, parceiro, dá um toque nas bocas aí, que os 'canas' vão dar um rolé. Eles encheram um carro agora de repente. Eles vão dar um rolé desse lado daí, valeu?!

Bandido: Já é. Vou mandar esse toque ali na Pedra e lá no Buraco.
Juca Tigre: Se chegar um Gol bolinha com uns caras, 'é' os caras do acerto mesmo. Sendo que eles 'tão' com o comandante deles, então eles têm que fazer uma cena aí, valeu?!

Bandido: Tranqüilo. É nós.

Dão recebe notícias de que está tudo acertado:
Dão: E aí, como é que tá aí?
Juca Tigre: Tranqüilo. Agora o bagulho aqui tá voltando ao normal, porque os caras vão sair daqui, tá ligado? Já tiraram os caras que zoam, agora tá tudo 'arregado'. Tá a maior tranqüilidade de novo na favela.

Dão: Graças a Deus vai ficar tudo tranqüilo mesmo.

Juca Tigre avisa a Bafinho de uma possível incursão do Bope e fala para não atacar PMs do DPO:
Juca Tigre: Manda avisar aí no Buraco que vai descer uns 'vermes' (policiais) daí de cima. Fica na atividade por baixo que eu acho que vai brotar (aparecer) uns Bope aí.
Bafinho: Bope aonde?

Juca Tigre: Vai vir dar um rolé, por causa desse bagulho do baile aí. Eu vou saber dessa parada legal.
Bafinho: Vê essa parada aí.

Juca Tigre: Mas dá um papo lá no Buraco logo agora para os moleques 'recuar' e não dar tiro não, porque os caras do DPO é que vão descer. Vão só dar um rolé. E vai chegar uns Bope pra ver como é que está e depois eles vão embora.